Capítulo 18

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         Comecei a juntar meus pertences e guardá-los dentro de minha bolsa, quando ouvi a porta bater. Me assustei e virei-me, vendo Harry a me observar.

- O que quer aqui?

- Nunca mais fale comigo como você falou na frente dos empregados, entendeu, Alice?

- Acha mesmo que eu vou apoiar suas burradas sem falar nada? Eu não sou assim, Harry, e não vou mudar minhas opiniões. 

- Eu não peço que mude, peço que cale a boca. Está dentro de minha casa, não na sua para falar o que bem entende. Exijo respeito, pois ainda sou o seu patrão, espero que os acontecimentos recentes não tenham mudado isso para você, porque para mim, não mudou em nada. - Harry disse frio, e senti quase uma facada em meu peito. 

- Você é baixo, Harry. Não tem coração? Olha o que acaba de dizer, você não mede suas palavras? - senti meus olhos lacrimejarem e tentei controlar-me ao máximo.

- Claro que tenho, o órgão mais importante do corpo, que serve para bombear sangue, não para guardar sentimentos. Sentimentos estão na cabeça, Alice. O coração, para mim, é apenas um órgão.

- Você é um monstro, Harry. Parece um demônio, frio, impiedoso, calculista, não tem um pingo de amor dentro si. Duvido que possa se amar, esse sentimento é desconhecido para você, não é? - terminei de juntar minhas coisas e peguei minha bolsa, caminhando até a saída do quarto e Harry soltou uma das muletas, agarrando meu braço com força e tentei soltar-me.

- Me solte, Harry. - liberei uma lágrima.

- Antes tenho que dizer-te uma coisa, Alice.

- Mas não estou disposta a ouvir. Por favor, me deixe ir. - olhei Harry, que tinha uma expressão, pela primeira vez, magoada, e tive meu braço solto, que ficara dolorido. Passei por ele e me despedi de Lydia, dizendo que voltava no final da tarde, e peguei um táxi para a minha casa. Chegando lá, arrumei minhas roupas numa mala e tomei um duche, vestindo uma roupa um pouco melhor. Resolvi ir até a livraria e distrair um pouco. 

        Assim que cheguei, fiquei a olhar alguns livros, à procura de um tema que me interessasse.

- Recomendo ''Morro dos Ventos Uivantes'', é um ótimo livro. - ouvi uma voz próxima e me virei para olhar. Levei alguns segundos para recordar-me, mas finalmente me veio à cabeça como um estalo. Era Tristan, o fisioterapeuta de Harry.

- Tristan?

- Sim, e você é a...Alice, certo?

- Sim. - sorri -

- Quanto tempo desde aquele dia em meu consultório, não é mesmo? Coincidência encontrar-te logo aqui. - ele me deu um sorriso simpático.

- Também acho, costuma visitar aqui sempre?

- Não posso dizer que sempre, mas quando dá, eu venho. Tem um tempo livre? - ele me olhou.

- Bem...sim, tenho. Por que? - o olhei.

- Acho que poderíamos ir até uma cafeteria, tem uma aqui perto, fica por minha conta.

- Não sei se devo aceitar...

- Por que? Não vou te sequestrar, nem matar, muito menos vender seus órgãos. Vamos logo, não me deixe sem jeito me dando um não na cara. - ele disse, e eu ri, assentindo em seguida. Compramos nossos livros e seguimos para a cafeteria. Era um lugar bem aconchegante e confortável, com um cheiro viciante de café e cappuccinos.

- E então, trabalha no que, agora? - ele me olhou, enquanto esperávamos nossos pedidos.

- Ainda como cuidadora, mas assim que eu puder, terminarei meus estudos e farei uma faculdade. Medicina é uma opção para mim. 

- Quer ser médica? Acho uma bela profissão, e combina contigo, te acho tão bela quanto.

- Hum...devo dizer...obrigada? - sorri, nervosa e ele riu. Agradeci em meu consciente quando nossos pedidos chegaram e dei o primeiro gole em meu cappuccino. Achei que já fosse minha hora de fazer perguntas e tentei fazê-las, mas todas foram péssimas e tudo que consegui com isso foram bochechas vermelhas de vergonha. Passamos a tarde a jogar conversa fora e ele me disse de seus interesses, eu disse os meus, até que temos muito em comum. No final, Tristan e eu trocamos os números de telefone, eu com certo receio, e espero não ter cometido um erro fazendo isso, mas ele é tão amigável, acho que podemos ser bons amigos, e isso é uma coisa que não tenho muito, então, de certa forma, vai me fazer bem.

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