Capítulo 5

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A senhora Amer chega cedo, e quando acordo o café já está pronto e papai já foi trabalhar.

-Olá Amer, a senhora não precisava ter vindo tão cedo. Obrigada por preparar o café. Digo sorrindo

-Olá minha querida, não se preocupe acordo muito cedo todos os dias. Você vai acordar os meninos?

-Sim, jaja volto.

Entro no quarto de Harry primeiro, pois ele demora mais a acordar.

-Harry, acorda. Grito eu.

-Só mais um minutinho. Fala ele sonolento

-Claro que não, acorda vai.

-Mandy, posso conversar com você?

Ele nunca conversa comigo, então eu apenas assinto.

-É um assunto delicado, eu estou me dando mal na escola e....

-O papai vai te matar.

-Obrigado por me apoiar Mandy -Diz ele com deboche - Mas não é só isso, eu não tenho mais amigos Mandy, todo mundo que era meu amigo é popular agora. E eu não sou muito bom em fazer novas amizades.

-Harry...me desculpa, mas eu sofro do mesmo. Não sei o que te dizer, mas e o Frank, vocês ainda são amigos certo?

-Não. Não somos, ele agora tem uma namorada e ela não gosta de mim. Então ele não é mais meu amigo. Diz ele com os olhos lacrimejando.

-Eu sinto muito mesmo Harry, eu passei por isso, mas ainda tenho a Tiff. Olha sei que é difícil, e você é um menino tão bom, se você se abrir mais eu acredito que irá conhecer pessoas novas e que serão suas amigas de verdade. Promete que vai tentar?

-Mandy você não entende. Diz ele me olhando com raiva

-Entendo sim. Mas, eu aposto que a mamãe não iria baixar a cabeça e se dar mal na escola, por causa dos outros. Digo com um pouco de raiva também.

-Não venha com esse a mamãe faria ou não faria. Eu vou tentar tá bem? Mas não posso te prometer nada.

Apenas sorrio e vou acordar Arthur.

Antes de sair vejo que Arthur gostou de Amer, ele a fez fazer panquecas para ele. E ela contou histórias do tempo que ela e o irmão eram crianças. E Arthur prestou muita atenção até pude ver ele e Harry rindo.

*****
Corremos para chegar na escola a tempo e quando chego Calvin está lá me esperando.

-Olá Mandy, fala ele com um sorriso no rosto.

-Olá.

-Você nem me ligou, pensei que tinha gostado da idéia de ensaiarmos juntos.

-Bem, eu gostei. Mas não sei se vai dar.

-Porque não? Pergunta ele com tristeza.

-Eu só tenho tempo nos finais de semana.

-Por mim está ótimo, na minha casa ou na sua?

-Como você é rápido. Digo rindo. Pode ser na sua, mas nem pense que vai ser no seu quarto.

-Eu não tinha pensado nisso. Até agora. Responde rindo.

Ele se afasta e corro pra aula de biologia. Quando me sento, vejo ele lá atrás. Todos esses anos ele era meu colega de laboratório e nunca tinha o notado. Olhe para ele e ele está sorrindo.

No final da aula, vou para o clube de teatro e ele já está lá e então falo:

-Ei você faz biologia comigo e eu nunca tinha reparado em você.

-Nem eu em você, o mundo é um lugar pequeno mesmo. Diz ele rindo.

-E então a sua peça é bem legal, dei um olhada em algumas falas ontem e gostei muito. Você tornou Romeu e Julieta engraçado.

-Essa era minha intenção. Você sabe que se passar para o papel de Julieta, vai ter cenas de beijo, não sabe?

A pergunta dele me pega de surpresa, então olho pra ele com os olhos arregalados e respondo:

-É cla...claro que eu sabia. Digo mentindo.

-Aham, mesmo sendo uma nova versão, tive que preservar o romantismo da peça. Acho que você dará uma ótima Julieta, se ensaiar muito. Tem muitas meninas disputando o papel principal. Mas só entre nós, eu prefiro que seja você.

Ele conseguiu me deixar vermelha como um pimentão. A aula começa, e Luiz está dando dicas de como se acalmar antes das audições. Olho de relance para Calvin que está prestando muita atenção. Suas palavras não saem da minha cabeça e tenho que me forçar a ouvir pelo menos uma das dicas de Luiz.

Quando a aula termina, uma menina baixinha com os cabelos pretos se aproxima para falar comigo. Lembro dela, se chama Lauren ela era minha amiga, antes de, vocês sabem. Então ela pergunta:

-Você vai tentar o papel de Julieta? Fala rindo.

-Sim, porquê? Falo na defensiva.

-Não querendo te desanimar, mas eu também vou. E todos os testes que eu faço, ganho o papel principal.

Não sei onde ela está querendo chegar e então me forço a responder.

-Não querendo te desanimar, mas eu não vou desistir. Se você está tentando fazer isso, acho melhor a conversa acabar agora.

-Mandy, você sabe que não tem nenhuma chance contra mim. E nem todo mundo na escola tem pena de você,  e eu sou um deles. Você vem se fazendo de coitadinha desde que sua mãe morreu e eu não vou desistir do papel, só porque a garota que não tem  mãe também o quer.

Olho para ela com lágrimas no olhos, como uma pessoa dessa podia ter sido minha amiga. Eu costumava dormir em sua casa junto com Tiff, nos éramos um trio. Mas tudo mudou. Eu simplesmente baixo a cabeça e vou andando em direção a saída, deixando as lágrimas correrem sobre o meu rosto.

Quando chego no estacionamento da escola, Calvin está lá. Enxugo as lágrimas e forço um sorriso, ele me alcança e pergunta se ainda vou a sua casa no sábado, e então percebe que eu estava chorando.

-O que aconteceu Mandy? Porque você estava chorando? Pergunta ele quase sussurrando.

-Eu não estava. Digo e lhe dou um sorriso triste.

-Eu reconheço alguém que estava chorando e sei que você estava, mas se não quiser me contar tudo bem. Nós mal nos conhecemos não tenho esse direito. Diz ele com tristeza na voz.

-Não, não é por isso. Eu só não quero que você tenha pena de mim.

-Tudo bem, eu estou atrasado. Mas nós continuaremos essa conversa sábado, certo?

Eu assinto e tomo o caminho da escola dos meninos, a partir de segunda terei que deixar o carro em casa para que Amer possa buscar Arthur na escola mais cedo. E então Harry e eu vamos vir de ônibus.

Céu Sem EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora