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NickQue ódio eu senti quando vi o Miguel em cima da minha irmã enquanto ela chorava e gritava. Fui direto para a empresa do desgraçado do meu pai, deixei a Lena no carro e subi até o último andar do prédio.
Cecília é minha melhor amiga e eu arrumei o trabalho para ela como secretaria do meu pai. Quando ela me viu chegar, abriu um sorriso, saiu correndo da sua mesa e se jogou nos meus braços.
- Nick. - Ela suspirou.
- Cecília, como você tá?
- Eu tô bem e você?
- Furioso.
Ela me soltou. - Por quê?
- O padrasto da minha irmã tentou estuprá-la. - ela sabe de toda a história da minha família e, depois que contei sobre esse último acontecimento, ela também ficou furiosa.
- A mãe da Lena tá na sala com seu pai.
- Fazendo o quê?
Ela me olhou como se fosse óbvio. - Devem estar transando, né.
- Eu vou lá.
- Não vai, não.
- Cecília Santana, saia da minha frente.
- Nick, você pode ser grande e forte, mas eu não posso perder meu emprego por sua causa, e você sabe disso.
Eu não pude com esse argumento e me rendi. - Okay, vou esperar um pouco. - Como a sua mãe está? - perguntei.
- Acho que piorou. Ela contou pros médicos que conheceu um homem maravilhoso e simpático, mas ninguém viu esse homem, então estão achando que ela tá começando a imaginar coisas.
Eu me sentei no sofá de espera e ela se acomodou ao meu lado.
- Sabe, Cecília, sempre que lembro da sua mãe, me sinto um miserável. Eu ganho dinheiro vendendo bebida, vendo uma coisa que vicia, faz mal e, pior, que fez mal à mãe da minha melhor amiga.
Ela suspirou. - Nick, não precisa se sentir assim. Só entra em um vício quem se deixa entrar. Ela não tá assim por sua culpa, você nunca deu bebida para ela, muito pelo contrário, quando a via bebendo a levava para casa.
- Mesmo, assim.
- Esses dias, ela perguntou por você. - Cecillia sorriu. - Perguntou assim: "cadê o meu filho Nick? Tô com saudades do grandão.", ela só te chama assim e já avisou aos médicos que, se virem um garoto grandão, devem deixá-lo entrar na hora. - Nós rimos.
- A conversa está ótima, mas eu vou entrar - informei. - Não se preocupe - acrescentei ao ver sua expressão temerosa. Caminhei até a sala do meu pai, entrei sem bater e o encontrei beijando Gisele.
- O que você está fazendo aqui, Nicolas? - meu pai perguntou, soltando Gisele.
- Vim avisar que a Elena saiu de casa. - Os dois me olharam, espantados.
-Por quê? - meu pai perguntou.
- Isso é impossível - Gisele disse.
- O Miguel tentou estuprá-la mais uma vez. Por sorte, eu ouvi os gritos.
- Meu pai olhou, furioso, para Gisele. -Você me disse que isso era mentira - ele acusou.
- Eu pensei que era. Quando perguntei, ele disse que a Elena estava mentindo.
- Claro que ele ia dizer que era mentira, você não pensa, não? - perguntou meu pai. - Para aonde ela vai? - ele se dirigiu a mim.
- Pra minha casa.
Ambos me olharam, espantados.
- Nicolas, se ela descobre a verdade, você está morto. - Ele me ameaçou e eu saí. Despedi-me da Cecília com um beijo na testa e avisei que visitaria sua mãe naquela semana ou na próxima. Entrei no elevador, aguardei - inquieto - que ele chegasse até térreo e saí para a rua, em direção ao carro. Quando entrei e fechei a porta, Lena ainda estava chorando.
- Vou te animar um pouco - eu disse e ela me olhou como uma incógnita. - Vou te levar ao Mc Donald.
- Lena sorriu e limpou as lágrimas. Eu liguei o carro e dirigi até o estacionamento do Mc Donald. Entramos, esperamos na fila em silêncio, fizemos nossos pedidos, os pegamos e nos sentamos.
- Seu hambúrguer tem tanto cheddar que você vai virar uma fábrica de cheddar, vai vomitar e cagar cheddar - Eu disse, rindo, e ela me acompanhou.
- Que nojo, Nick, eu tô comendo.
- Eu também tô.
Lena revirou os olhos e eu me lembrei de Annie. Ela voltou a atenção ao sanduíche; ambos permanecemos um tempo calados, até que resolvi perguntar:
- Lena, será que a Annie vai ser sempre assim comigo? - Ela me olhou. - Não sei, a Annie é diferente das outras pessoas. Às vezes, eu acho que ela se esforça para te odiar.
- Não entendi ainda - respondi.
-A Annie não te odeia de verdade, mas se força a te odiar. Ela tá procurando os culpados pelos erros do seu pai e da mãe dela, então, como não pode descontar em nenhum dos dois, simplesmente te culpa.
- Tem certeza? - perguntei, com esperança, para minha doce irmã.
- Não, com a Annie ninguém pode ter certeza de nada. Ela é diferente de mim ou de qualquer outra garota. Às vezes, eu fico em dúvida se ela é problemática demais ou sincera demais.
- Ah! - Suspiro, com desânimo. - É chato ser odiado e culpado por uma coisa que não fiz.
- Eu também não iria gostar, se fosse você - disse ela, comendo batata frita.
Terminamos o nosso lanche e seguimos para o carro.
- Vamos aonde agora? - eu perguntei. - Pra casa ou quer ir a algum outro lugar? - A luz vermelha se acendeu no semáforo, e eu parei o carro. Voltei o olhar para minha irmã.
- Pra casa... Eu só quero dormir - disse, tímida, e sorriu de lado. O sinal abriu, e eu pisei no acelerador. Em meia hora, estávamos no portão da minha grande casa.
- Será que a sua mãe vai brigar? - perguntou, com medo, e eu sorri. Se ela soubesse que, a vida inteira, o sonho da minha mãe foi que ela viesse morar com a gente, não sei o que faria.
- Claro que não, minha mãe te adora e ela sempre quis ter uma filha - Eu disse, e ela riu. Estacionei o carro, desliguei, saí e peguei as malas. Ela ficou parada do lado do carro.
- Vai entrar ou vai ficar aí? - perguntei.
Lena assentiu, eu comecei a andar. Ela me seguiu e abriu a porta, quando eu pedi, já que minhas mãos estavam ocupadas, segurando as malas. Lena entrou primeiro. Eu a segui e deixei as malas dela do lado da porta, fechando-a, em seguida.
- MÃE! - gritei e uns dois minutos depois minha mãe veio correndo com parecendo assustada.
- O que foi meu filho? - perguntou.
Quando viu Lena próxima a mim, ela abriu um sorriso lindo e, com os olhos brilhando, aproximou-se e abraçou-a. - Oi, querida.
- Oi, Dona Lúcia - Lena respondeu, sorridente.
De repente me senti feliz pelo fato das duas mulheres que eu mais amava estarem a minha frente.
- Só Lúcia, não precisa me chamar de dona - disse e Lena assentiu.
Nós nos sentamos no sofá e contamos a história para minha mãe, que chorou, chorou muito, abraçada a Lena e eu fiquei desconfortável com a situação.
- Mulheres da minha vida, chega de choro, né? Já passou, a Lena já está aqui e nada aconteceu - eu disse. -Então, que tal contarmos a novidade para minha mãe? - perguntei, dirigindo-me a Lena. Queria tanto poder dizer "nossa" mãe, mas infelizmente não podia.
- Qual? - as duas perguntaram, levantaram as sobrancelhas iguaizinhas, ao mesmo tempo, e eu ri.
- O Jhonatan Rodrigues está fazendo uma reforma no restaurante e vai transformá-lo em uma discoteca também. Ele comprou o prédio ao lado, e eu vou ser barman, junto com a minha equipe - contei, com orgulho, e os olhos azuis da minha mãe brilharam novamente.
Ela se levantou e me abraçou. - Parabéns, meu filho! - exclamou. - E você Lena? - Voltou-se, indagando a minha irmã.
-Eu vou ficar responsável pelos doces e pelas apresentações de dança com o Lorenzo - Lena disse, orgulhosa, e minha mãe a abraçou novamente.
- Ai, que bom, minha filha! Estou orgulhosa por vocês, mas, filho, a Annie sabe disso?
- Sabe, mas não concorda - eu disse.
- Para Annie, o Nick serve no máximo como segurança - Lena disse e minha mãe riu.
- Agora, fala sério, se eu fosse um segurança não iria ser o mais gato? -perguntei, fazendo as duas rirem.
Permanecemos conversando e brincando durante horas. A minha mãe estava feliz como nunca, e a Lena também. Já era noite quando nós três nos sentamos à mesa para jantar. O Senhor Paschoal entrou na sala onde fazíamos nossa refeição e avisou que havia uma visita. Por alguns instantes, pensei que fosse a Annie ou um dos meninos, mas não, era meu pai. Ele entrou e se sentou conosco, se apresentando para a Lena, em sequência.
- Nicolas, você sabia que a Polícia esteve a minha empresa hoje? - ele perguntou.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Na verdade, tudo! Você e os Rodrigues.
- Os Rodrigues? - Eu, minha mãe, e a Lena nos surpreendemos. - Sim, depois que você deu uma surra no Miguel, de algum modo, eles ficaram sabendo. Johnatan, Daniel e Annie também foram fazer a parte deles e o deixaram bastante machucado.
Lena se espantou e eu sorri de lado.
- Mas o que a polícia foi fazer atrás de você? Já que todos os envolvidos são maiores de idade.
- Nicolas, eu tenho informantes na policia e eles quando souberam que vocês estavam envolvidos eu resolvi, a Annie deixou Miguel bem machucado nas partes íntimas - Ele disse, e eu ri.
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Era para te odiar
RomanceO envolvimento entre a mãe de Annie Rodrigues e o pai de Nicolas Souza, no passado, causara importantes consequências à vida dela e de sua família. Annie não consegue perdoar as pessoas que lhe causaram mal e esse ressentimento é todo direcionado a...