Como Anjos

8. Belos olhos

                             Angel

- EU NÃO SEI ONDE ESTÁ.

- EU NÃO SEI ONDE ESTÁ

- EU NÃO SEI ONDE ESTÁ

- EUU NÃÃO SEEI ONDEE ESTÁ!!!

Abri os olhos rapidamente e me sentei na cama, ainda ofegante.

Calma Angel, foi só um sonho. Só um sonho. Ou melhor, pesadelo.

Senti algo vibrar perto das minhas coxas.

Não, não é um vibrador. E sim meu celular.

Número desconhecido?

- "Alô?" – disse ainda com a voz meio sonolenta.

- "Angel Hastings?"

- "Eu mesma"

- "A senhorita nos ligou a pouco mais de duas semanas interessada na vaga para voluntaria, aqui no abrigo Needy Child".

- "Ah, me desculpe eu havia me esquecido".

- "Nossa atual foi trabalhar em outro estado, em se ainda se interessar, pode pegar a vaga dela".

Não pude esconder minha felicidade. Levantei rapidamente da cama e comecei a fazer diversas perguntas para a mulher.

- "Eu...ahm...claro que sim, quando começo? Precisa levar quais documentos? Como é aí..."

- "Calma senhorita, poderia vir aqui amanhã em torno das duas?"

- "Claro".

A mulher me deu o endereço de lá e alguns pontos de referência.

Resolvi não ir na aula hoje, mas amanhã eu iria.

Tomei um banho e fiz minhas higienes matinais. A casa estava um silêncio, o que me fez estranhar. Geralmente Annelise acorda cedo pra assistir canal infantil.

Desci as escadas e fui até a cozinha, mamãe estava sentada na mesa balançando sua xícara de café lentamente, enquanto lia alguns papeis.

- Bom dia. – Disse beijando sua bochecha.

- Bom dia filha.

- Tenho novidades. – Disse sorridente. – Amanhã vou visitar um abrido de crianças que foram abandonadas e se Deus quiser, a vaga será minha.

- Nossa filha, parabéns, seu pai ficaria muito orgulhoso.

- Eu sei. E a senhora? O que faz?

- Estou vendo algumas casas boas para vendas, essa aqui que o amigo do seu pai emprestou é confortável, mas não podemos viver de favor.

- Concordo. Onde está Sam, Joshua e Anne? – Perguntei confusa por todos estarem dormindo, se é que estavam.

- Andrew conseguiu uns ingressos para um jogo e foi com Joshua. Anne e Sam foram ao supermercado com sua vó Marta.

- Ela vai ficar aqui por quanto tempo? – Perguntei.

- Ao que tudo indica, um bom tempo. Ela está sofrendo com a morte do filho recentemente, e como sua tia Elza está grávida, ela acha melhor ficar por aqui mesmo.

Não que eu não gostasse da minha vó Marta, mas ela era muito controladora. Lembro-me de papai contando cada coisa que ela fez para separa-lo de minha mãe, e agora está aqui, com certeza querendo controlar nossas vidas.

- E por que a senhora não disse não?

- Ela vai ajudar com boa parte da mobília, e perdemos muitas coisas, nossas economias não pagariam todas as despesas.