- Bom dia a todos. Ponhamos energia em nosso trabalho o dia de hoje - diz o gerente - Recentemente tem havido algumas clientes que tem sido grosseiras com as atendentes femininas. Se alguém assim vir novamente hoje, por favor informem-me imediatamente.
- Entendido - digo, afirmando com minha cabeça.
- No pior dos casos, os matarei com minhas próprias mãos - brinca o gerente.
- Ahn? O que ele vai fazer com suas mãos? - pergunta Quíron assustado.
- Isso é tudo por hoje - conclui o gerente enquanto se dirige ao seu escritório.
- Ele é um gerente estranho - solta Quíron.
- Ei, você esta bem para trabalhar na sua condição atual? - pergunta um colega do trabalho.
- Estou.
- Que bom - diz enquanto sorri e me lança um olhar profundo.
- Obrigada - seu olhar me intimida - Algo esta..
Então o som dos sinos do relógio. anuncia que e a na hora de abrir a lanchonete.
- Marcel, você tem um segundo?! - grita o gerente.
- Claro! - responde ele.
- Então seu nome é Marcel - exclama Quíron - Ele é um cara atraente, mas um pouco sombrio - diz aborrecido - ele estava te olhando de uma forma estranha agora pouco.
- Você acha? - digo.
A porta se abre e entram uns clientes. Me apresso e os atendo.
- Bem vindos! - digo nervosa e de forma desastrada.
- Não! Assim não! - grita Quíron - Você tem que dizer " Bem vindo de novo, mestre" - me corrige - O gerente esta te encarando! Se apressa!
- Bem vindos de novo, mestres! - digo nervosa e com energia.
Levo os clientes a uma mesa vazia e escrevo seus pedidos em um pedaço de folha.
- Um chá de ervas finas e um bolinho para mim - diz um dos clientes.
- E um parfait feito pelas maos de uma donzela - diz o outro.
- Claro, mestres!
Vou me dirigindo à cozinha quando Marcel fica na minha frente.
- Eu me encarrego do chá e do bolinho.
- Sim, por favor - falo.
- Hum.. o parfait não é sua especialidade? É chamado de feito a mão por uma donzela afinal.
- É verdade - respondo envergonhada.
O que deveria fazer? Não se como preparar um parfait.
- Oh, não! Um pedido que você ainda não é capaz de fazer! - Lamenta Quíron.
- Hum... - observo indecisa as ferramentas de cozinha sem saber qual deveria escolher.
- O que você esta procurando? Não me diga que esqueceu como se faz - Marcel parece divertido.
- Maldição, acho que ele é suspeitoso - diz Quíron nervoso.
Nesse momento, Marcel pega uma caixa e verte seu conteúdo em uma taça.
- Coloca a aveia na taça - me explica - depois, creme de leite na parte superior. Então, você coloca as frutas, adiciona o sorvete..
Uma lembrança vêm a minha mente!
Marcel esta pegando minha mão e me ensinando a fazer o parfait.
- E por último o chocolate por cima.
O que foi isso? Minhas bochechas ficam vermelhas ao lembrar a sensação da mão dele sobre a minha. Ele parece perceber a vermelhidão das minhas bochechas.
- Me diz, você esta bem? - pergunta preocupado.
Me mexo rápido nervosamente e acabo jogando duas taças no chão, aonde se quebram.
- Sinto muito! - digo envergonhada e, enquanto tento pegar os vidros do chão, acabo me cortando.
Marcel pega minha mão e a põe em baixo da água da torneira, então sinto o perfurante olhar de um grupo de meninas de uma mesa próxima.
- venha comigo, por favor - me diz Marcel.
Ele me leva a uma sala e pega o botequim de primeiros auxílio e me faz um curativo. Meu dedo começa a arder.
- Doi? Sinto muito, mas se você o enfaixa com força, o sangramento se deterá - diz, e me da um adorável sorriso - Solta a faixa depois de um tempo.
- Claro - digo ruborizada e desvio o olhar de seus olhos.
- Não funciona em você, né? - diz decepcionado.
Não sei o que ele esta querendo dizer, não entendo o motivo da sua pergunta.
- Ele estava te encarando antes também - interfere Quíron.
Então, interrompendo a estranha conversa, entra um rapaz ao quarto no qual me encontrava.
- Oi, Bruno - cumprimenta Marcel.
- Bom dia - digo.
- Devi voltar ao trabalho, se isso está bem para você - diz Marcel e se dirige à porta.
- Claro, muito obrigada - respondo.
Antes e sair, Marcel pisca um olho pra mim.
Eu peço ajuda ao Bruno para colocar o botequim de primeiras emergências no seu lugar, pois era alto demais para que eu a colocasse de volta.
- Desculpa por fazer você me ajudar - digo.
- É você quem induz o efeito Pauli naquelas taças? - pergunta Bruno.
- Pau-que? - pergunto confusa.
- Efeito Pauli. O físico teórico Wolfgang Pauli era desastrado e frequentemente quebrava o equipo. Algumas vezes quebrava ferramentas só por toca-las ou por estar perto delas. Seus colegas o zombavam dele dizendo que se devia a um poder misterioso. Essa é a origem do efeito Pauli - conclui Bruno - Basicamente, você é tão desastrada quanto Pauli.
- Levou uma eternidade para ele parar de falar! - exclamou Quíron - Ele é um pouco passivo agressivo também.
- Além disso, trabalhar com um dedo lesionado pode conduzir a uma infecção bacteriana - diz Bruno enquanto me observa seriamente - devia ir pra casa.
- Isso é... - Não sei o que dizer.
- Gostaríamos de continuar procurando, verdade? Inventa um motivo para continuar aqui - fala Quíron.
- Hum... Uh.. - Pense em algo! - Na verdade não estou tao mal, então eu gostaria de ficar aqui... E já tive descanso demais. Sinto muito todo o ocorrido. Sou um estorvo, né? E...
- Desculpa. Você poderia dizer o que esta tentando falar de uma forma mais simples? - diz enquanto arruma seus óculos.
- Se eu pudesse, preferiria não sair cedo.
Ele põe a mão no queixo, parece estar pensativo, ou.. Será que eu fiz que ele ficasse bravo?
- Sua cara é tao inexpressiva que não sei o que ele está pensando - se queixa Quíron.
- Hum.. Olha... Eu...
- Entendo - me interrompe - Você quer se acostumar a seu trabalho, certo? Então vamos ter que te ajudar, vou explicar isto ao gerente.
- Por favor - digo aliviada.- Claro, se esse é o caso - diz o gerente depois de escutar a explicação do Bruno.
- Muito obrigada aos dois - agradeço.
O resto do dia eu observo meus colegas atendendo aos clientes.
- Bem vinda de novo, princesa - cumprimenta Marcel à sua cliente.
Escuto o som do sino da porta, é minha vez! Ao me dirigir à porta eu tropeço.. Vou cair! Por sorte, Marcel é o suficientemente rápido e consegue me segurar antes de eu acabar com a cara no chão.
- Tenha mais cuidado a próxima vez - diz sorrindo-me.
- Claro - digo.
Sinto de novo o olhar perfurante daquele grupo de meninas. Começo a me assustar, pois não sei a que se deva esse olhar.
O dia continua e, com a ajuda de todos, consigo fazer meu trabalho direito até a hora de fechar.
- Você trabalhou duro hoje - me anima Quíron.
- Obrigada - digo.
- Você o fez bastante bem no final.
Continuamos caminhando, já estamos a um quarteirão de casa. Ao chegar, vejo que recebi correspondência. Ao abrir a caixa de correios levo uma surpresa, é uma foto minha e minha cara esta riscada.
- Eu? - pergunto assustada.
- Você é uma aberração. Uma traidora - diz um grupo de garotas que caminham em minha direção.
Uma delas pisa minha foto e diz furiosamente:
- Você.. quebrou sua promessa, não é?
Lembranças... Elas invadem minha cabeça de novo.
Estou caminhando, umas mãos que estão segurando uma tesoura se aproximam de mim por trás e cortam uma mecha do meu cabelo.
Estou com medo! Por que eu?! O que eu fiz?
O suor escorre pelo meu rosto, me vejo pressa em meio a elas, então... Eu desmaio.
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Heroine, a garota das cartas
De TodoO que você faria se um dia acordasse e não tivesse lembrança alguma? Você ficaria confuso? assustado? Como você faria para conviver com pessoas que te conhecem mas que você não consegue reconhecer? Esta é a historia de uma garota qualquer que se viu...