Capítulo 1

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Afrodite

Acordo antes mesmo do despertador tocar e confiro se peguei tudo. Hoje é um dos dias mais esperados em todos os meus 17 anos, o dia em que eu estou indo morar no Brasil.

Entro no banheiro do quarto onde passarei meu último dia morando nos Estados Unidos e sorrio, eu não odeio esse lugar, só me sinto melhor no país dos meus pais.

Faço minha higiene, visto minha lingerie preta e caminho até o closet onde se encontram apenas duas peças de roupas e meu tênis. Ajeito a barra do meu short e olho no espelho que ocupa toda a extensão da parede, parece um look bom pro Rio de Janeiro, a cidade onde o calor é intenso e as praias são lindas.

 Ajeito a barra do meu short e olho no espelho que ocupa toda a extensão da parede, parece um look bom pro Rio de Janeiro, a cidade onde o calor é intenso e as praias são lindas

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Desço pro primeiro andar e vejo que minha mãe também se encontra acordada.

— Bom dia rainha — digo dando um beijo em sua bochecha

— Bom dia princesa. Tá fazendo o que acordada? O vôo é daqui cinco horas ainda. — fala colocando café na minha xícara

— Eu poderia fazer a mesma pergunta Dona Bia, mas acho que seus motivos são os mesmos que os meus. Ansiedade. — tomo um gole de café e ela sorri

— Eu sinto tanta falta do morro — ela sorri fraco — Essa tranquilidade é gostosa e reconfortante, só que sinto falta da adrenalina que aquele lugar me transmitia, não do crime, mas da intensidade em que eu vivia — suspira

— No fundo você sente um pouquinho de falta do crime que eu sei — ela ri

— O espírito de chefe do morro não some do nada — admite

— Vai voltar a comandar? — não tocamos nesse assunto desde que decidimos voltar pro Brasil

— Vou entrar pra linha de frente, mas comandar não, isso agora é com vocês. — ela me olha séria — se não quiser filha, não precisa, mas adquire experiência, caso não goste, quando crescer tu se muda pro asfalto e a gente não toca mais no assunto.

Eu aceno com a cabeça já pensando que eu nunca me acostumaria com essa vida.

— E a tia Nick organizou um baile pra recepcionar a gente — agora sim eu sorrio de verdade

Se tem uma coisa que eu sempre gostei no morro foram os bailes, eu amo funk, amo dançar funk e cantar funk; coloco pra tocar aqui nos Estados Unidos e os moradores vizinhos não entendem nada.

Continuamos a conversar quando de repente uma cabeleira verde azulada passa pela porta. Julia parece mais agitada que o normal e já está no pique favela, com direito a Juliet e tudo mais.

— Hoje é o dia mais feliz da minha existência — ela pula no meu colo e depois beija minha mãe

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— Hoje é o dia mais feliz da minha existência — ela pula no meu colo e depois beija minha mãe

— Tu tá pesada garota — empurro ela do meu colo rindo

— Hoje nem seu mau humor tira minha alegria Dite, eu vou aprender tudo com o tio Gus lá no Rio, virar Chefe de Armamento e segurar uma M16 como se fosse arminha de brinquedo — ela bate palmas e o tia Nay aparece atrás dela revirando os olhos

— Essa daí nasceu pro negócio Bia, não quer comandar, não quer mexer com dinheiro, o negócio dela é armamento — minha tia diz e depois passa uma mecha loira pra trás da orelha

— Nem seu cabelo loiro ela puxou, quanto mais a sua preferência por luta corpo a corpo — minha mãe fala rindo

— Não nasceu loira, mas descoloriu pra pintar de verde — ela mostra a língua como se fosse criança

Minha mãe e a Nay ainda são como irmãs, desde que nasceram elas são companheiras, e os anos não mudaram isso, a parceria delas só aumentou, e é a mesma coisa comigo e com a Ju, nessa família o laço é permanente.

— E como minha deusa grega tá se sentindo com a mudança? — tia Nay me dá um beijo na testa depois de perguntar

— Ansiosa e feliz, eu amo a comunidade e as pessoas de lá, tirando o Apolo, é claro — reviro os olhos

— Isso pra mim se chama amor — Ju cantarola e o restante das mulheres dá risada

— Que engraçadinha você Julia, já pensou em trocar a carreira de Armas pra de Comédia? — elas riem mais ainda

— Qual é filha, essa implicância toda só pode ser amor — minha mãe continua com esse absurdo

— Isso se chama ódio! O Apolo é um idiota! — quase grito estressada

— Falando do seu namorado Dite? — tio Bru fala entrando e pronto, todo mundo cai na gargalhada de novo

— Ele não é meu namorado! — fico até vermelha de raiva

— Até nome de deuses gregos vocês têm, que coincidência — Ju fala sorrindo de lado

— De quem vocês tão falando? — meu pai desce esfregando os olhos

— Da Dite e do seu genro — tia Nay fala e meu pai engasga com o nada

— Genro? Que história é essa Afrodite? — parece que todo o sono dele sumiu, e o mesmo me olha com uma cara nada boa

Uma coisa a se saber sobre meu querido pai é que ele morre de ciúmes de mim, só de pensar que eu fico com alguém, ele tem um infarto tadinho.

— Eles tão zoando pai, falando que eu sou apaixonada pelo Apolo — reviro os olhos mais uma vez, isso é uma mania que não me esforço nem um pouco pra perder

— Ah, com o Apolo tudo bem — oi?

Olho pro meu pai incrédula e ninguém parece acreditar.

— Então tudo bem a Dite namorar amor? — minha mãe pergunta

— Se for pra eu perder a minha filha, que seja pra alguém de confiança que nem o Apolo, mas só com ele, de resto a gente mata — ele me dá um beijo e eu ainda não acredito no que ouvi

Parece que temos uma conspiração rolando aqui. Eu e o Apolo? Nunca vai acontecer!

* * *
Então meus amores, o que estão achando? Devo continuar ou não?

Deixem a opinião de vocês e aquela estrelinha pra tia, porque é a única forma de saber se estão gostando ou não!

Beijos, Tia Cá.

Filhos do LegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora