Capítulo 5

18 0 0
                                    

Ela olhou feio para Gustavo e depois sorriu para mim.

–Princesa, venha comigo rápido. Seu pai já está na varanda principal para fazer o anúncio. –falou. Passei o braço pelo dela e seguimos até o salão principal. Lá tinha uma escadaria que levava até a varanda principal. Sentei em umas das poltronas e lá fiquei. Hilla andava de um lado para o outro preocupada. Passava suas mãos pelos cabelos e suspirava.

–Hilla! Desse jeito vai afundar o chão! –falei me levantando.

–É que eu estou preocupada, senhorita. –respondeu ela. Antes que eu perguntasse algo, ela se ajoelhou e agarrou minhas mãos. –Por favor princesa, por favor, não mande o Gus ir embora. Por favor, ele não faz isso por mal, só que ele está estressado com tudo o que está acontecendo com a mãe dele e...

–Como assim? A mãe dele piorou? –perguntei, esquecendo qualquer outra discursão.

–Sim. -ela respondeu e eu a forcei a levantar. Ela ficou de pé e continuou: -Ela chegou aqui ontem meio tarde, umas 9 horas. De madrugada acordou passando mal, então o pai de Gustavo teve de passar a noite toda ao lado dela. Ela está bem melhor, mas o senhor Alef nem tanto. Eu o vi hoje de manhã e vi que estava bem cansado. Cheguei a ver uma lágrima escorrendo pelo seu olho esquerdo.

–Não deve ser nada fácil ter uma mulher tão doente. –falei e suspirei. –Pode ter certeza de que não vou mandar o Gus... –teria que esquecer aquele apelido. –Gustavo ir embora. Fique tranquila.

–Muito obrigada princesa! –falou ela e me abraçou. Me soltou segundos depois e saiu. Fiquei lá, sentada sozinha, esperando meu pai chegar.

Quando chegou, olhou para mim e sorriu. Subiu a escadaria seguido de 4 ou 5 guardas. Subi logo em seguida e fiquei de pé próximo ao meu pai. Os súditos logo se aglomeraram perto dos portões da entrada do palácio. Quando dei por mim, lá fora já estava lotado. Não sabia como todos iriam escutar, já que era muito longe desde a varanda até os portões. Mas eles já estavam acostumados. Deveriam ler a linguagem labial do seu rei.

–Bem, -gritou meu pai –acho que vocês já sabem o por quê deste pronunciamento.

Ouve-se vaias e alguns gritos sobre "o rei deveria ir para..." "o rei é um..." e várias outras palavrinhas muito "educadas".

–O preço dos medicamentos vindos da França estão com os juros lá em cima. Com o preço da compra aumentando, drasticamente, o preço da venda também aumentará aqui no nosso reino. –gritou ele, ignorando tudo o que acontecia ao seu redor. Pegou um papel com relatórios e os leu em voz alta: -Custará apenas 1.890,00.

Vaias e mais vaias tomaram de conta da multidão. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi: a mãe do Gustavo. Eles não teriam condições de comprar medicamentos tão caros. O preço antigo era de 500,00! Como mudara tão drasticamente? Meu pai fez um gesto para se acalmarem.

–Calma! –gritou em tom severo. –Isso é só por pouco tempo. –ele gritou e olhou para mim. –Minha filha logo casará com o príncipe da França, então os preços ficarão mais brandos.

O povo vaiou e gritou ao mesmo tempo. Eu olhei para meu pai com uma cara horrorizada. Ele não deveria ter falado aquilo! A vida era minha, não era? Não, não era.

–Pai. –sussurrei.

–Kiara, não está vendo que estou ocupado? –sussurrou ele de volta.

–Pai, o senhor não pode fazer isso! –falei. –Há pessoas que não poderão comprar á este preço!

–Kiara, cale-se. –falou ele.

–Não posso ficar calada em um momento desses! –falei e apontei meu indicador em frente ao seu nariz. –O senhor tem que fazer algo para mudar este cenário. Olha, –apontei o indicador para o povo, que já começava a criar confusão –é isso o que você realmente quer? Catástrofes por cima de catástrofes?

Ironias do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora