O passado de Jheny

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      Pela manhã, Jheny foi a primeira a acordar. Spark dormia no sofá e foi acordado pelo cheirinho gostoso do café dela.
-Nossa, quanto tempo não acordo com esse cheiro.
      Ela sorriu e levou uma xícara para ele.
-Obrigada!
-Trabalhou a noite toda? -Ela perguntou.
-É, queria ver o que achava. E achei bastante coisa, graças a você.
-A mim nada, somos uma equipe Spark, esqueceu?
      Spark riu e concordou. E Jheny disse:
-Vou dar uma volta naquele lago aqui perto tá?
-Tá bom, mas tome cuidado menina.
      Ela sorriu, aquele sorriso sincero que só ela sabia dar.
      Jheny estava sentada em uma pedra com os pés na água e lembrou de um pequeno lago que ia com seus pais quando era pequena. Chorando ela disse:
-Não foi justo, não foi justo vocês terem ido embora tão cedo.
      Jheny deu um mergulho e logo depois foi embora. Chegou em casa toda molhada e o resto da equipe já estava acordada.
-Foi dar um mergulho? Indagou Max.
-É, fui relaxar um pouco.
      Ela subiu para trocar de roupa e quando desceu eles estavam prontos para conversar a respeito de tudo que Spark tinha encontrado.
-Encontrei muitas informações naqueles arquivos. O mais importante é que alguns desses bandidos estarão no porto. E logicamente nós também estaremos. -Disse Spark.
      À noite todos já tinha ido dormir, exceto Max, que estava mexendo em sua moto. Jheny acordou e era duas hora da manhã, não viu Max deitado, olhou pela janela e o viu lá embaixo. Ela desceu e foi até ele.
-Insônia?  -Ela perguntou.
-Um pouco, e você o que tá fazendo acordada?
-Perdi o sono.
-Pesadelo?
-Não, um sonho. Um sonho muito bom com minha mãe.
-Sente muita falta dos seus pais né?
-Você não sabe o quanto. E seus pais?
-Não conheci meu pai, minha mãe morreu quando eu era pequeno, teve câncer. E eu, eu cresci num orfanato.
-Sinto muito.
-Tudo bem, já faz muito tempo.
-Você tem namorada, Max?
-Não! -Ele disse rindo.
-Por quê riu?
-Não quero compromisso.
-Não pensa em ter uma família? Casar, ter filhos?
-A vida que levo é muito perigosa, não quero ter alguém q possam usar contra mim. E eu já tenho uma família, é a equipe.
-Entendo sua maneira de pensar,  mas não concordo. Não dá pra vivermos com medo do que pode acontecer.
-Você é bem madura para sua idade. -Ele disse.
      Jheny riu e continuou:
-Não sou criança Max, e nem você é tão mais velho que eu. Já sou uma mulher, e só vocês que não vêem isso.
      Ele riu. Jheny então deu um beijo no rosto dele e foi dormir.  Max ficou ali, parado e pensativo.
      No dia seguinte, Jheny demorou a se levantar e Spark foi ver o que havia acontecido.
-Tá tudo bem? Já é tarde, porque ainda não se levantou?
-Tô com um pouco de febre. Hoje tá fazendo dois anos que meus pais morreram.
-Deve ser febre emocional. Fique aí, vou preparar um chá para você.
-Obrigada Spark, mas não precisa, daqui a pouco passa.
-Tem certeza?
-Tenho sim.
      Quando Spark desceu, Max perguntou:
-E ela?
-Tá com febre, hoje faz dois anos que os pais morreram.
-Ih, que barra! -Disse Cliver.
-Vou lá falar com ela. -Falou Max.
      Quando chegou lá, Jheny estava olhando as fotos dos pais.
-Atrapalho? -Perguntou ele.
-Não, nunca.
-O Spark me contou. Como você tá? Quer conversar?
-Minha mãe se chamava Jenna e meu pai Brad, eram as pessoas mais corretas que eu conhecia. Eles amavam a profissão. Queriam ajudar a todos, a alegria morava dentro deles. No dia em que foram assassinados, eu tinha dormido na casa de uma colega, pois tinha tido uma festa e tava tarde para voltar pra casa. No dia seguinte logo cedo, o FBI bateu na casa da Caroline, essa minha colega, e ali eu soube que algo estava errado. Quando eles me contaram, foi como se a terra tivesse rachado embaixo dos meus pés. Eu não queria acreditar, não podia. Sabe, no dia anterior eu passei a tarde toda com eles, tínhamos nos divertido tanto, e eu mal sabia que seria a nossa despedida. - Jheny chorava muito enquanto falava, e continuou:
-Quando o FBI chegou, meu pai já tinha morrido, mas minha mãe não, ela tava lá, no chão, agonizando de dor, pois eles tinham sido tortutados. E eles me disseram que as últimas palavras dela foram: "Diz para Jheny não perder o que ela tem de mais bonito, seu sorriso, seu amor e sua fé na humanidade." E eu te digo Max, o ódio que eu senti por aqueles caras que mataram meus pais, quase me fizeram perder tudo isso, tudo o que minha mãe mais admirava em mim, mas eu não deixei isso acontecer, ficou tudo escondido, mas estava aqui.
E eu sei que um dia nós iremos nos reencontrar.
      Max a abraçou forte, e naquele instante Jheny se sentiu tão protegida, que poderia começar a terceira guerra mundial que ela nem se daria conta.
-Você sabe que sempre poderá contar comigo né Jheny? Com todos nós, a equipe toda.
-Eu sei, vocês são maravilhosos!
      Max fez um carinho no rosto dela, e em seguida, a beijou.
-Desculpa! Não sei o que me deu.- Disse ele sem graça.
-Tá tudo bem. Eu quis esse beijo tanto ou mais que você, Max.
-Não é certo, não vai mais acontecer.
-Não é certo por quê ? Sou solteira e você também.
-Você põe sentimentos, eu não.
-Então por quê me beijou? Não sente nada por mim?
-Sinto carinho, admiração.
-Carinho? Admiração? Me beijou por pena?
-Não foi isso que eu disse.
-Não claramente, mas foi isso que quis dizer. Não preciso e nem quero a pena de ninguém. Me deixa sozinha. -Jheny disse arrasada.
-Jheny... -Max disse tentando argumentar.
-Por favor, Max!
      Max saiu e o pessoal ainda estava lá na sala.
-Tá tudo bem cara? -Perguntou Cliver.
-Não, acho que não. -Max respondeu.
-Nós ouvimos um pouco daqui. Na verdade, eu já tinha percebido uns olhares dela para o seu lado, desde quando ela chegou.
-É, eu também. Só não queria ter magoado ela. -Respondeu Max de cabeça baixa.

Equipe 007Onde histórias criam vida. Descubra agora