Another puzzle piece (L.S) /hiatus*

II - You Can't Fight Fate

O jovem de cabelos castanhos jurava com sua própria vida que aquela forma era, sem sombra dúvidas, a forma de um animal qualquer. Atirou sem pensar duas vezes, e pôde ouvir o grito ecoar pelos galhos, fazendo os pássaros que tentavam se manter aquecidos em seus ninhos voarem assustados.

Assustados assim como Louis.

Ele não tinha a intenção de ferir, ou muito menos, matar uma pessoa. Louis apenas queria ter a porra de uma refeição em paz, se é que isso existisse na vida do garoto. Ele prendeu a respiração de imediato sem saber ao certo o que fazer. Era como se nada mais fosse real, e fosse um daqueles pesadelos que tem após ingerir uma grande quantia de pó. Ele realmente desejava estar chapado. Mas não, Louis estava em sua plena sanidade e havia atirado em um homem que caminhava pela floresta. Aliás, o que diabos fazia aquele homem caminhando por uma floresta que todos dizem ser tão perigosa? Ele não estava ciente do risco que corria, ele não poderia estar.

Ainda sem mover um fio de cabelo, Louis observava como os pássaros se debatiam e voam para a direção contrária a do homem que continuava a berrar de dor, como se estivessem prestes a morrer e decidiu que a melhor coisa que conseguia, e deveria fazer era correr. Foi exatamente o que o pequeno fez, segurou seu rifle com sua destra e correu o mais rápido que suas pernas — não tão longas — aguentavam. Correu tão rápido que passava a milímetros de trombar em alguma arvore a sua frente. São em momentos como este que você percebe do que realmente é capaz.

Louis havia deixado a porta frontal de sua casa aberta e um empurrão fora suficiente para que a porta se abrisse por completo. Com a mesma mão Louis a fechou, passando o trinco pela fechadura de metal e apagando a luz pelo interruptor ao lado. Ele deu leves passos para trás, ainda sem tirar os olhos da porta. E se aquele homem viesse tirar satisfações? Ele teria de mata-lo, e isso estava fora de cogitação. Ou era o que Louis pensava até então.

O garoto caminhou até o sofá, jogando seu corpo contra o mesmo. Sentia seu corpo ser acolhido pelo móvel de estofado verde musgo e tecido macio como feltro, e deixou um breve gemido escapar de seus lábios. Um gemido de dor. Seu pescoço repuxava, e seus ombros pareciam ter o peso do mundo sobre eles. Faziam anos desde a ultima vez que sentiu-se tenso desse jeito, e ele sempre resolvia isso fazendo uma visita ao seu velho e grande amigo, o senhor que vendia as drogas no beco da cidade. Ele não se importava quanto ao nome, nunca soube e isso também não lhe fazia diferença alguma, aliás preferia continuar no anonimato e deixar as coisas como estão. Louis considerava sua solidão algo a ser estimado.

Cinco minutos haviam se passado, e Louis pensava nas poucas e miseras opções que tinha, ele mordia a parte interna de sua bochecha enquanto olhava ao redor esperando que qualquer coisa lhe guiasse a fazer o que fosse certo. Ele olhou para seu gato Kevin, que lhe deu um miado em troca, mas não foi o suficiente. Ele precisava de uma luz. Foi quando seguiu a figura de pelos cinzas com os olhos até que o mesmo enfiou se debaixo da cama, brincando com a alça de uma mala marrom de couro.

Era exatamente o que Louis precisava. O garoto deu um pulo do sofá, ainda sentindo todos os nervos de seu pescoço repuxarem quando mexia a cabeça e foi para o quarto onde seu gatinho continuava a brincar inocente com o fio de couro que saia ligeiramente de baixo da cama. Louis agachou, apoiando sua canhota na beirada da cama inclinando seu tronco para poder pegar a mala. Ele bateu com as mãos, fazendo uma nuvem de poeira se formar em seu rosto, aquilo deveria estar ali embaixo por muito tempo. Ele então colocou a mala aberta sobre sua cama, e correu para sala, tirando todas suas armas dos suportes da parede de madeira e trazendo todas em seus braços sem muito cuidado, não era exatamente o momento em que Louis queria ter cuidado com suas armas. Ele não tinha tempo para isso.