capítulo 2

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Sou o Nathan. Nathan Smith. Tenho 21 anos e vivo nos Estados Unidos, mais propriamente em Portland. Vivo sozinho, e os meus dias são passados no meu emprego e depois em casa a jogar playstation, ou simplesmente a ouvir música e a desenhar. Não sou muito interessante, lamento.

A vida para a maior parte das pessoas da minha idade não é propriamente difícil. Acabaram de sair da adolescência e só pensam em divertir-se enquanto vivem com os pais a pagar tudo o que eles precisam/querem. Eu apenas não nasci com essa sorte.
Não conheço o meu pai. Quando a minha mãe engravidou ele abandonou-a porque eram ambos muito novos. Ele era de famílias ricas e então nem se atreveu a contar aos seus pais porque bem, a minha mãe não estava no mesmo "patamar financeiro" que ele, e como tal, nunca seria uma relação aceite por muita gente. A minha mãe ficou sozinha comigo e mesmo assim deu-me a melhor infância que podia pedir. Eu sou o que sou hoje devido ao que ela me ensinou durante toda a minha vida. Infelizmente ela morreu o ano passado. Cancro de pulmões. É essa a razão pela qual vivo sozinho. Tenho família da parte da minha mãe, mas digamos que nunca nos demos muito bem e não é agora "só" porque ela morreu que isso vai mudar. Nos primeiros meses foi difícil e era estranho estar sempre sozinho, mas fui-me habituando.

Desde criança que me considero diferente dos outros rapazes. Os rapazes da minha idade só queriam jogar à bola e andar à porrada, ainda que a brincar, e eu sempre fui mais quieto e reservado. Sempre fui um pouco tímido, admito. Não que isso fosse um aspeto negativo. Nunca deixei que me tratassem mal por ser tímido mas sempre fui calmo. Ao contrário do que pensam isso até é bom. Como nunca tive muitos amigos também nunca tive grandes desgostos de amizades nem grandes brigas. Até era bom estar sozinho. Eu apenas acho que sou bastante diferente das pessoas que conheço e isso faz-me afastar delas. Eu não as entendo e elas não me entendem a mim. Estamos bem longe uns dos outros. E também foi por essa razão que sempre me senti melhor na internet. Lá é muito mais fácil encontrar alguém que nos entenda. Que sejam parecidas a nós e que não nos julguem. É mais fácil fazer amizades porque no fundo podes sempre ser tu próprio. E foi lá mesmo que conheci a minha namorada. Sarah. Namoramos há dois anos e a única coisa que me liga a ela são as mensagens. Ela sempre me entendeu e ela é a pessoa mais parecida a mim que já conheci. Ela faz-me rir quando preciso. Faz-me sentir bem comigo mesmo, e faz de tudo para que eu acredite que tenho valor. Foi ela que não me deixou ir completamente a baixo quando a minha mãe morreu. Ela esteve sempre lá. Mesmo com um ecrã a separar-nos, ela esteve sempre lá a apoiar-me. Ela conhece-me melhor que ninguém e eu não consigo mesmo imaginar a minha vida sem ela. Ela é a única coisa positiva que ainda tenho e se eu a perdesse, eu perdia-me a mim.
Vive em Arizona, a 1297km e mais de 22h de distância de mim. É uma tortura. Mas, depois de imensas e longas conversas sobre o assunto ela decidiu que vai mudar-se para cá. Para a minha cidade. Na verdade tudo isto ainda me parece um sonho. Ainda mais pelo facto de eu saber que ela vai deixar tudo, a família, os amigos, a casa de infância, apenas para puder vir viver para perto de mim. Vem amanhã. Deve ser a primeira vez em muito tempo que posso dizer que estou realmente feliz. Depois de 2 anos vou finalmente abraçar a pessoa que me faz sorrir todos os dias. Eu pedi tanto que este dia chegasse. E ele finalmente chegou.


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São agora 14h e o meu turno na loja de animais começa dentro de um hora.
Desliguei a playstation e fui tomar um duche rápido. Vesti as minhas calças justas pretas e uma sweat branca, e calcei os meus vans pretos. Dei um jeito no meu cabelo que agora estava húmido, guardei as chaves, o maço de tabaco (+ isqueiro) e o telemóvel nos bolsos das calças e saí de casa.
Não fui de carro porque a loja era perto da minha casa. Tirei um cigarro, meti-o à boca e acendi-o. Sei que não devia fumar, muito menos depois do que aconteceu com a minha mãe mas também não me importo muito se levo uma vida saudável ou não. Não me importo com quase nada para dizer a verdade. Fumar acalma-me portanto nem meto a hipótese de o deixar de fazer.
Poucos minutos a andar e cheguei à loja. Acabei de fumar o meu cigarro e mandei-o para o chão, entrando logo de seguida no tão querido estabelecimento chamado "meu horrível emprego".  Não me interpretem mal, eu adoro animais, mas este não era bem o emprego que eu tinha planeado como "emprego de sonho" para mim. Mas não me posso queixar. Ao menos tenho algum.

Fiz o meu turno até às 20h como normalmente e voltei para casa. Era sempre a mesma rotina.


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Acabei de jantar e peguei no telemóvel para mandar uma mensagem à Sarah. Combinámos tudo (mais uma vez) o que tínhamos a combinar e depois ambos fomos dormir.

Amanhã será um longo dia.


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Apenas quero deixar dito já desde o primeiro capítulo que não vão haver dias específicos para eu atualizar. Vou dando update quando me sentir inspirada, com vontade para escrever ou apenas quando tiver boas ideias. Isso não significa que vá demorar a atualizar. Apenas não pretendo ter um dia específico porque se o tiver vou sentir-me pressionada a escrever e isso vai tornar a história muito menos interessante porque vou acabar por escrever capítulos sem estar 100% dedicada a eles. Bom, acho que é só isso.
Espero que gostem!!



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