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Estava escuro todos dormiam, o silêncio reinava naquela madrugada.

Heaven caminhava apressadamente pelas ruas abandonadas da cidade fantasma, sem direção ou destino.

Ela passou em frente a um beco, e algo a fez parar.

Não sabia o que a esperava lá dentro, mas a curiosidade se despertou e algo cada vez maior falava que devia entrar naquele lugar.

Então Heaven não se importou com nada naquele momento. Não se preocupou com perigos ou com ladrões, nem se poderia se defender caso algo acontecesse.

Apenas entrou.

Não havia nada de diferente, era exatamente igual a todos os outros becos – Não que ela freqüentasse muitos, não, era uma garota comportada – mas ela continuou seguindo em frente.

Até que viu algo.

Era um garoto.

Ele estava sentado no chão com a cabeça entre as pernas, parecia que chorava.

E de repente, Heaven sentiu uma vontade imensa de abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem.

Ela se aproximou um pouco mais. Ele parecia não perceber a sua presença.

Então ela o tocou.

                                                                                                 


-TRIIIIIIIIIM –O maldito barulho do despertador soou pelo quarto me acordando e fazendo-me voltar a realidade.

-Que droga, justo na melhor parte do sonho! – Já faz um tempo que venho tendo sonhos assim, todos contados em terceira pessoa –Mas nenhum deles fazia sentido, tipo como pôneis rosa voando e saltitando - Esse foi diferente.

- Quem será que era aquele garoto? Não consegui ver a cara dele. – Ótimo, pensei, mais uma vez falando comigo mesma. – Eu realmente preciso de amigos.

Bem, não é como se eu fosse uma excluída que ninguém chega perto, eu só ainda não achei uma pessoa em que eu possa confiar.

Mas quem sabe isso possa mudar?

Vou explicar melhor, a mais ou menos um mês atrás a empresa em que meu pai trabalha o chamou para uma reunião. Eles disseram que a firma teria que se expandir e, portanto, muitos funcionários teriam que se mudar – É claro que também ganhariam um bom aumento- e meu pai aceitou.

Adolescentes comuns iriam se revoltar e dizer que não iriam, mas, eu não sou uma adolescente comum. Não tinha nada ou ninguém que deixaria para trás, então fui, sem reclamar.

Nós saímos da Austrália e viemos morar na Inglaterra -Cambridge, para ser mais exata.

E aqui estou eu, em uma cidade totalmente diferente e daqui a alguns minutos, em uma escola totalmente nova.

Mas eu não estou nervosa ou algo do tipo, é só uma escola. Não tenho que me preocupar em ser popular ou em me vestir bem. Vou apenas ser eu mesma.

                                                                                                     


O sinal anunciando que a primeira aula iria começar em apenas alguns segundos tocou ao mesmo tempo em que pisei pela primeira vez no gramado da escola, eu sabia que devia me apressar, mas estava admirada demais com o lugar para realizar tal ação.

The Heaven of paradiseOnde histórias criam vida. Descubra agora