13 de maio de 2009, foi nesse dia em que eu o pedi em namoro.
Havia semanas que Jimin estava mais carinhoso e grudento, e aquele comportamento me fez criar coragem para fazer o pedido. Ele sempre foi carinhoso, mas naqueles dias os carinhos eram um pouco diferentes, quase íntimos, por assim dizer. O garoto que reclamava quando eu beijava seu rosto em público já não se importava se a nossa turma estava ali o assistindo beijar minhas bochechas. Às vezes deitava a cabeça em minhas pernas e pedia por afagos nos cabelos quando íamos para a praça. Resmungava até eu deixar que ele dormisse em minha cama quando ia dormir em minha casa. Na primeira vez eu não sabia, mas Jimin estava mostrando – do seu jeito – que gostava de mim.
Como já era costume, paramos na praça após o término das aulas. Algumas crianças brincavam no pequeno parquinho que havia ali enquanto suas mães conversavam. Além de Jimin e eu, era muito raro adolescentes irem até aquele local, mesmo que ficasse perto do nosso colégio. Era o local perfeito para aquilo que eu planejava.
Assim como na primeira vez, Jimin estava empolgado. Mesmo que ele me dissesse que não estava quando eu lhe questionava o motivo de tanta animação, eu sabia que ele realmente estava empolgado. Os cabelos que tinham um tom de castanho eram balançados pelo vento forte, fazendo com que ele risse das próprias tentativas falhas de tirar os fios de seu rosto. Seu sorriso mais aberto do que de costume fazia com que se formasse pequenas rugas nos cantos dos olhos, e devo admitir que aquela era a cena mais linda já vista. Mesmo com dentes quase imperceptivelmente tortos, aquele era o sorriso mais lindo que existiu. Jimin era a pessoa mais linda que existia.
Ao contrário das primeiras vezes, eu não me sentia tão nervoso quando o levei até um banco longe das vistas das pessoas ali presentes. Meu coração batia mais rápido do que de costume, mas eu estava mais preparado do que algumas vezes anteriores. Havia apenas um pouco de nervosismo por ter que pedir, mais uma vez, Jimin em namoro.
Apesar de eu sempre ter como meta o pedido de namoro, a confissão deveria vir primeiro.
— Eu gosto de você, Jimin. — confessei enquanto segurava firmemente suas mãos — Aceita namorar comigo?
Jimin se jogou nos meus braços no instante seguinte, da mesma forma que sempre acontecia, enquanto chorava e brigava comigo por demorar tanto. Ele não sabia, mas eu não podia mudar nem um segundo daquele acontecimento, porque, de tudo o que nós passamos, aquele momento era o que eu não tinha intenção nenhuma de mudar. Jimin me abraçando forte enquanto chorava e repetia as palavras eu te amo, por que eu mudaria um momento tão precioso? Cada segundo daquele dia era importante demais para ser mudado.
°°°
Uma semana após o pedido a escola inteira já sabia sobre o nosso relacionamento. Não culpava Jimin por querer exibir a sua felicidade, mas nós dois sabíamos que Jungkook, um aluno do primeiro ano, tinha interesse em Jimin. Tínhamos consciência do quanto ele nos infernizaria a partir daquele dia. Não importava quantas vezes o garoto era rejeitado, ele insistia em ir atrás de Jimin incontáveis vezes.
Em uma tarde em que nós fazíamos nossa rotina de ir até a praça matar o tempo, Jungkook nos parou uma quadra antes do nosso destino. Ele estava acompanhado de Taehyung, seu colega de classe. Na primeira vez eu fiquei com medo de que eles tentassem algo contra nós, mas agora eu sabia que aquele garoto iria apenas ficar encostado na parede observando o amigo falar várias besteiras. Taehyung era contra aquela obsessão de Jungkook, porque ele era apaixonado pelo amigo.
Jungkook soltou seus argumentos falhos e sem sentido. Dizer que eu não era a pessoa certa pra Jimin nunca funcionava, apesar de eu sempre sentir uma pontada de tristeza ao lembrar do futuro que nos aguardava. Jamais deixaria que Jungkook levasse o meu garoto, ainda mais sabendo que em algum momento no futuro Taehyung acabaria sendo correspondido. Eu não queria destruir a felicidade de tantas pessoas de uma vez só. Posso soar egoísta, mas eu preferia aquele futuro doloroso com Jimin do que algo incerto que eu jamais descobriria se abrisse mão dele agora. Eu sempre tive medo de descobrir como seria a minha vida sem Jimin ao meu lado, e eu não tinha intenção de descobrir.
Como todas as outras vezes, Jungkook fora arrastado por um Taehyung emburrado reclamando do tempo que o amigo estava gastando em mais uma investida falha. Como sempre, eu sussurrei um obrigado no momento em que o garoto passava ao meu lado e recebi um sorriso tímido como resposta. E, mais uma vez, nos vimos livres do garoto insistente.
Ao chegar na praça, Jimin reclamou do quanto Jungkook o irritava e que já não sabia o que fazer para o garoto esquecê-lo. Eu gostaria de dizer que seríamos incomodados por ele por mais algumas semanas e que, depois desse tempo, Taehyung viraria a sua nova obsessão, mas eu não poderia explicar como sabia daquelas coisas. Na realidade, ele iria rir de mim e me chamaria de louco.
Depois de calmo, Jimin fechou os olhos e deixou que o vento – já não tão forte – lhe acariciasse o rosto. Devo dizer que era uma cena que deveria ser registrada em forma de fotografia, mas nunca consegui desviar meus olhos do rosto dele para que pudesse guardar aquela imagem em meu celular. Jimin, ainda de olhos fechados, deu um pequeno sorriso quando o vento bagunçou seu cabelo. Pouco depois olhou para mim com um sorriso aberto. Jimin era, de fato, a pessoa mais linda existente.
Assim como na primeira e todas as vezes seguintes, eu acariciei as bochechas coradas de Jimin antes de me aproximar e selar seus lábios. Como sempre acontecia, eu pude sentí-lo se assustar por um momento, mas relaxou segundos depois. Suas mãos foram até a minha cintura e deixaram um leve aperto no local. Um beijo simples, porque, na teoria, nenhum de nós tinha experiência com essas coisas.
O primeiro amor.
O primeiro beijo.
O primeiro relacionamento amoroso.
Nós fomos os primeiros um do outro, e eu não queria que houvessem segundos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Reliving The Past
RandomNão sei como, nem quando, mas em algum momento da minha vida eu me vi preso em um ciclo sem fim. Voltava para os mesmos dias e sempre nos mesmos horários, e assim revivia toda a minha vida com a mesma pessoa. Revivia tudo o que aconteceu durante o m...