A verdadeira história do Heitor

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   Depois do que soube eu simplesmente não conseguia dormir, apesar daquele homem ter uma aparência sofrida ao mesmo tempo tinha um ar de ser tão doce e delicado, eu não podia acreditar estava deitada em minha cama admirando um homem que era agressor e traficante de mulheres, só poderia estar louca.

Assim que Jack chegou em meu consultório pedi que o Heitor entrasse. Não aguentava mais, precisava saber da história da vida daquele paciente, então o cumprimentei e comecei a dizer:

- Heitor, sei de tudo o que houve com você, dos crimes e de sua fuga da prisão e sabe que estou aqui para te ajudar.
Naquele momento ele me olhou com ira e disse:

- E você sabe que não tem o direito de intrometer assim na minha vida, não sabe?

- Por favor, eu só quero o seu bem, seu primo confia em mim e você também pode confiar.

- Não sei se é uma boa ideia.

- Claro, que sim, além de tudo sou profissional nunca contaria nada para ninguém, muito menos pra polícia.

- Mesmo assim doutora.

- Tenho certeza de que precisa desabafar e eu posso te ouvir.

- Você não entenderá.

- Mas posso tentar, estou aqui para te ouvir e ajudar. Me conte, conte sua história, conte o que quiser.

- Ok. Vou começar. A vida nunca foi fácil para mim, minha mãe nunca me tratou bem, me dizia coisas horríveis e agressivas, me batia e me colocava de castigo quase todos os dias, minha irmã era a princesinha dela e eu era o rejeitado, meu pai era o único que me apoiava e me amava naquela casa e depois da sua morte as coisas só pioraram, era obrigado a fazer tudo em casa e mau tinha tempo para estudar, nunca entendi porque minha própria mãe fazia aquilo comigo, eu não merecia tanto desprezo, era apenas um menino de oito anos triste e indefeso. Dois anos depois minha mãe e minha irmã morreram em um trágico acidente de carro, então fui morar com o meu primo Jack e minha Tia, cresci revoltado e aos quinze anos sai de casa e caí no mundo. Consegui ir para Boston, passei fome e dormi nas ruas até que conheci alguns bandidos que me ofereceram abrigo e me ensinaram tudo da vida do crime. Algum tempo depois entrei em um esquema de tráfico de mulheres para o exterior, a proposta de dinheiro era ótima e eu precisava. Cresci com um ódio muito grande da minha mãe, então nunca conseguia me relacionar com nenhuma mulher, acabava agredindo-a e isso me deixava muito mau, mas se alguma me falasse ou fizesse algo desagradável eu simplesmente perdia o controle.


Naquele hora pude ver a tristeza no olhar de Heitor e uma lágrima escorrendo em seu rosto, parecia mesmo estar arrependido.

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