Capítulo Dois

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31 de dezembro, 17:15

Spotlight Records, Londres

Nash

- Qual é, não pode ter sido tão horrível assim.

Lexi estava deitada com os pés para cima e a cabeça pendurada para baixo no sofá vermelho enquanto eu estava jogado em um puff. Estávamos no estúdio da gravadora cercados de potes de comida chinesa e folhas amassadas, tentativas falhas de acertas a lixeira. Lexi havia me acordado - me expulsado da minha cama confortável - às nove da manhã, era madrugada e ela queria que eu tomasse banho para ir para a gravadora. A Ctiy Redords não era do tipo que fechava nos finais de semana, muito menos em datas comemorativas, era justamente nessa época que a criatividade ascendia em muitos. E era sempre uma boa opção para escrever uma linhas ás quatro da manhã chapado, esses caras ficavam abertos e lotados 24 horas por dia. Por isso, minha agente me arrastou para lá em pleno reveillon para analisar e escolher quais músicas iriam para o meu novo CD. Qual é, o CD só ia lançar em agosto, nem anunciado ele tinha sido ainda. Por que me acordar para ficar deitado aqui reclamando da minha estadia em Hebden Bridge?

- Estou dizendo, Camille está cada vez mais descarada. - Falei, me rastejando até a mesa de som para pegar a garrafa de café que um estagiário trouxe. - No meio da festa, quando eu já tinha voltado para o meu quarto, ela entrou lá sem bater e se desculpou dizendo que achou que era o banheiro! Ela frequenta aquela casa desde que nasceu. E eu estava de cueca! - Exclamei indignado lembrando da cara falsa de desculpas da minha prima. - As pessoas acham que não precisam bater na porta e pedir licença quando se é famoso.

- E não precisam. - Lexi disse, começando a ficar vermelha pela falta se sangue na cabeça. - Quando seu nome entra no Top 20 mais pesquisado do Google você assina um contrato simbólico dando adeus a sua privacidade. - A mulher me lançou um sorriso antes de se levantar um pouco tonta e se sentar direito no sofá. - Quando o assunto são as groupies ser famoso não te incomoda.

Ao contrário do que a frase dita poderia deixar transparecer, Lexi não trazia um resquício de ciúmes na sua voz, ela estava, na verdade, carregada de sacanagem e ironia. Lexi era assim, mesmo um simples "oi" tinha um tom malicioso. Ela era um Nash Turner de cabelos longos e loiros, com silicone e um pouco mais inteligente. Alexia Rolden era filha de um casal de advogados com quem não tem uma relação muito boa desde os 18, quando anunciou que não seguiria a carreira familiar e sim entrar na London School for Performing Arts & Technology, onde sua ídola Winehouse passou, e é aí que eu entro na história. Quando conheci Lexi, assim que me mudei para Londres para dar início a minha carreira como cantor e ainda devastado com os últimos acontecimentos na cidade que deixei, com a condição dada por Theodoro Turner que eu ao menos fizesse alguma faculdade, eu ainda era um garoto com óculos, apresentando os dentes sem aparelho para o mundo, com o cabelo ensebado sem corte e as costelas aparecendo. E Lexi, com toda sua postura de mulherão de assustar todos os hormônios descontrolados do meu corpo de adolescente, resolveu que queria brincar comigo. Me senti dentro de Lola, do The Kinks, well, I left home just a week before and I'd never ever kissed a woman before, but lola smiled and took me by the hand and said "dear boy, I'm gonna make you a man. Posso dizer que devo parte da minha mudança, e meu sucesso com o público, por consequência, aquela mulher, que me mostrou o que as noites inglesas tinham para oferecer e o poder que minha voz tinha. Quando finalmente conseguimos nosso diploma, eu como músico e ela como agente musical, a bagunça já estava feita. Eu já estava a caminho de gravar meu segundo CD quando as complicações com meu empresário começaram.

Divergência de opinião sobre os gêneros das músicas, sobre as técnicas de show, sobre a discografia. E foi isso, juntamos alguns músicos da nossa turma e Lexi cuidou de toda a burocracia.

05. NinaOnde histórias criam vida. Descubra agora