Prólogo

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Afrodite

Alguns anos atrás...

Olho pra Julia e reviro os olhos. É sempre assim quando a gente vem aqui no Brasil, ela esquece de mim e vai ficar com o Apolo.

Ele está ensinando ela a atirar, já que o tio Bru disse que ela poderia aprender quando fizesse doze anos.

Eu sei que ela pensa que eu ainda não sei, até porque nunca me interessei muito por essas coisas, mas minha mãe me ensinou quando eu tinha 8 anos, hoje eu já consigo usar uma arma com um porte maior sem cair no chão depois de atirar.

— Ju, vamo logo — digo já começando a ficar irritada

— Qual é morena, deixa sua prima se divertir — o Apolo diz com aquele sorriso idiota que tenho vontade de arrancar da cara dele

Apolo é filho da tia Nick, e com 14, é um ano e sete meses mais velho que eu e já se acha o dono do mundo. Nem dono do morro ele é.

Nasci nos Estados Unidos, mas confesso que mantenho uma paixão secreta pelo Brasil, não sei muito bem o que é, eu me sinto em casa quando estou aqui, só que infelizmente daqui três dias nós voltamos pro mundinho perfeito que é o lugar onde vivemos, onde está a minha casa, e não o meu lar.

— Você sabe que eu não gosto dessas coisas — reviro os olhos

— Você tem que honrar o legado da sua mãe Dite — Julia fala séria

Bia, antes conhecida como Pikena, é a minha mãe, a maior chefe de morro que já existiu no Brasil. Ela, meu pai — o Thiago —, minha tia Nay e meu tio Bruno, comandavam as maiores comunidades do país, o Alemão e a Rocinha, até que
os mesmos decidiram largar o crime por conta da família, eu não acho que eles são realmente felizes longe de tudo isso, mas foi escolha deles.

Julia, minha prima, é completamente apaixonada pelo mundo do crime e simplesmente não esconde isso de ninguém, o tio Bru tem até um pouco de medo disso, mas no fundo ele tem um certo "orgulho".

Meus pais e meus tios deixaram a favela, mas no fundo a favela nunca saiu de dentro deles.

* * *
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Beijos, Tia Cá.

Filhos do LegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora