Capítulo 27 | Hallucination

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"Não ouvia mais a voz do guarda gritar, nem senti ele me puxar novamente, era tudo silêncio, eu apenas fechei meus olhos?" 

- Luhan -

Encarei a porta do quarto do hotel, fazia semanas que eu tinha ido embora, me afastado de todos. A culpa me corroía, eu não tinha coragem de olhar na cara de mais ninguém, muito menos da família de Anne. Respirei fundo e abri-a, logo ao adentrar o quarto dei de cara com uma cama grande, em suas laterais criados mudos e de frente para ela uma televisão na parede com uma pequena cômoda logo abaixo. 

Joguei minha bolsa sobre a cama e sentei-me jogando meu corpo para trás, suspirei alto. Um aperto me tomou, eu queria acabar com aquela sensação, aquele peso, com aquela culpa. Levantei-me em direção ao banheiro, adentrei o mesmo e vi que no mesmo tinha uma banheira. Liguei a torneira fazendo com que ela começasse a se encher.

Voltei para o quarto, vasculhei minha bolsa atrás de meu celular, havia sete ligações perdidas de Sehun, ele não se cansava de tentar entrar em contato comigo, apesar das minhas tentativas de ignorá-lo e afastá-lo, ele não desistia. 

Retirei minha camiseta, jogando-a na cama com o celular junto dela, fiquei andando de um lado ao outro um tanto angustiado, eu não conseguia mais viver com aquilo, vendo aquilo. 

Voltei-me para o banheiro, vi que a banheira já estava razoavelmente cheia, tirei meus tênis e a meia, entrei nela vestindo apenas minhas calças. Encarei o teto por alguns segundos e fiquei submerso completamente pela água após deslizar pela superfície lisa da banheira, passaram-se alguns segundos, o ar já estava a me faltar, eu ia ficar ali, até apagar completamente, mas uma dor no peito me preencheu completamente, tentei resistir, eu tinha que acabar com aquilo de alguma forma e da maneira mais dolorosa possível, para compensar a morte dela. 

Faltou-me coragem, eu era covarde demais para isso, levantei-me num impulso preenchendo os meus pulmões ao máximo, coloquei minhas mãos sobre meu rosto e deslizei-as até o topo de minha cabeça, estava com os olhos fechados recuperando o fôlego, abracei minhas pernas. Logo meu peito se preencheu de soluços, eu não queria abrir meus olhos, eu sabia o que estaria a minha frente.

- Por que você tentou fazer isso, Hannie? - a voz doce soou com um pouco de eco pelo banheiro, me recusei a abrir meus olhos - Hannie! - ela estava próxima de mim, tomei coragem e abri meus olhos.

Encarei-a, ela estava dentro da banheira sentada a minha frente, nua, abraçava as pernas e me encarava com aqueles olhos grandes e brilhantes, um coque alto feito em seus cabelos. Mantive-me em silêncio, apenas a observando.

- Por que você tentou se matar? - ela perguntou.

- Eu não vou responder a alguém que nem existe mais. - levantei-me irritado, saí da banheira e peguei a toalha ali pendurada, sequei meu cabelos e a coloquei em meu ombro indignado ao ouvir o que ela havia falado.

- Alguém que nem existe mais? - ela me olhava serena dentro da banheira, fechei meus olhos e bufei.

- Suma daqui, por favor! - disse com os olhos fechados esperando que ela fosse embora logo, abri meus olhos e voltei meu olhar à banheira, ela tinha ido embora. 

Suspirei aliviado e tirei minha roupa molhada, envolvi a toalha em minha cintura e quando me direcionei a porta ouvi novamente a voz dela.

- Você não vai responder a minha pergunta? - olhei-a em pé com uma toalha envolvendo seu corpo, ela tinha uma expressão de criança birrenta, ri comigo mesmo.

Eu estava ficando louco, ela me perseguia não importava onde eu ia. E quando pensava que ela tinha ido embora, lá estava Anne a me observar e falar comigo. Abri a porta e fui em direção a minha bolsa, peguei minha roupa e me vesti. Deitei-me na cama, aquilo estava me estressando, era como se a culpa tivesse encontrado uma forma de me torturar.

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