18: Sonhos

498 32 7
                                    

-Onde tá a Anahi? - Dulce perguntou a Marichelo, que estava sozinha na cozinha para preparar os pratos do restaurante.

-Saiu com Alfonso, mas alguma coisa naquele homem me incomoda, não gosto muito dele.

-Porque? Ele é tão bom, ajudou a resgatar a Blanca daquele lugar horrível usando seus talentos como detetive sem a gente precisar pagar, porque ele não serviria para a Anahi?

-Ele é um ótimo rapaz, já provou isso várias vezes, mas algo me diz que ele não serve para relacionamentos e vai acabar quebrando o coração da minha menina - Marichelo falou parecendo aflita - mas eu não posso fazer nada, não posso impedir eles de se encontrarem, os dois já são maiores de idade.

-Quer ajuda aqui na cozinha? Eu já cantei, então tô livre pra ajudar -Dulce deu uma risadinha nervosa tentando mudar de assunto.

-Sim, tô precisando que você atenda as mesas, daqui a pouco a Blanca chega do trabalho pra nos ajudar também.

-Ok - Dulce sorriu e pegou os pedidos que já estavam prontos e memorizou na cabeça de que mesa era cada um, estava melhorando nesse quesito, antes ele vivia fazendo confusão com os clientes por errar o que pediam.

Dulce estava se acostumando com a ideia de ter um filho- ou filha- do Christopher, mas algo ainda a incomodada, mas ela resolveu ignorar e para tentar esquecer começou a cantarolar a música ambiente que tocava e fazer um discreta daninha enquanto atendia os clientes.

Dulce sorriu com uma música em particular. Era a música da Anahi.

-Carmen, Carmen, voy a tener que aborracharme - Dulce cantarolava, mas foi interrompida por Blanca.

-Oi - ela disse animada com uma roupa formal que ela usava para trabalhar.

-Oi - Dulce abraçou a irmã.

-Carmen? - perguntou Blanca rindo da música - isso tem alguma coisa a ver com a Anahi ou o restaurante?

-Mais ou menos - riu também.

-Eu vou me trocar, ai volto pra ajudar.

**

O restaurante já havia fechado, Anahi ainda não tinha voltado e estavam organizando tudo, como lavando louça arrumada as mesas e coisas assim.

-Nossa nós duas aqui lavando a louça me faz lembrar da nossa infância - Blanca diz sorrindo, agora verdadeiramente, porque ela sempre estava com uma expressão de alerta, uma expressão de alguém que já havia sofrido muito e isso deixava Dulce agoniada, querendo deixar a irmã feliz, ou até mesmo fazê-la esquecer tudo que havia vivido de ruim.

Exatamente como ela, Dulce, havia esquecido.

Só que ela queria se lembrar das coisas boas e para isso teria que lembras das coisas ruins também, mas ela sabia que valeria a pena o sofrimento se no final ela fosse feliz.

-Deve ter sido incrível - Dulce sorri tentando imaginar a cena da sua família.

-E foi - Blanca sorriu abertamente terminando de lavar o último prato - até a nossa mãe morrer, nosso pai se matar e aquele traste aparecer - disse agora com a expressão nublada.

Dulce se assustou com a mudança de humor da irmã.

-Eu tenho medo de saber o que aquele projeto de homem, que eu chamava de tio, tenha feito comigo, quando eu lembrar de tudo. Ele foi capaz de te vender e só de imaginar o que você passou por causa dele me da uma sensação muito ruim, mas apesar de tudo eu quero lembrar das coisas boas - Dulce terminou de secar e guardar a louça.

Minhas Canções VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora