Capítulo 8

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"Querido diário,

Bem sei que já há algum tempo que não te escrevo, na verdade, as novidades para te contar não eram muitas. Trabalho casa, casa trabalho, a vida monótona de sempre. No entanto, desde que aceitei ir àquela festa com as minhas duas amigas das quais já tantas vezes te falei, Grace e Laurel, as coisas têm estado um pouco turbulentas. Conheci um rapaz mas não comeces a pensar coisas, foi a pior coisa que podia ter acontecido, quando finalmente decido sair da minha monotonia acontece-me isto, sei que, provavelmente, não estás a entender muito ou mesmo nada do que estou a falar mas eu passo a explicar. O rapaz chama-se Harry, é amigo do Evan e eu nunca o tinha visto na vida, na festa fez-me um solene convite para dançar e eu, com a minha ingenuidade, aceitei, e foi aí que tudo começou, ele não queria apenas dançar e, tu sabes bem, que eu sou impulsiva, então, dei-lhe um estalo. Hoje perturbou-me diversas vezes, foi até o meu local de trabalho, fez questão de almoçar comigo e, acaso do destino, encontramos-nos ao lanche. A ti não te posso mentir, ele é muito bonito mas também é mal-educado, arrogante e pensa que pode ter a miúda que quiser mas, comigo não vai ter sorte. A pergunta é, porque é que ele me tira do sério? Não tenho uma resposta exata mas deve ser por me estar sempre a cruzar com ele e por ser estúpido.

Deixando de falar dele, tenho outra novidade, adivinha sobre o quê? Se pensas-te trabalho adivinhas-te. Sim, eu sei que a maior parte das vezes te falo sobre o meu trabalho mas não tenho culpa que a fotografia ocupe grande parte dos meus dias. Vou fotografar uma campanha especial com um estilista famoso que será divulgada na revista, não é fantástico? Pena que só comece para o próximo mês, enfim, vou ter de esperar mas a minha equipa está toda muito entusiasmada.

Tenho sentido, ultimamente, saudades dos meus pais, já vai fazer 1 ano que não os vejo, esse é o pior lado do meu trabalho, deixa-me muito pouco tempo livre. Pensei ir visitá-los mas com esta nova campanha nem férias vou ter provavelmente, pode ser que daqui a uns meses consiga ir ao pé deles matar as saudades que só tendem a crescer.

Volto a escrever-te quando tiver mais novidades,

Sara

10, Abril 2016."

Fecho o meu diário e guardo-o numa das gavetas na minha mesa de cabeceira, acomodo-me na minha cama, estico a mão apagando a luz do candeeiro e rapidamente adormeço depois deste dia tão longo.

[Dia seguinte]

Acordo com o som do meu despertador que, na verdade, é o meu telemóvel. Ponho uma mão fora da cama e desligo o alarme. Sei que tenho mesmo de me levantar mas a vontade é nula.

Bocejo ainda no meio dos meus lençóis e espreguiço-me de seguida, levanto-me com muito custo e arrasto o meu corpo até a casa de banho, olho-me ao espelho mas depressa desvio o olhar ao ver a minha cara de sono e com olheiras. Tiro o pijama do meu corpo e a roupa interior e entro no chuveiro tomando um duche quente e relaxado.

Duche tomado, dirijo-me a uma das gavetas da minha cómoda procurando uma roupa interior e acabo por vestir uma cinzenta muito simples. Procuro uma roupa à pressa depois de ver no telemóvel que já são 8:30 e eu entro às nove e visto algo simples mas bonito.

Passo apressadamente pela cozinha tirando uma maçã da fruteira, pego nas chaves de casa que estavam em cima do móvel à entrada e saio apressada

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Passo apressadamente pela cozinha tirando uma maçã da fruteira, pego nas chaves de casa que estavam em cima do móvel à entrada e saio apressada. Dirijo até o meu trabalho e chego às 9:07 am, não foi assim tão mau.

[1 semana mais tarde]

Pergunto-me porque raio vou sair a estas horas, são 1:32 am e, sem sono, resolvo sair um bocado de casa para dar uma volta, pego no meu carro e saio a conduzir sem um destino definido. A noite está agradável e apetece-me aproveitar um pouco, sinceramente não sei muito bem o motivo mas, ultimamente, tenho tido muitas insónias, talvez seja fruto do stress do trabalho.

Passo pelo centro da cidade, que é praticamente onde vivo, com o objetivo de me dirigir a um parque que eu conheço já fora da cidade. Distraio-me com os meus pensamentos e quase vou atropelando alguém, um rapaz que cambaleia no meio da estrada tropençando nos seus próprios pés. Dou-lhe uma buzinadela e o moço olha pra o carro e é aí que eu tenho oportunidade de ver a sua face, Harry.

-"Mas que raio andas a fazer assim no meio da rua?"- falo logo depois de sair do carro

-"Hum...."- ele para encarando-me- "Sandra, Susana..."- tenta adivinhar o meu nome e eu vou até ele segurando-o de lado, ele apoia o seu braço nos meus ombros e continua a dizer nomes até acertar.- "Sara"- fala um pouco mais alto- "Sara é isso"- eu vou caminhando com ele até o carro e sento-o no lado do pendura sem dizer mais nada.

Entro no lado do condutor.

-"Onde moras?"- ponho o cinto e pergunto para que o possa levar a casa, afinal não posso deixar uma pessoa neste estado na rua a uma hora destas, durante a ultima semana, graças a Deus, nunca mais o tinha visto mas parece que os nossos destinos teimaram em cruzar-se novamente.

-"Na minha casa"- responde e logo de seguida dá uma gargalhada bastante audível.

Eu reviro os olhos e mantenho a calma.

-"E isso fica onde exatamente?"- insisto.

-"Num sítio"

Desisto de que ele me diga o que quer que seja, arranco e faço o caminho de volta até a minha residência, não o vou deixar na rua.

Claro que, a viagem foi feita com o Harry a fazer tentativas de piada mas eu permaneci todo o caminho calada.

-"Vamos"- ajudo-o a sair do carro já dentro da garagem e caminhamos os dois até o interior da casa. Subo as escadas com ele, não foi fácil, admito mas consegui. Entro no quarto de hóspedes, que ainda tinha algumas coisa de Laurel e Grace e até Evan uma vez que eles passam aqui a vida, levo-o até a casa de banho e coloco-o de baixo do chuveiro.

-"Foda-se está fria"- resmunga num tom a choramingar- "Anda para aqui também"- pede estendendo-me a mão.

-"Ninguém te manda embebedar"- resmungo- "Vou já"- digo num tom sarcástico.

Viro-me para ir buscar uma toalha e ele puxa-me de repente fazendo com que eu me molhasse toda.

-"Estás parvo?"- empurro-o- "Já me arrependi de te ter trazido aqui para casa"- grito e ele faz uma cara de bebé chorão.- "Pronto desculpa..."- peço depois de ele quase começar a chorar- "Mas não voltes a fazer isso"- saio do chuveiro, busco uma toalha para cada um de nós.

-"Pega"- entrego-lhe uma das toalhas depois de desligar a água- "Eu vou ver se arranjo uma roupa para ti"- saio da casa de banho e procuro umas roupas do Evan, encontro apenas uma t-shir e nada mais.

Ele sai do chuveiro ainda meio tonto e apenas de boxers o que me deu visão para apreciar o seu belo corpo.

-"Toma"- entrego-lhe a t-shirt- "É tudo que tenho"- falo e ele vai até a cama ainda a tropeçar e senta-se na mesma.

-"Fica à vontade"- vou até a porta do quarto- "Até amanhã"- dito isto saio do compartimento e dirijo-me para o meu quarto, visto o meu pijama e consigo adormecer.

By: Mari

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