Capítulo I

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— Não vou repetir minha pergunta, senhorita James — disse Eduard Guillier, o "dono da verdade". Ele tinha esse apelido por saber quando uma pessoa estava mentindo, por isso trabalhava na parte de interrogatório.

Depois que me algemaram, fui embora dentro de um carro dos guardas, sendo chamada de "rebelde" pela a multidão. E, para a minha surpresa, Melissa não fez nada para impedi-los. É ótimo saber que não posso contar com mais uma pessoa.

Agora, estava num cúbico cinza, sentada numa cadeira de metal gelado e sendo interrogada por Eduard Guillier, mas não estava sendo ouvida por apenas ele. Uma equipe, do lado de fora do cúbico, também estava esperando por minha resposta. Eu, sinceramente, não sabia se falava a verdade sobre a arma. Até porque, se eu falasse, iria ter de falar a verdade sobre tudo. Mas, que diferença isso iria fazer? De qualquer forma, eu vou ser executada. Eu violei a lei mais importante da Divisão A.

— Meu pai era um guarda e ele tinha uma arma escondida dentro de casa. Ele faleceu e eu, por acaso, descobri essa arma — respondi, tentando ser mais vaga possível.

— Joseph James? — questionou, arqueando a sobrancelha. Assenti, olhando para o chão de mármore. Este tipo de pedra é raro alguém ter e se o governo tem, é claro que eles têm boas economias. Eles estão roubando o dinheiro do povo, outra lei importante.

— Parece que houve mudanças nas leis, não?

— Não. Por que acha isso? — disse Eduard Guillier, gargalhando da minha pergunta.

— Porque vocês têm mais dinheiro do que deveria, portanto roubam do povo — respondo, o fazendo parar de rir. — Você sabia que existe família que passam fome? Eu sou muito sortuda por ainda ter o quê comer.

Pela primeira vez nas poucas vezes que o vi, Eduard Guillier não tinha resposta. Estou surpresa e acho que a equipe do lado de fora também está, pois não consigo mais ouvir zumbidos em forma de palavras abafadas. Ele dá um longo suspiro, como se estivesse cansado, mas logo retorna a sua postura anterior.

— Bem — ele limpa a garganta. —, você parecia ser bem familiarizada a uma arma na hora da sua descoberta. Quem a ensinou a usar uma arma?

Engulo o seco, fazendo minha garganta doer. Estava nervosa, mas não tinha motivo, já que tinha decidido que iria contar tudo. O que era pra ser um segredo, agora vai ser uma surpresa pra todos da Divisão A, pois as novidades se espalham muito rápido por aqui. Fecho os olhos, não para dormir, para ter certeza de que tudo não é um pesadelo.

Quando afasto minhas pálpebras, acabo por olhar novamente para o rosto de Eduard Guillier. Ele tinha muitas marcas de expressões espalhadas pelo o rosto, mesmo sendo novo para adquiri-las. Ele tinha olhos azuis e tão claros, que ao sol devem parecer brancos. Os lábios eram rosados e bem finos, mas visíveis. Provavelmente, na minha idade, ele devia ser bonito e ter fama com garotas. Pelo o que a entrevistadora de um programa de TV que assisto disse, ele foi casado 3 vezes em toda a vida e que o motivo de todas as separações era traição da parte dele.

— Bem — digo, suspirando em seguida. —, eu assistia aos treinamentos dos guardas todos os dias, sem falta. Eu me interessei e acabei treinando como eles.

— Como treinou com eles sem ser vista ou ouvida?

— Existe uma casa abandonada ao lado do muro que divide a Ária do Exército e esse muro é antigo, então há alguns buracos neles, onde eu os assisto. Eu, normalmente, treino quando todos estão treinando, pois assim vão ter muitos barulhos e o meu não vai ser distinguido. — explico, traçando os braços em frente aos meus seios. Volto a ouvir cochichos do lado de fora da sala onde eu estou e presumo que eles vêm da equipe.

Quebrando as Regras [RASCUNHO]Onde histórias criam vida. Descubra agora