Capítulo 6 - É hora da festa

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Na pista de dança não havia banda ou DJ se apresentando, o sistema de som tocava pop e rock dos anos oitenta e noventa. O ambiente era escuro e os jogos de luzes permitiam que nós víssemos apenas o suficiente dos corpos balançando. Mesmo assim, eu não era capaz de perder um movimento de John.

Ele era hilário dançando, repetia alguns movimentos loucos que eu já o vi fazer nas gravações dos shows, eu só tentava acompanhar. Não sei se as pessoas ao redor não se importavam ou não o reconheciam na escuridão, acho que cada um estava perdido em seu mundo.

John realmente respeitou a trégua e pude relaxar, me deixar ir pela batida da música. Eu não precisava de álcool ou qualquer entorpecente para sentir como se meu corpo estivesse em outra dimensão. Para mim, bastava a vibração do som pulsando em minhas veias e a letra de um bom rock para me mandar às nuvens.

Isto e o magnetismo de John. Eu podia negar o quanto quisesse, mas ele despertava algo profundo em mim. Primitivo. Contudo, alguma coisa me impedia de seguir este instinto, eu só não sabia o quê.

Acho que John tinha razão! Eu me sentia como uma corda tensa ultimamente, sendo puxada para dois lados opostos. Espero não alcançar um ponto de ruptura.

– Terra para Elle! Você realmente viaja na música, hein? – John estala os dedos na frente do meu rosto.

Dou de ombros e levanto minhas mãos acima da minha cabeça. Movo meu corpo ao ritmo da batida.

– Acontece às vezes...

Ele se aproxima de mim e coloca a mão em minha cintura.

– Você estava tão perdida... No que estava pensando?

De repente a voz de Mick Jagger começa a soar nos alto falantes cantando "I can't get no satisfaction...". John me olha com a sobrancelha levantada e começa a rir.

– Olha só! Este parece ser meu novo lema. Por que será, Helena? – ele fala sugestivamente.

– Sério? Você me pareceu bem satisfeito na festa, tinha um harém ao seu redor. – digo com desdém.

John me encara com uma expressão satisfeita.

– Está com ciúmes, Elle?

Paro de dançar, coloco meus braços ao redor do pescoço dele e falo em seu ouvido:

– Daquelas vadias? Não tenho ciúmes delas, John –ele abraça minha cintura, nos aproximando mais – Quer saber por quê?

– Por quê? – sua voz está rouca. Mil promessas em uma pergunta.

– Porque elas nunca vão te conhecer de verdade. Jamais saberão que você se importa com seus amigos e sua banda. Você faz um esforço grande para parecer desinteressado com tudo. Como se nada importasse, mas você quer mesmo ajudar aquelas crianças – olho em seu profundo azul. Seus olhos brilham com uma emoção desconhecida nas luzes intermitentes – E você é a pessoa mais metida que eu conheço! Porém, ainda guarda alguma insegurança sombria em sua alma.

John me olha sério, o momento leve passou com minha última observação. Acho que esqueci de falar sobre as suas alterações de humor.

– Eu não sou mártir ou herói, Helena. Não há camadas obscuras em mim para você desvendar – ele olha para um ponto por cima do meu ombro – Venha, tenho coisas a resolver.

John me guia para fora da pista de dança, em direção ao bar. A bartender é uma garota loira toda vestida em negro. Era linda e sensual, mas não vulgar. Deveria ganhar muita gorjeta.

Elle - sombras do passado (Série Jack Rock - volume 2) AMOSTRA!Onde histórias criam vida. Descubra agora