Capítulo 04. Maitê

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Maitê:

Hoje o dia até que foi bem tranquilo na clínica. Na parte da manhã verifiquei os exames da pequena Madeleine e já assinei sua alta. Verifiquei os outros animais, tudo certo. Já são 17hs, vou para casa me preparar para o espetáculo de hoje.

Grupo:

Maitê: nossa o que aconteceu? 17:30 da tarde e ninguém se manifestou hj?

Kathy: Ressaca -_-

Millis: Cuidando da ressaca dela.

Chris : Cuidando da ressaca das duas e da minha :/

Jacke: Td fraca! Tô quase saindo do escritório.

Conversamos mais um pouco, Kathy claro foi muito zoada, também pudera bebeu ontem como se o mundo fosse acabar!

Chegando a casa, depois de falar com minhas crianças vou para o meu quarto. Ele fica no sótão, é nele que ensaio minhas coreografias.

A decoração é árabe, todo ele é rodeado de janelas em formato de gotas, com cortinas vermelhas em todas as janelas. No teto tem espirais de gesso com lâmpadas embutidas, dando uma iluminação aconchegante ao quarto.

No centro do quarto fica um colchão redondo no chão vermelho com bastante almofadas. Tem espelhos espalhados em vários locais pelo quarto. Do outro lado existe uma banheira de ofurô.

Eu tenho um closet com uma área só para roupas e acessórios para dança do Leste ou como é conhecida dança do ventre.

Hoje opto pela dança com velas na taça. Escolho um look vermelho com uma saia longa aberta nas pernas, lenço com muito dourado e um bojo de paitê vermelho, além do meu fiel companheiro o lenço de rosto também na cor vermelha. Vou para o meu banho me arrumar.

Chegando ao clube, vou para o camarim trocar de roupa. Acendo as velas e fico posicionada atrás das cortinas. Estou de frente para o camarim e de costa para o público.

Começa a tocar Awakim the Goddess de Mosavo, já com as velas acessas em uma de cada mão, começo a mexer meu quadril de forma sincronizada com a música, dançar com velas exige bastante concentração para não me queimar.

Mexendo os braços com as velas eu me entrego ao prazer da dança, ondulando e batendo meu quadril sempre no ritmo das batidas. Começo a girar pelo palco quando as batidas se identificam.

Esqueço que estou em um lugar público rodeado de homens, que vem aqui para fechar negócios ou apenas para relaxar depois de um dia longo de trabalho.

Muitos nem me olham, mas hoje existe algo diferente nesse lugar, sinto que estou sendo observada, mas me concentro na minha dança, não me deixo atingir por essa sensação esquisita. Há algo novo, mas ainda não sei o que é.

A música termina, já estou bem suada, vou a frente do palco para receber os aplausos, quando um par de olhos azuis está vidrados em minha direção. Sem perceber deixo as velas e as taças caírem no chão, estou trêmula dos pés a cabeça.

Só tenho 1% do meu cérebro está ativo neste momento, o resto foi paralisado. Só voltei a mim quando um dos seguranças correm na minha direção já com as cortinas fechadas e me pergunta se está tudo bem.

Meu coração fugiu do meu corpo, já não consigo nem mesmo respirar.
- Maitê, está tudo bem?- Ouço vozes.

- Parece que ela viu um fantasma... - Será que morri?

- Maitê??? Tome essa água. -Diz Renata uma das garçonetes do clube.

- Obrigada. -É tudo que consigo dizer.

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