Bruxa do bosque

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     Todos os dias depois da escola, eu e meus dois irmãos íamos caminhando pelo bosque, paravamos pra brincar mas árvores, escalar, pegar frutos, catar insetos, era o nosso entretenimento do dia a dia nos anos 80.Vovó vivia nos dizendo que não era pra ficar naquele bosque depois das 19:00, dizia que alí era o pior lugar pra se estar nessa cidade, que muitas pessoas sumiram e nunca mais foram encontradas depois de passar ou estar no bosque neste maldito horário. O argumento dela é que naquele bosque haviam espíritos e demônios invocados pela bruxa do bosque, essa lenda já era contada à mais de 100 anos, dizem que depois da inquisição (queima das bruxas) ela fugiu para o bosque e com sua magia construiu uma casa e tornou-a invisível. Para que os seres humanos que a procurassem não a achassem nunca mais.

      Ignorando os fatos e essa história toda pra boi dormir eu e meus dois irmãos fomos para o bosque e resolvemos brincar de pique esconde, seria a pior brincadeira neste lugar, pois como o bosque era enorme, poderíamos nos perder e demorar muito para nos encontrarmos novamente.

     Giuzepp, meu irmão, resolveu contar e eu e minha irmã Tania fomos logo nos esconder, estávamos juntos procurando o lugar mais difícil pra ele nos procurar, nem encima das árvores, nem em arbustos, atrás da pedreira ou coisa parecida, e sim numa casinha que apareceu do nada, entre os carvalhos. Era uma casinha estranha, pequena, feia e mal acabada, mas serviria como um perfeito esconderijo.

    Fiz a frente e entrei na casa, minha irmã veio logo atrás de mim. Caminhávamos devagar e parecia que a casa ia desabar com os nossos pesos leves. Madeiras apodrecidas, tapeçarias velhas e móveis empoeirados, consumida pelo mofo, cupins e aranhas, estava totalmente acabada. Mas de praxe era uma casa otima, pois medroso do jeito que Giuzepp é, talvez nem pensaria em entrar aqui.

   Entramos e sentamos em um enorme sofá, ainda estávamos tentando entender depois de entrar, como será que a casa parecia maior por dentro sendo que ela é minúscula por fora? Mas enfim, sentamos, abrimos nossas mochilas e comemos nossos restos do lanche, ficávamos de tempos em tempos olhando a janela pra ver se ele aparecia, mas nada dele pelas próximas duas horas.

    Estávamos entediados, passamos umas duas horas sentados esperando e ele nunca aparecia, então resolvemos sair da casa e buscar ele pra ir embora, mas na hora de ir, ouvimos barulhos de passos na cozinha da casa e corremos pra uma sala se esconder. Eu fazia o máximo possível pra fazer Tania ficar calada e não estragar a brincadeira, fechei a boca dela com a mão e fiquei observando através do buraco na cortina. Até que por fim os passos estavam se aproximando e eu fiquei nervoso, uma figura diferente e estranha se aproximava, coberta dos pés a cabeça de sangue se aproximava uma mulher.
    
   Trazia num balde pedaços humanos, só reconheci pelas vestes, eram pedaços do nosso irmão mais velho, Giuzepp. Entramos em desespero e eu não conseguia me conter, fechei minha própria boca e tentei me aquietar. Quando de repente caiu quase nos meus pés um pedaço das mãos dele, a mulher se abaixou e cravou a adaga no membro e jogou dentro do balde de volta. Fiquei apreensivo e com medo que ela descobrisse onde estávamos escondidos.

    Eram quase 23:00 da noite e eu e minha irmã estava-mos lá ainda, atrás daquela cortina cheia de poeira, tentando ainda guardar minhas forças e esperando a hora certa pra fugir dalí. Minha irmã estava morrendo de dor nos pés de tanto ficar parada em pé atrás daquela cortina e eu estava a ponto de espirrar, pois aquela poeira estava atacando minha alergia. Não estávamos mais escutando os barulhos dos passos dela, provavelmente ela estava em algum cômodo parada, então resolvemos sair dali, tentar chegar na porta e sair daquela casa. Demos os primeiros passos devagar até atrás de um sofá velho, Tania pisou forte numa madeira que fez um tremendo barulho e chamou a atenção da mulher que veio correndo em nossa direção.

       Corri como nunca tinha corrido ar até a porta e saí porta a fora pelo mato, olhei para trás e percebi que deixei minha irmãzinha para trás, quase morri de preocupação, pois como ela não conseguiria correr rápido, provavelmente foi pega pela mulher. Fiquei atrás de uma árvore e comecei a chorar, então surgiu do meio das árvores um homem com uma espingarda nas costas, era John, amigo de meu pai, ele era caçador e devia estar procurando carne para a janta, corri desesperado pra perto dele e falei todo o ocorrido, ele por si mesmo não estava acreditando no que eu dizia, pois muitos achavam que a história da bruxa não passava de uma lenda idiota para assustar as crianças e fazê-las ficar longe do bosque.
   
  John pegou a espingarda, caminhou a frente comigo e entrou na casa agora visível, derrubou a porta velha da casa e entrou à dentro. Caminhamos até a cozinha e o que víamos parecia ser mentira, as partes de Tânia e Giuzepp costuradas em um homem, deitado encima da mesa da cozinha.  Parecia um novo Frankstein, para nós era obra do diabo e não poderíamos deixar viva a desgraçada que fez aquilo.

   Totalmente ensanguentada, surge do escuro a maldita, com uma machadinha cuja lâmina brilhava de tão afiada, então ela lançou aquele machado contra nós, ele passou raspando pelo meu ouvido mas não me atingiu, quando olhei para o lado, alí estava John, atirado no chão com o crânio partido pelo machado. Peguei do chão a espingarda e saí correndo pela casa, achei uma escadinha e subi para o sótão da casa. Procurei uma janela pra pular e fugir da casa mas não encontrei. Tinha em meu bolso uma caixinha de fósforos, acendi um e olhei a volta. Achei uma lamparina e fui logo a acendendo. Não acreditei no que eu vi, por todos os lados daquele sótão, tinham desenhos estranhos, desenhados com sangue, animais e bebês mortos pelo chão quase em decomposição e no canto um homem ainda vivo acorrentado, só tinha os braços, pois o pés tinham sido cortados. Seu semblante era de muito sofrimento, eu precisava fazer algo pra ajudar mas não sabia como, pois quem mais precisava de ajuda agora era eu mesmo. Tentei falar com ele e ele me disse que eu deveria por fogo na casa inteira, para que a maldita morresse, pois ela lançou um feitiço na casa na qual ela sempre se manteria viva se a casa ainda existisse.

  Eu não podia mais ficar naquele sótão, pois logo logo ela entraria aqui e me mataria como fez com todas as outras pessoas.Apaguei a lamparina, desci rápido a escada, peguei uma garrafa de álcool que achei no sótão e fui em direção da porta, quando de repente aparece novamente a bruxa, dei um tiro na cabeça dela,  isso a atordoou um pouco e eu aproveitei e sai pra fora, tranquei a porta com uma madeira sobre a maçaneta e sai jogando álcool envolta daquela casa, lancei o fósforo aceso e corri pra longe. Não demorou muito e toda a casa estava em chamas. Eu estava caminhando pelo bosque tentando chegar em casa, mas via que eu caminhava e caminhava mais nunca chegava, estava tudo escuro e eu não enxergava mais nada além da trilha, no céu não havia nenhuma estrela e nem se quer a lua pra iluminar.

    Deitei no meio de umas raízes numa árvore e esperei adormecer, para que no outro dia pela manhã eu saísse dalí e fosse para casa. Ouvi barulhos de passos e esperava que fosse alguma pessoa que me procurava, mas na verdade era aquela criatura que estava na mesa da cozinha, com os órgãos dos meus irmãos, aquela criatura enorme vinha em minha direção, com a machadinha da bruxa em suas mãos. Ainda sem acreditar pois eu tinha botado fogo em tudo, não consegui me mexer e sair dalí, aquela machadinha veio em minha direção e pegou direto no meu pescoço. Morri!

Então pessoal, desculpe a demora para publicar algo no livro, fiquei muito tempo sem escrever e resolvi voltar novamente. Mas agora eu voltei com tudo!! Não esqueçam de comentar e me ajudar com seus votos. 🌚

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