capítulo 3

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Acordei com o despertador a tocar às 10h e depois de uns 5 minutos de preguiça levantei-me. Hoje tinha um longo dia pela frente.

Levantei-me e verifiquei se tinha mensagens no telemóvel. Nada. A Sarah a esta hora já devia estar a conduzir. Tínhamos combinado de nos encontrar às 16h. Ela vinha de carro portanto demorava mais tempo. Eu disse-lhe que seria perigoso ela conduzir tantas horas sem dormir mas ela não pareceu importar-se com isso. Os seus pais tinham passado cá no mês passado para tratar do aluguer da casa que a Sarah vai ficar. A maior parte da casa já estava mobilada mas os seus pais fizeram questão de ser eles a pagar o resto que faltava e têm vindo durante o resto do mês enchendo a casa até ela estar finalmente completa. Digamos que ela era uma menina da mamã, não por ela querer, mas porque a mãe sempre quis estar em cima do acontecimento de tudo na vida dela. Ela sempre quis tratar das coisas para a Sarah não ter esse trabalho. Nisso as nossas mães eram parecidas. Sei que se a minha ainda estivesse comigo iria fazer exatamente o mesmo.
Os seus pais demoraram a aceitar que ela viesse para cá sozinha, mas ela não lhes deu outra hipótese se não aceitar. Eles tiveram de respeitar a sua decisão. Afinal, ela já não era nenhuma criança.

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15:30h

Recebi uma mensagem da Sarah a dizer que já estava quase a chegar e que a seguir apenas ia meter as malas em casa e que depois iria ter ao sítio combinado. Comecei a ficar ainda mais nervoso.      Vesti umas jeans azuis e uma sweat cinzenta e calcei os meus vans pretos. Não queria ir todo gótico ter com ela. Não acho que fossem as melhores maneiras. Ainda que ela saiba que eu basicamente apenas me visto de preto, achei que seria bom vestir-me de outra forma para um dia tão importante como hoje. Talvez apenas umas jeans azuis não mudasse muito mas admito que não tenho nada mais "menos escuro". Guardei o telemóvel e as chaves no bolso das calças e saí de casa. Não quis levar tabaco porque mesmo que esteja mais nervoso que alguma vez estive, não queria fumar. Imaginem que ela me quer beijar e eu cheiro a tabaco? Seria no mínimo catastrófico. Como não tinha tabaco decidi ir a pé para me acalmar. E também porque com os nervos que estou era capaz de atropelar alguém. O parque também não era muito longe. Na verdade nada nesta cidade era muito longe de nada. É o que dá viver num sítio pequeno.

Cada passo que dava o meu coração acelarava mais um pouco. Esperei demasiado tempo por este dia.

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Quando lá cheguei eram 15:57h. Espero não ter chegado tarde.
Não a via em sítio nenhum portanto suponho que ela ainda não tenha chegado.
Sentei-me num banco e esperei.

Passaram 20 minutos e nada de Sarah. Comecei a pensar que ela não vinha. Será que aconteceu alguma coisa?
Peguei no meu telemóvel e meti o número dela a chamar. Ao mesmo tempo que o fiz, percebi a presença de alguém um pouco à minha frente. Olhei para cima. Era um rapaz.

- " Precisa de ajuda? " - tentei perguntar educadamente, ainda que estivesse uma pilha de nervos e muito provavelmente tenha soado bastante rude.
- " Não. " - o rapaz limitou-se a responder-me isso.
- " Ahm okay ? " - respondi em tom de pergunta quando reparei que ele não tinha ido embora e continuava a olhar para mim.
- " Prazer, sou a Sarah. " - estendeu-me a mão para me cumprimentar e o meu mundo desabou por completo.

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