Capítulo 8

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Haviam dito para mim e para o povo que a guerra tinha deixado 7 milhões de pessoas mortas. Mas depois de ler aquele livro, percebi que reduziram, ao máximo esse número. O verdadeiro total era o sêxtuplo desse resultado anterior. Foram mais de 42 milhões.

Por que haviam mentido para mim? Nem isso eu sabia. Poderiam pensar que eu sabendo da verdade faria algo contra eles. E era exatamente isso que eu estava pensando. Daria poder ao povo. Abriria os olhos deles.

Estava cansada da monarquia. Estava cansada de servir de marionete pro meu pai. Estava cansada de ser mandada igual um cachorro. A partir de agora eu seria uma nova Kiara.

Coloquei aquele livro lentamente onde ele estava. Caminhei até Gustavo e falei para irmos embora. Ele me olhou e disse:

-Você não estava procurando algo?

-Sim. Vamos deixar para outro dia. -respondi atônita.

-Não. Não podemos deixar para outro dia. -falou ele que, saindo da frente de um balcão, deixou á mostra a pasta dourada.

-Esta é a pas...

-Acho que sim. -falou ele. -O super Gus sempre está em ação!

Revirei os olhos para ele, mas não pude deixar de sorrir.

-Como sempre me salvando, super Gus.

-E sempre te salvarei, princesa. -respondeu e percebi no seu olhar que não era uma brincadeira. Peguei algumas cartas da caixa e as coloquei dentro do meu vestido. Ele continuou: -Vamos sair logo daqui. Se o seu pai chega aqui e vê a gente...

-Quer dizer que meu pai sabe disso?

-Kiara, se aqui tem tanta coisa sobre a Guerra, acha que ele não sabe?

-Com certeza. -falei e corri para a parede de onde tinha chegado. -Será que tem opção reversa? Tipo para voltar?

-Acho que sim. -falou ele se aproximando. Empurrou a parte de cima da parede. Nada aconteceu. Continuamos empurrando. E nada. Decidimos esperar. Nos encostamos na parede e lá ficamos.

Quando tudo parecia estar perdido, a parede se abriu. Eu me desequilibrei e caí por cima de Gus. Como ele era mais alto que eu, minha cabeça foi amortecida pelo seu peito. Pude ouvir direitinho as batidas de seu coração. Seu coração estava tão acelerado. Ele respirava rapidamente.

Quando me recuperei do susto, levantei rapidamente. Passei as mãos no cabelo, para arrumá-los e desamassei o vestido. Ele levantou do chão logo em seguida, e me deu uma carta.

-Acho que caiu do seu vestido. -falou.

-Obrigada. -falei e engoli em seco. -Deixemos a aula pra amanhã, okay?

-Tudo bem. É bom que eu estudo melhor para lhe explicar. -respondeu ele.

Ao cruzar a porta da biblioteca, percebi uma coisa. Estava com a carta na mão. Peguei ela e escondi debaixo das minhas 2 saias, e andei até meu quarto.

...

Entrei no meu quarto e me sentei na cama. Tirei as cartas e comecei a abri-las. Mas algo me deteve. Alguma coisa dentro de mim falava que não era pra eu abrir. Então guardei todas na cartas na minha caixa, que a trancafiei no meu guarda-roupa.

Então as memórias me veio á tona. Todas aquelas coisas escondidas, tudo o que foi mentido para mim, aquilo que o rei me disse e tudo mais. Aquele rei ia ficar hospedado aqui, bem debaixo do meu nariz. Isso me deu uma grande angústia. Mas sempre que pensava nestas coisas, um nome sempre vinha na minha cabeça: Gustavo. Gustavo. Gustavo. Lembrei do meu desespero quando percebi que ele havia sumido, lembrei do momento que eu havia caído em cima dele, e o mais importante, o bater tão acelerado do seu coração. Desculpem, mas não consegui conter os risos, ao me lembrar disso.

Ironias do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora