Capítulo 4

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Posso dizer que passei a tarde toda chorando e tudo mais. Mas não foi bem assim. Chegou uma hora que as lágrimas simplesmente secaram, e vi que não havia mais água em meus olhos. Percebi então que já era noite e, certamente, já era hora do jantar.

Me levantei e me arrumei. Recuperei minha postura perdida e desci até a sala de jantar.

Abri suavemente as portas da sala de jantar. Minhas pernas bambearam. Meu coração veio até a boca. Por que Gustavo estava conversando com meu pai? Caminhei até o meu assento. O meu olhar cruzou com o de Gustavo. Percebi que não continham mais raiva, e sim arrependimento. O meu olhar só podia estar irradiando raiva, porque ele logo desviou o olhar.

–Boa noite querida. –falou meu pai.

–Boa noite pai. –respondi e, meio relutante perguntei. –O que ele faz aqui?

Meu pai me olhou, com um ar de estranheza.

–Bem, não foi você quem pediu para que ele morasse aqui? Pois... –respondeu papai. –aqui está. Eu só estava terminando de discutir alguns assuntos a respeito de sua mudança para cá. Daqui a pouco o resto de sua família deve estar chegando.

Dirigi um olhar depressa para ele e vi que estava com ar alegre. "Claro né Kiara", pensei, "Ele vai estar no mesmo ambiente que Hilla". Estava com vontade de vomitar.

–E seu irmão? O mais velho? –perguntei me dirigindo á Gustavo.

–Ele irá trabalhar no arsenal do palácio. –respondeu meu pai no lugar do Gustavo.

Então uma pergunta me veio á mente.

–E por que ele está comendo nesta mesa e não com os outros empregados? –perguntou.

Meu pai me dirigiu um olhar mortal.

–A cozinha está lotada demais. Além de que eu sou o rei e, sendo assim, eu que mando. Entendeu?

Confirmei com a cabeça.

–Isso quer dizer que ele vai merendar, almoçar e jantar conosco todos os dias? –ousei perguntar.

–Não. Isto será somente por enquanto que não consigo espaço extra na cozinha, ou seja, só por alguns dias.

–Tudo bem. Posso me servir? –perguntei.

–Susan! Pode trazer o jantar. –gritou meu pai para nossa cozinheira. Ele estava mais nervoso, estressado. Nem parecia o mesmo rei que eu havia visto ontem á noite: carinhoso e calmo. Portanto, resolvi não falar nada. Somente baixei a cabeça e jantei em silêncio. É claro que, durante o jantar, eu e Gus trocávamos olhares.

Ao terminar meu jantar, me retirei da sala. Mas, Gustavo me impediu.

–Princesa, tem um vestido que é para a senhorita experimentar. Meu pai não sabe se fez com as medidas certas. –falou Gustavo me acompanhando.

–Amanhã eu vejo. –falei, com uma certa frieza na minha voz.

–É o seu vestido para amanhã. –respondeu ele insistente.

–Amanhã? –perguntei e olhei para meu pai.

–Amanhã falarei com meus súditos sobre o aumento dos impostos. E, é claro que você estará lá. –respondeu meu pai. –Alguma objeção?

Ao julgar pelo seu olhar, vi que não adiantaria nada se eu teimasse com ele.

–Tudo bem então. Leve-me até seu pai. –falei e segui Gustavo corredor adentro.

...

–Hmmm. –falou o sr. Alef, ao me ver com o vestido. –É, fiz as medidas certas. Está belíssima Kiara!

Ironias do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora