Capítulo 19

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[Liliana]

Todo o mundo à minha volta, sons, cores imagens, tudo desaparece. A minha atenção foca-se numa única coisa: tenho uma vida a crescer dentro de mim! Imaginei-me muitas vezes assim, mas nunca tão cedo... Tenho 19 anos, estou na universidade e o que menos esperava agora era um filhi, uma criança, um ser minusculo, frágil, que será totalmente dependente da sua mãe, de mim...

Derepente uma pergunta soa na minha cabeça, penso que tenha vinda da Sofia e não penso duas vezes na resposta, não tenho em que pensar, para mim é demasiado óbvio:

-Nunca!! -quase grito.

-Calma, Li... -a Leonor diz docemente- A Sofia não perguntou por mal, é uma hipótese.

-Eu sei... -digo agora mais suavemente.

Volto a esquecer aquilo que me rodeia, olho de novo para o mais intimo de mim, onde agora encontro não só uma enorma mistura de sentimentos e pensamentos, mas também um bebé, é lindo, será ainda mais! Eu quero-o, quero-o comigo, nos meus braços, protegido! Não é como eu esperava? Não. Não é quando eu esperava? Não. Não é na melhor altura? Nem perto. E eu tenho condições? Acho que sim. Quero-o? Oh, quero muito!

O meu olhar deve ser vago, mas dentro de mim nada está vago, talvez possa parecer que estou triste e em choque, mas não, bom, talvez um pouco em choque, mas estou a habituar-me à ideia e até estou feliz... Sempre quis ter um filho, uma criança ao meu cargo... Se sou nova demais? Sim, é o que a sociedade diz, mas a mim não me interessa o que a sociedade diz, nunca me interessou!

-E o Ross? -a Sofia perguntou a medo.

-O Ross o quê?

-E se ele não quiser? É ele o pai, certo?

-Claro que é ele o pai!! -quase grito novamente, mas depois apercebo-me de como fui rude, eu estou stressada e com as emoções à flor da pele, mas elas também o estão por mim- Desculpa, sim é, mas não faço ideia do que ele irá dizer ou pensar, mas isso não mudará em nada a minha decisão, abortar não é opção!

-Então e a universidade?

-Não sei... Talvez consiga fazer este ano, mas depois não sei...

-Desculpa dizer-te isto, mas se quiseres depois estar com o teu filho não poderás fazer as duas coisas! Este ano ainda dá para fazeres, mas o próximo já não, e não fazendo tudo seguido também não tem lógica! -Leonor diz muito direta e cruamente, eu mantanho-me calada não sabendo minimamente o que fazer- O que é que queres no teu futuro?

-Não sei, sabes bem que não sei e nunca soube o que pretendia fazer!! Talvez conclua este ano, não cheguei até aqui para nada, há sempre hipóteses!

-Ok, tu é que sabes, estamos aqui para te apoiar em tudo! -diz sorrindo.

-Sempre! -fala desta vez a Sofia, reforçando o que a Leonor disse.

-Eu sei... -sorriu de volta.

Todas num impulso rapidamemte nos abraçámos, aquele abraço sabia tão bem! Estamos sempre juntas, vemo-nos todos os dias, mas mesmo assim aquele abraço tinha um forte, e talvez amargo, sabor a saudade! Nem sempre  proximidade e presença significam harmonia e convivio, talvez isso aconteça um pouco por minha causa e de todo o tempo que estive verdadeiramente longe, parece a hipótese mais certeira, eu acredito nisso, mas fácil é saber que sempre nos culpamos a nós mesmos... Assim, seja ou não, issi não muda o que conseguimos sentir, não sei, e talvez nunca saiba, o que lhes vais a elas no coração, apenas seibo que vai no meu, independentemente do resto, eu isso quero mudar!! Não quero saudade, esta saudade pesada, que não vejo razão para existir; não quero esta distância, mesmo tão perto estando... Sempre achei a nossa amizade algo maravilhodi, não a quero perder!

Only love [Double love Double R 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora