Cap.1: A Jornada Começa.

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Não olhe para trás, nem pare neste vale, fuja se não você vai morrer

(Gênesis 19:17)

Quando eu acordei estava em uma estrada reta que desaparecia no horizonte. Uma estrada que era feita de barro vermelho, que se localizava no meio do nada. No meu lado esquerdo e do meu lado direito havia somente areia como em um deserto, o céu era alaranjado e o sol vermelho. O sol batia nos montes de areia e elas o refletiam ficando tão vermelhas quanto ele, a estrada era feita como se algum trator, a tivesse feito, uma estrada cavada. O ar era quente, meu nariz doía a cada inspiração, e o vento que havia naquele lugar também era quente e trazia muita areia que quando batiam na minha pele era bastante incomoda. Então levantei e olhei melhor em volta, olhei para o chão, e havia muitas pessoas há minha volta. Amigos, pessoas que eu conhecia, as mulheres que eu me envolvia todas essas pessoas estavam dormindo ou acordadas jogadas no chão e muito sujas. Haviam outras na estrada, haviam pessoas até onde minha visão alcançava e todas estavam pedindo ajuda, eu estava de pé, mas estava tão fraco quanto elas, e não podia ajudá-las mesmo me sentindo mal por elas, tinha medo de ser fraco, tentar ajudar e acabar caindo junto. Eu não sabia onde estava, mas sentia que não tinha condições de permanecer naquele local e a solução mais sensata naquele momento foi caminhar em frente, não sabia para onde aquela estrada iria me levar, mas com certeza era melhor do que onde estava. Fui tentando ignorar os gritos e pedidos de ajuda, e de acordo que eu andava eu via pessoas se levantando como eu me levantei e andando muito devagar como eu, depois de algum tempo andando tinha pelo menos três pessoas caminhando na mesma direção que eu. Eu sentia meu corpo pesado, como se tivesse um fardo nas minhas costas por isso andava me arrastando, mas enquanto eu estava andando fui me sentindo mais forte; Parecia que o fardo invisível foi ficando mais leve, quanto mais eu andava mais me sentia enérgico para continuar, ao invés de ficar mais cansado. Depois de caminhar alguns quilômetros estava me sentindo melhor e das três pessoas que andavam logo atrás de mim apenas uma continuava a caminhar, era um rapaz, que tinha um cabelo Dreadlock uma pele morena, e olhos castanhos, ele estava usando uma camiseta e um short, com os pés descalços, aparentava ter cerca de vinte e cinco anos. Mesmo estando aparentemente mais fraco e cansado do que eu, ele andou um pouco mais rápido e conseguiu me alcançar, eu não conseguia falar quando levantei de tão fraco que eu estava, mas depois de caminhar fui ganhando minha voz. Ele já estava conseguindo falar, mas somente sussurrando, ele perguntou meu nome e eu disse que era Richard e ele disse que o dele era Marcelo, nosso dialogo era bem limitado, ele estava tão sujo quanto eu, suas roupas estavam tão rasgadas quanto as minhas. Depois de muito andar parei em frente a uma cidade aparentemente abandonada, com duas toras gigantes na entrada e uma placa de madeira presa nas duas toras, em cada tora existia um corpo pendurado pelo pescoço, e na placa estava escrito em sangue:

"A sua vida é feita de escolhas, mas nesse lugar sua vida não é sua."

A cidade era escura e eu parecia ver vultos passando a todo o momento, senti um frio na barriga, mas tinha que seguir em frente, já que era o único caminho, e se eu tentasse criar um caminho pelas areias do deserto certamente me perderia e morreria. Eu estava bem melhor, o fardo nas minhas costas eu quase não sentia, mas o Marcelo não estava bem, a caminhada dele pareceu não fazer nenhum efeito positivo para ele, e inesperadamente ele caiu bem diante de mim, eu fiquei parado sem saber o que fazer, um nervosismo misturado com pânico tomou meu coração, dei alguns passos para trás, mas logo em seguida, me abaixei e tentei acordar ele, mas ele nem ameaçou acordar, não sabia o que fazer, eu teria que levar ele nas costas e eu não estava tão bem assim, certamente eu cairia depois de alguns metros, eu só tinha duas escolhas, seguir a estrada garantindo a minha sobrevivência naquela estrada que por algum motivo eu tinha certeza que me levaria para um lugar bom ou arriscar minha vida por uma pessoa que eu nem ao menos conhecia direito. Minha escolha foi a mais sensata a se tomar naquela situação, então segui em frente sozinho. A cidade era feita de prédios muito altos e abandonados, estava escuro, pois eram poucos os raios de sol que penetravam por entre as frestas dos prédios. O chão era coberto por um vapor estranho, como nos clássicos filmes de terror, e havia criaturas estranhas que eu pensei no momento que eram demônios, mas descubro mais tarde que não é exatamente isso. Saindo continuamente de uma janela e entrando em outra, rapidamente saltando do teto de um prédio para outro do outro lado da estrada, e gritos ecoavam por toda cidade, gritos que não havia como saber a direção, pois ouvia gritos distantes, próximos, e às vezes pareciam estar do meu lado, todos ao mesmo tempo. Comecei a andar pelo meio da cidade olhando para os prédios, e enquanto olhava percebi que os prédios eram ocos, sem paredes dividindo cômodos ou andares, de repente tudo parou as criaturas pararam de pular e de correr pelas paredes, os gritos se calaram e junto com eles eu também parei, olhei em volta assustado, e uma voz um pouco rouca começou a falar baixo na minha cabeça

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