homophobia [PT-PT]

capítulo 4

Encontrava-me agora ainda perplexo a olhar para o rapaz que se encontrava à minha frente. Era mais alto que eu. Olhos verdes escuros e cabelo moreno ele também a puxar para o escuro. Era bem mais pálido que eu, e eu sempre me achei muito "branco" e também era mais magro, mas não muito. Tinha uma blusa de malha grossa verde da mesma cor dos seus olhos e umas skinny jeans de cor clara. Calçava uns vans pretos iguais aos meus. Admito, não era um rapaz feio, mas não era a Sarah também. Aliás, ele era o oposto da Sarah, e não apenas no sexo. Ele sempre me disse que a suposta Sarah era ruiva, de olhos castanhos e de estrutura baixa. Eu não quero acreditar nisto. Eu dei 2 anos da minha vida a alguém que apenas me disse mentiras atrás de mentiras. Será que ele sentia sequer alguma coisa por mim? Eu não conheço a pessoa que está à minha frente e se há 5 minutos tinha o meu futuro completamente planeado com "ela", agora eu sinto-me uma confusão total.

" Bem, eu sei que tenho muito que explicar mas eu gostava de começar por te pedir desculpa em primeiro lugar. Eu sei que deveria ter contado desde o início que era um rapaz mas eu nunca soube como o fazer e quando dei por mim já era tarde de mais. Eu ... eu apenas nunca pensei que isto chegasse onde chegou. " - A sua voz grave pronunciou-se e notei que ele mostrava dificuldade em falar. Talvez por nervosismo ou então apenas por saber que tinha feito porcaria.

" Na verdade eu nem quero ouvir porque já nem sei se alguma coisa do que dizes é verdade ou mentira. " - Olhei-o por mais uns segundos e voltei-me de costas para si, começando a andar.

" Nathan, espera! " - Ouviu-o gritar mas não olhei. A raiva que lhe tinha agora era imensa e eu era capaz de fazer algo desnecessário. Para além disso acho que se voltasse a olhar para ele acabaria por chorar e o que menos quero é mostrar-lhe que ele me magoou.

Segui para casa e castigava-me mentalmente a mim mesmo por não ter trazido os cigarros porque agora eles estão realmente a fazer-me falta.
Não sei como consegui ser tão estúpido. Acreditei em todas as palavras que ele disse e como sempre apenas para sair magoado no fim. Eu sempre fui azarado nas amizades e relações mas porra, eu acho que pelo menos uma vez na vida merecia que desse certo.
Neste momento as lágrimas já me escorriam pela cara e não haviam inícios de parar tão cedo. Pessoas passam e olham com curiosidade mas não me importo. Nada importa neste momento. Só quero chegar a casa e esquecer que os últimos 2 anos da minha vida existiram.