Capítulo 7

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 Senti-me mal por ter saído da casa do Luís sem o avisar, mas quando acordei pela manha ele ainda dormia, por isso arrumei o seu quarto, deixando tudo como estava, peguei num dos seus casacos pretos para esconder a minha camisola manchada de sangue, e sai do seu apartamento de forma silenciosa para não o acordar. Já estava na estrada a cerca de duas horas, estava a duas ruas da minha casa, e desde que parti que não consigo parar de pensar no Luís. Apesar de não lhe querer mostrar, estou eternamente grata por me ter salvo a vida, e por ter arriscado tudo por mim, mas ao mesmo tempo eu não consigo compreender o porque. Andamos na mesma escola até ao último ano. Os pais deles decidiram que era melhor para ele afastar-se das más amizades, pelo menos era o que ouvi dizer, para além disso, fomos da mesma turma durante os três últimos anos, mas não tínhamos qualquer relação de amizade. O Filipe odiava o Luís porque, segundo ele dizia, o Luís passava demasiado tempo a olhar para as raparigas, e eu era uma delas. Lembro-me também de o ver envolvido em lutas e ser chamado ao diretor por mandar um rapaz para o Hospital. Mas chega de falar no Luís, eu tenho de me concentrar no Filipe e em como vou livrar-me do Afonso. Ao virar a rua dei de caras com dois carros a porta da minha casa, não os conhecia, mas as minhas suspeitas apontavam para os homens do Afonso. Aproximei-me cuidadosamente por trás do arbustos que rodeiam a minha casa, vê três homens próximos da porta de entrada, todos eles armados e com cigarros nas mãos. Aproximei-me um pouco mais, e tentei ouvir as suas conversas.

-Porque raio o Afonso nos mandou aos três? Por causa duma Miúda?

-Não é uma miúda qualquer, foi ela que disparou no chefe, e no Jorge ontem a noite.

-E andam atrás dela porque? Não era o namorado dela que tinha contas por pagar?

-Ela vai servir como isco, se ela estiver presa ele vai ter de aparecer para a tentar soltar, temos de a apanhar. O meu coração estava a manter a mil, mas pelo menos não tinham apanhado o Filipe. Eu não podia ficar aqui, tinha de levar as minhas coisas e ficar longe da minha casa, e talvez mesmo da escola. Corri ate as traseiras da casa e comecei a subir pelas caleiras, queria tirar algumas coisas do meu quarto e partir para alguma lado, longe daqui, onde pudesse estar em segurança. Os meus pés subiam agilmente, e as caleiras não paravam de ranger, até que debaixo de um dos meus pés a caleira cedeu e fiquei suspensa no ar, agarrada apenas por uma das minhas mãos na pedra da janela.

-O que foi este barulho, ? - Ouço-os correr na minha direção, é o fim.

Ft6L

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