How the Kid turned into a Monster

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Eu estava no meu quarto, mechendo nas miniaturas de Caças TIE e X-Wings que tinha ganhado de meu tio Luke no meu aniversário de 5 anos, dois meses antes, mas não estava exatamente brincando. Minha mente estava cheia, eu eu quase podia ouvir meu cérebro trabalhando no silêncio do quarto. Eu pensava, principalmente, em meu pai. Ele não veio. Ele não estava em casa no dia do meu aniversário. Se passaram dois meses, e ele ainda não voltou. Se passaram dois meses desde que enviou o ultimo vídeo, que tinha menos de dois minutos, em que ele me desejava feliz aniversário e pedia desculpas por não estar ali justificando que tinha assuntos muito importantes para resolver, dizendo que em algumas semanas voltaria para casa.
Dois meses.
Han Solo nunca foi um pai exemplo, muito pelo contrário. Não é a primeira vez em que ele não está em casa no meu aniversário. Mas dessa vez é diferente. Dessa vez é pior. Por que ele sempre prometeu que, quando eu fizesse 5 anos, ele e o tio Chewbacca me levariam no meu primeiro voo numa nave estelar, a Millenium Falcon (seu tão amado cargueiro classe 6, que ele as vezes parecia prezar mais do que a mim, seu próprio filho). Eu esperei literalmente a vida toda por aquele dia. E então ele não apareceu. Eu meio que já esperava isso, mas estava em negação. Antes de ele ir embora ele e mamãe tiveram um briga das feias. Eles discutem muito, mas dessa vez eles ultrapassaram os próprios padrões. Eu ouvi. Eles falavam de mim. Papai dizia que eu tenho "muito do Vader" em mim. Mamãe rebateu que ela também tinha, e isso não era nenhuma sentença e morte. "O garoto é mau. Você já viu o jeito como ele trata as outras crianças da idade dele? Não, ele é diferente de você Leia. Você é boa." Eu comecei a chorar e corri para o meu quarto, me tranquei lá pelo resto da noite. Mamãe gritou ainda mais com ele, e eu vi pela janela do meu quarto quando ele bateu a porta e foi embora, praguejando. Mamãe chorava lá em baixo. Eu lembro de desejar que ele não voltasse mais.
Saí de meus devaneios quando senti o cheiro do jantar entrando pela janela aberta. Mamãe quase nunca cozinha, e duvido que seja o caso hoje. Não que ela não consiga, mas minha mãe é uma pessoa ocupada, sempre tentando resolver algum problema do trabalho, então é mais fácil deixar os droides fazerem a comida.

Viro de lado na cama, fitando o chão.

Os garotos da escola não gostam de mim. Eles me acham esquisito, em todos os sentidos. (Todos eles sonham em se tornarem Jedis ou grandes pilotos, enquanto eu só penso em me livrar dessa bobagem toda).
Ele me zoam por não ter amigos e principalmente por causa das minhas orelhas grandes (mamãe diz que eu vou crescer em volta delas quando for mais velho). Mas ninguém nunca ousou chegar muito longe nas brincadeiras de mal gosto. Eles temem as consequências, por causa da minha família. Todos por aqui tem muito respeito por meu tio e por minha mãe (meu pai não, meu pai é pra eles um herói, mas não a ponto de alguém ter respeito pelo "contrabandista que casou com a princesa")
Mas tem aquele menino ruivo, ele é "meio legal" comigo. Ele nunca chegou a me dizer seu nome, nem a ninguém da escola eu acho, mas as pessoas chamam ele de Hux (acho que é seu sobrenome). Ele não é exatamente o que se pode chamar de uma pessoa amigável, mas ele é o unico que anda comigo, então eu acho que somos amigos.

"ELE NÃO É SEU AMIGO! ELE VAI TE LUDIBRIAR, ENGANAR E TRAIR! COMO TODOS ELES! NÃO SEJA TOLO JOVEM, VOCÊ É MELHOR DO QUE ISSO"

- Ahhhh! - eu rolo da cama para o chão, me envolvendo de dor. Era como se uma lâmina fria como gelo atravessasse meu peito e ao mesmo tempo meu cérebro fervesse em chamas. Todo meu corpo tremendo em espasmos violentos e irregulares.

- Não não não NÃO!
Essa voz. Essa voz maldita.
Eu não sei quem Ele é. Ele fala comigo desde quando eu posso me lembrar. Uma voz cruel, grave, que ressoa em meus ossos e me faz pensar que a morte é preferível a essa dor implacável.

- O QUE VOCÊ QUER DE MIM AGORA? - eu grito para o vazio do meu quarto, esperando que Ele responda. Lágrimas escorrem pelo meu rosto, mas elas ardem como ácido.

There's Too Much Vader On HimOnde histórias criam vida. Descubra agora