XII

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- Ah, fala sério! - diz Peter, depois de minutos de silêncio.

- Mas... Você morreu - falei.

- Eu me sinto bem viva, querida. - Diz Violet.

- Violet... Eu não entendo! Pensei que você morreu! Por que está aqui e agora? Isso só pode ser brincadeira! Não pode ser você, eu sei o que aconteceu!

Violet se aproximou, eu dei um passo para trás, abraçando o braço de Peter, enquanto ele nos observava com atenção.

- Ou, espera - Peter disse. - Ela se chama Violet? Eu só a conhecia como mamãe.

- Lydia, eu... - ela disse, calmamente. Podia ver a sinceridade em seus enormes olhos azuis. - Nós precisamos conversar.

Olhei para meus amigos, que assentiram. Podia ser um monstro, mas eu conheço minha mãe.

- Está bem. Vamos.

Larguei Peter e toquei o colar o tempo inteiro. Fomos mais para dentro da floresta, mas não tão longe de meus amigos.

- O.K. Fala logo antes que eu pense outra coisa.

- Calma, Lydia. Nem parece que vai conversar com sua mãe.

- É complicado demais para mim. Você não entende.

- Vai ser melhor se você me ouvir - Violet tentou tocar minha mão, mas eu recuei. Ela suspirou e continuou:

- Você está diferente. O cabelo mais escuro, esse ar determinado, mais crescida e bonita. Lembro que naquele dia você era tão medrosa - Violet riu. - Agora está como...

- Como o que? - falei nervosa.

- Como o seu pai.

Não sabia se aquilo foi ou não um elogio. É difícil se sentir bem quando seu pai é um titã que engoliu os filhos - menos você - e que sua mãe "morreu" por causa da guerra dele.

- O que você tem para dizer? - falei - Eu sou uma vítima.

- Nós duas somos vítimas. Só não sei quem é mais, querida.

- Não me chame de querida! - levantei o tom de voz - Só diga o que tem para dizer.

Violet passou a mão pelo cabelo, preocupada e disse:

- Você não sabe o sofrimento que eu passei, Lydia! Foram semanas horríveis. Você sumiu e não me deu notícias, ninguém sabia de você, nem a polícia. Eu nem consegui dizer adeus... Fiquei maluca, sem saber o que fazer. Quando finalmente abri os olhos percebi que isso tudo só podia ser culpa do seu pai.

- E você acertou... - eu digo lentamente.

- Saí de casa. Fui visitar sua tia, Rebecca, lá em Denver por um tempo. Abandonei a joalheria. Depois de uns dias, vi no noticiário que coisas estranhas aconteciam em Nova York... - Violet engasgou, ela já estava chorando. - A loja foi destruída e percebi que não tinha mais como eu voltar.

- Violet, eu...

- Não precisa me explicar. E mesmo se eu voltasse para Manhattan, com quem eu ficaria? - riu sem humor - Você sumiu e a última vez que vi Cronos foi no seu aniversário de dez anos.

Levei a mão ao rosto, não percebi que estava chorando. Cada vez mais eu apertava o colar.

- Violet, eu preciso pensar, certo? Você não tem ideia de quantos problemas eu tenho que lidar. Agora, você aparecendo do nada na floresta! - falei soluçando. - Pode ficar com a gente... Mas é bom ter você de volta.

Dei um sorriso de lado e saí na direção dos meus amigos. Beatriz estava deitada no chão, passando a mão nele e nasciam pequenas flores.

Peter estava encostado numa árvore e olhando para baixo. Nico deitado no chão e olhando para cima.

- Vocês ouviram? - perguntei.

- Claro que não - Beatriz respondeu. - Mas escutamos algumas... coisinhas.

- Sem problemas - dei de ombros. - Seria melhor que todos soubessem logo, não quero guardar segredos. Não mais.

Me sentei em uma pedra, com a cabeça nas mãos. Precisa refletir muito sobre tudo o que aconteceu. Existem mais segredos, coisas que não sei se posso contar em voz alta.

- Lydia... - Peter se aproximou - Você parece tão abatida.

- Não é "abatida". Eu não sei mais de nada agora.

Violet conversava com Beatriz, perto de nós. Nico brincava com o que devia ser um esqueleto de pássaro... Melhor não falar nada.

- Mas você sabe onde estamos, pelo menos? - arqueou uma sobrancelha - Preciso encontrar outros seres humanos.

Dei um sorriso. Respirei fundo e fechei os olhos, localização era algo fácil para mim. Mas desta vez foi diferente, alguma coisa me interrompeu, uma espécie de barreira não me deixava achar o lugar.

Abri os olhos, depois de alguns segundos de muita concentração.

- Perto de Chicago.

- Ótimo! - exclamou, chamando a atenção de todos. - Podemos nos hospedar em algum hotel ou algo do tipo.

- Eu conheço Chicago - diz Violet. - Posso ajudá-los.

Todos assentiram. Fui até minha mãe - era meio confuso pensar isso de novo - e sussurrei:

- Olha, Violet. Você pode ir, vai servir de grande ajuda. Mas só tenha cuidado ok? Você ainda é uma mortal.

- Eu posso me cuidar, Lydia - diz sincera. - Pode me fazer um favor?

- Posso - sorri assentindo com a cabeça. - O que é?

- Pode pedir para o seu namorado parar de fazer tantas perguntas?

Franzi o cenho e comecei a gargalhar. Olhei para Beatriz, que apertava os lábios tentando conter o riso. Ela apontou para Peter, que conversando com Nico. Beatriz disse "desculpa" e uma margarida cresceu de repente ao seu lado.

- Ele não é meu namorado, Violet. E quem devia fazer mais perguntas sou eu.

Violet revirou os olhos e riu.

- Desculpe. Pensei errado - pôs a mão em meu ombro - Mas eu não me incomodaria...

- Violet - falei cerrando os dentes, tentando sorrir. - Eu já entendi. Obrigada.

Fui até Beatriz e cochicho em seu ouvido:

- Você me paga.

Ela gargalhou - ou explodiu. Eu prefiro a segunda opção, já que fiquei vermelha feito molho de tomate.

***

- Eu já não aguentava mais caminhar tanto - disse Violet.

- É. Nem eu. - Tirei a mochila dos ombros, assim que chegamos em Chicago.

~♡~

O que vocês acharam?!!! Não tenho ideia pra outra pergunta kkk

Desculpe a demora T-T <3 eu sempre posto terça à noite, mas dessa vez não deu certo :(

Desculpe a demora T-T <3 eu sempre posto terça à noite, mas dessa vez não deu certo :(

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A Lâmina Do Tempo | Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora