No auge de seus 20 e poucos anos, Louis já havia gasto pelo menos uns dez dos anos que ainda estariam por vir. Ele encarava as notas de libras em suas mãos pequenas enquanto um senhor sentado ao chão, tirava um pacotinho de papel pardo de um dos seus bolsos. A rua escura era o lugar perfeito para o tráfico que acontecia no beco próximo a entrada da floresta. Todos já estavam dentro de suas casas com suas famílias após um longo dia de trabalho, e Louis preferia estar comprando o pó que lhe mantinha lucido o suficiente para viver a vida que tinha.— Faça um bom proveito, criança — o homem disse
O garoto sorriu trêmulo, estendendo as mãos para fazer a troca das libras pela grama da cocaína que fora buscar. Seus ossos trepidavam de vontade de despejar aquele pó ali mesmo, mas tinha que esperar até chegar em casa desde que nem sempre todos os efeitos colaterais eram o esperado. Como uma das vezes que sonhou ter um corpo de um garoto de quase sua idade esquartejado ao seu lado, ambos estavam dentro de um carro que tinha acabado de capotar. Ele nunca iria se esquecer do desespero de ver aquele rapaz em pedaços - literalmente – e não poder fazer nada.
Em passos largos e ambas as mãos dentro dos bolsos da calça preta, o garoto seguia pela trilha que o permitia chegar ao centro da floresta onde morava. O vento chicoteava contra seu rosto e ele abaixava o mesmo para impedir que seus olhos azuis ficassem irritados. Os assobios e pios incansáveis das corujas só aumentavam conforme a noite ia caindo no horizonte. Ele tinha se acostumado a travessar aquele caminho todas as noites, e conhecia aquela floresta como a palma de sua mão; desde distinguir qual caminho seguir só pelo líquen manchando os troncos altos à até mesmo saber a hora pela posição do sol... Isso quando o céu não estava encoberto pelas nuvens. Não tinha muito para se conhecer por ali, apesar de ser uma área extensa o caminho era sempre o mesmo e ele tentava se limitar até um certo ponto. Como os pais dizem para seus filhos pequenos para que não vá muito longe ou o simples, mas eficaz bicho papão irá pegá-los se eles se enfiarem na escuridão da floresta.
A única diferença era que, Louis não tinha um pai cauteloso que lhe alertava sobre os perigos da floresta toda vez que saia de seu campo de visão, ou uma mãe preocupada que lhe perguntava se não tinha se esquecido de seu suéter ou do guarda-chuva, pois ela sentia que aquela dor no joelho era sinal de uma chuva vindo. Mas ele imaginava como seria ter alguém que se importasse, alguém que mesmo que você não tenha feito o dever de casa, sempre ia te abraçar e te deixar um beijo quente nas bochechas e dizer hoje a louça do jantar é por sua conta, por que pais nem sempre deviam passar a mão na cabeça dos filhos, mas ele não sabia como era ter isso e gostava de continuar imaginando.
A frente de alguns troncos, estava a casa de madeira. O telhado coberto por neve, ou por alguns resquício da mesma, a luz amarelada saindo das janela que convidava qualquer um a se encolher e ler um livro ali tomando uma boa xícara de chocolate quente. Mas isso era o que pensava as pessoas que tinham prazer pela vida, e gostavam de apreciá-la como quem aprecia um bom vinho.
Ele caminhou mais um pouco pela grama que começava a se tornar densa, já que havia tornado a nevar novamente, até que chegou na varanda de sua casa. Ele se apressou ao abrir a porta no mesmo minuto em que pôs os pés ali. Suas mãos e bochechas doíam de frio, e sua casa por mais simples que fosse, estava quente o suficiente para que ele não morresse congelado.
— Mas que merda! — exclamou o garoto assim que entrou em sua casa se deparando com a espingarda sobre o suporte na parede branca. Havia se esquecido de que tinha uma encomenda para essa tarde, mas deu de ombros aceitando a ideia de ficar em casa e poder usufruir da compra que fizera mais cedo, afinal seu corpo clamava por aquilo e ele não era assim tão forte para resistir.
Louis tirou seus sapatos e os arremessou em qualquer canto da casa, o fazendo desaparecer em meio à bagunça. Com um dos braços, empurrou tudo o que atrapalharia de cima da mesa de uma só vez, jogando seus pertences no chão.
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Another puzzle piece (L.S) /hiatus*
FanficE se você realmente precisa dele, o destino não irá te fazer perde-lo. O destino o trará de volta. Mais cedo ou mais tarde, ele irá voltar. Era o que Harry desejava todos os dias após o acidente que lhe separou para sempre do amor de sua vida. Ob...