União

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- Lorena - diz ainda espantada - O seu empresário me trouxe até aqui, acho que...
- Ele se confundiu - diz Júlia
- Sim.
E então voltam a se encarar de novo.
Para Júlia isso além de estranho, era justificável, aliás, foi entregue ao orfanato por sua mãe e não seria impossível ter uma irmã gêmea.
Para Lorena, já era mais complicado, além de ter algumas diferenças, sempre achou que fosse filha de sua tão amada mãe. Por que ela mentiria esse tempo todo? - Pensava, enquanto sua cabeça explodia cheia de justificativas mal formuladas.
- Sinto muito pela forma que ele te tratou. Já estou acostumada - Diz Júlia.
- Percebi pelo tom que ele falou, mas tudo bem. Eu só tenho que encontrar com minha amiga.
- Claro, se quiser te levo a bilheteria.
- Não é preciso, eu não tenho ingresso.
- Hm... Não é problema - pega em sua bolsa um ingresso - Toma, pra você.
Lorena se aproxima e segura o ingresso.
- Obrigado.
Nesse meia conversa, elas fingem que nada tivesse acontecido. Lorena, principalmente, tentando não enxergar o inevitável. Aliás, o que sua mãe queria conversar com você, logo nesse dia.
- De nada.
- É... você tem que se arrumar... E eu tenho que encontrar minha amiga... Então, é muito bom te conhecer.
- Bom te conhecer também.
- Antes de ir - coloca a mão na bolsa e pega o seu CD - Será que você poderia me dar um autógrafo?
- Claro - Diz com um sorriso de lado.
Lorena sai, vai se encontrar com Sabrina. Já Júlia vai se arrumar. As duas ficam pensando uma na outra. Lorena prefere não dizer o que aconteceu à Sabrina. E as duas seguem o dia como se nada tivesse acontecido.

                                 ...

Mais tarde na casa de Júlia
- É oficial, estou exausta, estou morrendo, quero minha cama. - Diz Júlia
- Quanta pressão, vem cá, que a mamãe vai da um carinho. - Diz Margo dando abraços seguidos de beijinhos do jeito que toda mãe mima a filha - Vai tomar um banho e deitar minha mini Estrela.
- Tá bom - Diz dando um beijinho retribuindo o carinho da mãe. - Mãe, eu queria conversar com você.
- Okay, vai tomar um banho que eu já chego lá.
Passa alguns minutos e Margo chega no quarto de Júlia e a vê deitada na cama, ela deita também dando um abraço apertado na filha.
- E então, sobre o que vamos conversar?
- Eu tenho uma irmã gêmea? - Diz Júlia de uma forma fria e totalmente direta.
- Nossa! Temo não saber responder está pergunta, mas pelo seu rosto acredito que eu nem precise responder. O que aconteceu?
- Mais cedo... quando cheguei no camarim, tinha uma garota, o nome dela é Lorena. É incrível, parecia que estava olhando em um espelho.
- Sério que isso aconteceu e você não me contou?
- Estou contando agora... Precisa me ajudar a encontrá-la. Preciso conhece-la, conversar com ela, saber por que nos parecemos tanto... Preciso de resposta mãe.
- Calma, olha, vai dormir, amanhã vamos parar para investigar isso. Vamos achar o endereço dela ou o número e você vai poder tirar essas dúvidas, okay?
- Tá, não sei se vou consegui dormir... Mas tá. Boa noite.
- Boa noite filha.

Na casa de Lorena:
Lorena chega e vai tentando fazer o mínimo de barulho possível até o seu quarto. Mesmo após algumas horas, não conseguia entender o que tinha acontecido, ou melhor, não conseguia pensar em uma resposta. Lembrava que sua mãe queria conversar contigo, mas não queria ouvir nada, iria descansar e no dia seguinte conversaria com sua mãe sobre o ocorrido.

                                ...

No dia seguinte na casa de Lorena:
Lorena acorda cedo como de costume mesmo sendo domingo, mas esse domingo ela teria então uma razão para estar de pé logo cedo.
Desce as escadas até a sala onde ver sua mãe assistindo televisão, senta ao seu lado e fica a olhando fixamente.
- Oi, não te vi chegar ontem. - Diz Rosie
- É, cheguei tarde e não quis te acordar. O que queria conversar comigo? - Faz a pergunta, antes de desabafar tudo.
- É sobre....
- Eu sou adotada? - Não aguenta e faz a pergunta sem deixar sua mãe falar antes, seus olhos estão lacrimejando deixando seus olhos de azuis para verde.
- Filha......
- Responda mãe.
- Eu queria te contar antes, mas.... não tive coragem.
- Não teve coragem? Mas e eu? Não pensou em como iria descobrir isso? Não pensou em como ficaria? Pois é, estou acabada, estou triste, porque não entendo por quê mentiu pra mim esse tempo todo.
- Você tem todo direito de estar irritada, mas eu posso explicar. - Conta então tudo a ela, sobre sua mãe, porém sem mencionar seu nome e sobre o porquê de ela ter adotado.
Lorena se cala e esculta tudo.
- Tem que me perdoar por não ter te contado a verdade. Apenas entenda que eu fiz tudo por você meu anjo, tudo para seu bem. Quando tive a oportunidade de ter um filho, não pensei nas consequências e pensei que seria mais fácil não contar nada. Eu sinto muito... Mesmo.
Lorena esculta, pensa e se cala por um bom tempo.
- Não vai me falar nada? - Diz Rosie.
- Eu te perdoo mãe. - Responde friamente, se levanta e vai para o quarto.
Horas se passam e ainda não caia a ficha, quanto coisa aconteceu em um dia, quanta coisa para entender.
Mais tarde, lá para 17hs a companhia toca. Rosie atende e deixa a visita entrar. Ela então sobe até o quarto de Lorena e bate na porta.
- Não quero falar com ninguém - Responde Lorena.
Rosie abre a porta e anuncia a visita.
- Acredito que com ela você queira falar.
- Oi mana - Entra Júlia empolgada e vai até a cama onde Lorena está deitada e com os olhos inchados de chorar.
- O que faz aqui? Como achou minha casa? - Diz Lorena.
- Tenho meus contatos. - Diz sorrindo. - Bom... Para de chorar, sai dessa cama e vamos sair, acho que precisamos conversar sobre nós.
- Tá bom - Diz sorrindo, enxugando seus olhos e levantando.
Elas saem e ficam andando pela rua, conversando uma sobre a outra, falam dos seus pais, amigos, sonhos, problemas. E em pouco tempo já compartilhavam as emoções de ter uma irmã.
Andaram até a Praça Amizade.
- Por que o nome é Praça Amizade? - Pergunta Júlia curiosa.
- Bom, dizem que os fundadores criaram essa Praça com a intenção de amigos se encontrarem. Olha - aponta para uma árvore - Naquela árvore tem um nome de várias pessoas, amigos provavelmente. - Então levanta do banco que tinham sentado - Vem!
Júlia segue Lorena que pega uma pedra no chão e escreve "Lorena + Júlia"
As duas se olham e sorriem.
- Gostei - Diz Júlia quando seu celular toca - É meu empresário, tenho que ir.
- Trabalha dia de domingo?
- Eu trabalho quando ele quer, não tenho vida.
- Nossa, não seja tão rude.
- Não estou sendo, é que ele me irrita. Me afastou da minha escola, amigos... Pensei que seria mais fácil.
- Ele te afastou ou o trabalho lhe afastou?
- Ele afastou. Sabe, eu poderia ter um começo mais tranquilo, mas ele está me fazendo investir muito alto e fez a cabeça da minha mãe para eu evitar a escola e amigos...
- Não parece muito feliz com isso.
- Não mesmo, tenho saudades da minha antiga vida, me sinto só agora.
- Nunca vai está só. - Lorena responde carinhosamente dando um abraço.
- Obrigado. - Diz retribuindo o abraço - Agora eu tenho que ir. Nos vemos depois?
- Nos vemos depois!
E então Júlia vai embora e Lorena retorna até sua casa. Impossível descrever os sentimentos que essas duas irmãs sentiam, queriam estar juntas, compartilhar conversas e opiniões, não viam a hora de se reencontrarem novamente.

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