Eu estava andando por um local que não me era familiar. O barulho de minhas pisadas contra os paralelepípedos que formavam a rua me fazia ficar com cada vez mais medo do lugar onde eu estava. Havia uma voz na minha cabeça dizendo que eu devia tomar cuidado, que continuar não seria certo, mas agora era tarde demais, eu iria até o final.
Continuei andando por aquela rua escura e sem saída. O vento gelado batia contra a minha pele e a chuva caía levemente, formando pequenos pontos em minha camisa. De repente, a luz do poste que estava a minha esquerda começou a dar sinal de vida e logo uma sombra se projetou na parede… Ou seriam duas? Comecei a ouvir barulhos e tudo ficou escuro novamente.
Conseguia ouvir nitidamente o barulho de minha respiração descompassada. O barulho começou a chegar cada vez mais perto de mim. Mais perto, pertíssimo, até que o barulho se cessou por completo. Duas mãos encostaram-se a minha cintura, pude sentir a respiração de alguém em meu pescoço. O aroma doce que sua pele emanava denunciava que era uma mulher quem estava atrás de mim.
- Como você adivinhou que eu estava te esperando, Flowers? – disse, encostando seus lábios em meu pescoço por alguns instantes.
- Quem é você? – pude ouvir os passos que ela deu até parar na minha frente – O que você quer de mim?
As mãos dela agora estavam em volta do meu pescoço. A mulher começou a fazer uma trilha de beijos de meu ombro até a minha orelha. Eu estava com medo, mas ainda assim achava aquilo muito excitante. Com uma de suas mãos, a mulher gentilmente puxava meus cabelos da nuca enquanto a sua outra mão descia e subia por meu abdômen por debaixo de minha camisa. Eu estava ficando louco. Quem era aquela mulher?
Não aguentei ficar sem reagir por muito tempo e logo terminei com a distância entre nós selando seus lábios nos meus. Senti sua língua sentindo passagem – cuja qual logo foi concebida -, dando início assim a um beijo calmo, porém cheio de desejo. Minhas mãos pareciam estar grudadas na cintura da mulher, preocupadas em trazê-la o mais perto de mim possível. Após um tempo, ela separou o beijo, ambos estávamos ofegantes.
- Qual é o seu nome? Eu queria saber se… – eu perguntei, aguardando ansiosamente a resposta da mulher.
- Shh… Na hora certa você ficará sabendo. – ela respondeu, colocando seu dedo indicador sobre os meus lábios.
- Mas…
- Vá embora. Você não pode contar a ninguém que me viu aqui.
Confuso com tudo aquilo, fui embora. Já tinha andado um pouco quando de repente ouvi um barulho. Em seguida, eu estava no chão, sangrando e gritando. Ouvi passos se aproximando.
- Meu nome é Isabela, Brandon. E isso é o que pessoas como você recebem ao se meter comigo. – ela disse, disparando mais um tiro, acertando meu peito em cheio e me fazendo gritar mais alto. Eu podia sentir minha vida indo embora aos poucos, eu ia morrer, eu tinha certeza disso…
E foi aí que eu acordei.
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