Capítulo 4

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Me viro e dou de cara, com Calvin.

-Eh, eu sei que é estranho, mas eu gostaria de saber seu nome.

-Ah claro, desculpa por não ter falado no shopping, mas estava atrasada de verdade. Me chamo Mandy.

-Prazer em conhecê-la pela segunda vez Mandy. Não sabia que você estudava aqui em San Diego College, você é nova aqui?

-Não, mas eu sou quase invisível mesmo. Digo rindo. E você é novo?

-Também não, e então Julieta né? Pergunta ele com um sorriso torto no rosto

-Pois é.

-Você sabe que irei fazer o papel de Romeu? E que eu escrevi a peça? então se quiser ajuda para decorar as falas é só ligar para esse número. Diz ele entregando um cartão e se afastando.

Antes que ele desapareça grito

-Obrigada.

*****

Vou buscar os garotos na escola, e quando chego em casa tem uma senhora de quase 50 anos na porta.

-Olá. Diz ela. Você deve ser a Mandy?

-Sou sim, você está aqui para a vaga de governanta?

-Sim estou, sou da agência de babás e governantas Baby Happy. Fala com um sorriso.

Ao ouvir o nome da agência Arthur finge estar vomitando e olho com cara feia pra ele.

-Vamos entrar, senhora..?

-Me chame de Amer, querida.

Ao entrar em casa sento e pergunto se Amer quer alguma coisa, ela recusa. Espero os meninos subirem, então vou direto ao ponto.

-Amer, você tem problema em cuidar de alguém.... Especial?

Ela me olha de forma estranha, como se o que eu tivesse falado fosse um absurdo.

-Olhe querida, eu tive um irmão que era exatamente igual ao seu. Sei como é ver as pessoas te encarando, e também como todos os feitos dele são como seus. Mas no meu tempo as pessoas não o aceitavam, e enquanto eu estava na escola, ele...

De repente ela chora e me pede um tempo para se recuperar, eu assinto e espero o final da história

-Desculpe querida, enquanto eu estava na escola Julian se matou, ele tomou todos seus comprimidos de uma vez. Quando cheguei ele já estava morto e minha mãe estava em estado de choque. Eu me lembro dele todos os dias, lembro como ele queria a atenção de todo mundo, lembro dos seus abraços. Lembro dele dizer que me amava mais que tudo. Não quero que você me contrate por causa dele, mas quero muito esse emprego, pois acredito eu que só uma pessoa que convive com pessoas assim sabe como é gratificante olhar e ver o avanço e as vitórias deles todos os dias.

Então não sei se é pela historia, ou pelo fato dela me entender. Acabo sentindo no meu coração que ela é a pessoa certa pra cuidar do Arthur.

-Bem, Amer a senhora foi a única que não se importou com o fato de Arthur ser...especial. Acredito eu que nos iremos adorar seus cuidados e companhia, saiba que além de dar um olhada no Arthur a senhora terá que me ajudar em algumas tarefas domésticas. Tudo bem?

-Claro querida, não se preocupe com isso. Mas não querendo ser grossa, vi que a senhorita tem outro irmão porque não falou dele?

-Nós estudamos em escolas integrais só voltamos no final do dia para casa. Arthur é o único que ficará em casa pois tem problemas com esportes.

-Certo, mas como seu irmão é?

-Ah, ele geralmente está muito calado. Ele tem 13 anos e está em sua fase rebelde, nós quase nunca conversamos.

-Certo, quando começo.

-O mais rápido possível, segunda Arthur já vai estar em casa às tardes.

-Então eu venho amanhã, para ele já ir se acostumando comigo.

Tenho a sensação que tudo irá dar certo, papai chega logo depois e conto sobre a Senhora Amer. Penso nos testes da peça até adormecer.

Céu Sem EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora