Too heavy to hold

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A manhã estava completa! A mesa estava posta para o jantar que nunca chegamos a desfrutar, a comida fria sobre o fogão, as velas que nunca chegaram a queimar, marcas de nossas lágrimas que secaram sobre o tampo de madeira, as rosas despedaçadas e jogadas na lixeira. Nós nunca chegaríamos a comemorar nosso aniversario de cinco anos juntos. Ela era tudo que eu queria desde que nos conhecemos no primeiro ano colegial e eu não podia deixar de olha-la agora, exausta física e emocionalmente – assim como eu -, sentada em uma das cadeiras dispostas para a noite anterior, com o olhar perdido em um porta-retratos que exibia uma foto de nós dois em uma de nossas viagens, agora completamente estilhaçado e com a moldura solta jogada ao chão. Eu não saberia dizer se haviam se passado sete horas ou sete semanas, mas me atreveria a dizer que foram todas igualmente tristes e nada me faria esquecer.


- Nós podemos conversar a respeito?

- Conversar a respeito? Por onde você quer começar? Talvez me dizendo como você a conheceu no bar e foi mágico. Que vocês não conseguiram tirar as mãos um do outro e como você simplesmente teve que trazê-la aqui... no seu flat, na noite do nosso aniversário. Num desfecho de cinema vocês tiveram que transar aqui mesmo porque não aguentaram chegar até o quarto. – ela despejava as palavras fria e ironicamente – Por onde você quer começar Jim?


Balanço a cabeça levemente, tentando afastar os momentos da noite anterior, que ainda não chegou ao fim, e deslizo minha mão sobre o tampo da mesa para tocar a dela que se esquiva imediatamente. Parece o começo do fim agora me arrebatando e deixando uma sensação ruim na boca do meu estômago, tudo desmoronando com as lembranças de cinco anos juntos.

Cinco anos... não é exatamente uma eternidade, mas definitivamente o começo de uma vida, onde permanecemos inseparáveis desde que a aluna nova chegou a escola. Mesmo quando tivemos medo que tudo fosse terminar junto com o ultimo ano colegial, foi quando ficamos ainda mais próximos.


- Me diz como ela era Jim. Como ela era na cama? Ou cozinha. Ela era boa?

- Emily ...

- Não, me diz, eu quero saber. Ela era irresistível? Sexy demais? Beija bem?

- Me faça um favor e quebre meu nariz. Eu prefiro...

Ela me interrompe.

- Me faça você um favor e me mande ir embora. Me manda sair da sua vida – a medida que ela fala, seu tom de voz aumenta, lágrimas interrompem sua visão, seu rosto passa a ficar vermelho. – vai ser mais fácil assim deixar você.

O choro agora corria livremente por seu rosto, o que me deixa em desespero.

- Me faça um favor e pare de fazer perguntas. – eu grito.


- O que você esta pensando? – arrasto minha cadeira para perto dela.

Ela suspira alto e longamente antes de responder:

- Estou pensando em como chegamos a esse ponto. - sua voz continua fria e distante, ela permanece imóvel.

- Nós ainda somos os mesmos. Ainda somos eu e você. Lembra? Jim e Millie. – falo baixo enquanto aproximo meu rosto do dela, quase tocando sua bochecha com a ponta do meu nariz, num carinho que sei que ela gosta. – Nós podemos resolver isso, eu sei que sim.

- Não, não sabe. - Emily se levanta e se afasta novamente de mim. Posso ver que as lágrimas estão de volta em nossos olhos. – Não importa o que aconteça, daqui pra frente nada será mais como antes.

Hold on To Your HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora