Quebrando as Regras [RASCUNHO]

Capítulo II

Acordo ao som de trombetas sendo tocadas do lado de fora da casa. Ao abrir olhos, vejo pessoas caídas no chão, talvez seja pelo o susto. Sento no beliche, me despreguiçando. Levanto-me e olho as roupas e botas de couro no chão. Pego-os e carrego até o banheiro feminino, onde há uma fila com cerca de cinco garotas à minha frente. Ótimo, terei que ficar em pé por meia hora.

Balanço uma perna com pressa, vendo uma garota morena sair do banheiro e outra entrar. Mais alguns minutos se passam e a garota que estava atrás de mim pousa sua mão no meu ombro. Viro-me e vejo uma garota pálida e loira franzir as sobrancelhas.

— Será que dá pra você parar com isso? Está me deixando ainda mais nervosa. — disse ela, traçando os braços sobre os seios.

— Desculpe — sussurro, envergonhada. Paro com meu gesto de nervosismo e a fila voltou a andar.

Depois de um tempo, eu seria a próxima a utilizar o banheiro. A garota nervosa atrás de mim suspirou e eu revirei os olhos, cansada. Eu, certamente, só dormi umas seis horas e normalmente durmo nove horas. As solas dos meus pés começam a doer e meu nervosismo aumenta. O que será que iriamos fazer? Bem, eu realmente devo saber, mas eles serão mais rigorosos com o tempo que têm. E se, por acaso, eles atacarem eu não estivermos prontos? Eu não vou suportar, estou sozinha, sem ninguém com que eu posso confiar. Claro, há o Jack, mas eu o conheci ontem! Ganho fácil a confiança das pessoas, entretanto não tão fácil assim. Em falar em Jack, onde ele está? Não o vi hoje de manhã.

Decido procura-lo depois, pois a garota que ocupava o banheiro sai e eu o entro. Ele não é tão pequeno assim, daria para três pessoas trocarem de roupas aqui, mas ninguém se conhece. Havia um vaso sanitário, uma pia, um sabonete, uma pasta dental e um espelho. Acabo me lembrando de que preciso de escovas de dente, meu hálito não é muito suportável. Arregalo os olhos ao perceber que falei com a menina loira com meu hálito fedido.

Retiro minhas roupas e quando estou apenas de peças íntimas, analiso a rouba que me deram. Ao pegar a blusa de tecido grosso, vejo uma escova de dente e um pente e acabo por agradecer mentalmente por existir mulheres por aqui, pois com certeza elas que organizaram tudo isso. Estendo a blusa vermelha e vejo que tem mangas curtas, provavelmente por causa do clima quente e depois a visto, junto da calça de couro preta e as botas também pretas. Faço minhas necessidades matinais, inclusive escovar os dentes e penteio o cabelo. Infelizmente, o laço de silicone se rasga e tenho que ficar com os cabelos soltos.

Ao sair do banheiro carregando minhas antigas vestimentas e pente e escova de dente, a garota loira nervosa dá um sorriso falso para mim. Ignoro-a e volto para meu beliche esperando encontrar Jack lá, mas para meu azar a cama de cima está vazia. Olho ao meu redor e vejo algumas pessoas colocando seus pertences debaixo do colchão de suas camas, então faço os mesmo.

Um grupo de amigos risonhos saia do quarto e eu os sigo, sem saber aonde eles vão. Depois de atravessar a porta e andar pelo o corredor em direção da escada, concluo que estamos indo para o refeitório. Ah, claro, vamos nos alimentar!

O espaço está mais cheios que ontem, provavelmente seja porque até mesmo alguns funcionários comem. Fico parada na porta de entrada do refeitório, mas depois de alguns empurrões, decido sair dali. Paro perto de uma cabeça de um tigre e pelo meu olhar, procuro por Jack. Mesmo que a cor dos seus cabelos seja de uma tonalidade chamativa, também há outros ruivos por aqui, mas seu sorriso acaba por me fazer encontra-lo. Ele está sentado na mesa da cabeça do leão, onde jantamos na noite passada, junto da garota loira nervosa e o guarda que me alertou perto do carro. Decido ir até ele.

Apoio minha mão em seu ombro e abro um sorriso. Jack vira seu rosto e seu olhar encontra o meu.

— Bom dia — digo, retirando minha mão do ombro de Jack — Posso me sentar aqui?