O início de uma grande amizade, Rick o gigante de coração imenso

1.5K 212 69
                                    

Ainda estávamos no pátio da escola, eu estava em pé, porém o ar em meus pulmões ainda era pouco, o soco que Jeff me deu não foi apenas para fazer uma brincadeira, queria me machucar e isso me fez temer.
Não por mim, pela Ana, eu não sabia até que ponto pretendia levar essa brincadeira e isso me deixava um tanto preocupado.
Jeff caminhava em minha direção com passos lentos, enquanto em seu rosto o sorriso sarcástico permanecia, ele chegou perto de mim e já esperava o pior.
Como um psicopata que tenta intimidar sua vítima mostrando que ele é o predador e eu era apenas uma presa, sussurrou lentamente em meu ouvido como se estivesse recitando as seguintes palavras
"Você fez uma boa escolha Reik"
E em seguida se retirou, alegando que precisava resolver alguns problemas.
Quando ele finalmente saiu do alcance dos nossos olhos, Rick começou a rir compulsivamente e por alguns minutos toda aquela tensão é esquecida pelo som da sua gargalhada.
Eu não entendia muito bem o que ele estava fazendo, era como se estivesse disfarçando o seu medo, porém não era alguém que sentia medo, não pelo seu porte físico, não sentia medo de ninguém sempre foi dessa forma, desde a primeira vez que falei com ele.
Enquanto Rick ri compulsivamente eu quero contar um pouco de como nos tornamos amigos, ele é um tanto misterioso então não sei muito detalhes a respeito da sua vida.
Era uma manhã de novembro, acordei com o despertador tocando insistentemente, poderia dormir mais um pouco é claro, se não estivesse tão atrasado.
Meu ônibus passava todos os dias as 6:00 em um ponto bem próximo da minha casa e já era 6:10, acordei desesperado, fui até o guarda-roupa e coloquei a primeira roupa que encontrei, não há necessidade de dizer qual foi minha escolha, pois mal tive tempo de tentar escolher algo, peguei a primeira roupa que encontrei e suspirei baixinho: "Hoje vai ser um dia longo"
Ao terminar de colocar a roupa, corri entre os corredores da minha casa que me levou até a cozinha.
Enquanto revirava a geladeira procurando uma maçã, escuto uma voz calma dizer
"Reik, você está um pouco atrasado"
Ah, essa é minha mãe.
Branca, olhos verdes, rosto simétrico, boca pequena, lábios que parecia que foi desenhados a mão, alta e aquele vestido verde que estava usando naquela manhã combinava perfeitamente com a tonalidade dos seus olhos, ela era linda, no entanto aquela manhã estava incrível
- Mãe, tem maçã aqui? - Perguntei, colocando minha mão na minha cintura
- Têm Reik, ontem mesmo eu comprei algumas
Depois de procurar um pouco, finalmente encontrei, corri até minha mãe, dou um beijo rápido e me despeço.
Coloquei minha mochila nas costas e sai batendo a porta, corri até o ponto de ônibus e meu relógio já marcava 6:20.
- Parece que não fui tão rápido como queria ser, e essa hora provavelmente vou ter que ir a pé, não entendo o porquê corri tanto - Pensei comigo mesmo.
Eu poderia ligar para algum amigo e pedir que me levasse a escola, é claro se eu tivesse um amigo nessa merda cidade.
Sou novo na cidade, portanto ainda não fiz amizades, a escola é um verdadeiro tédio, não entendo como pode existir um lugar tão entediante.
Decido ir a pé e no caminho para escola fiquei observando as ruas da cidade, em cada esquina tinha grupos de garotos que parecia fazer nada além de vadiar.
Estava com fone de ouvidos e a música no último volume, deixei minha mente viajar pelo embalo das canções presentes em meu Smartphone.
Vou chegar muito atrasado na escola, pensei comigo mesmo.
Por um momento eu tenho a sensação de escutar alguém me chamar, não pelo nome, pois não tinha possibilidade de alguém saber meu nome, fiquei na dúvida se era algo da minha cabeça ou se realmente foi real.
Continuei caminhando, quando de repente uma mão segurou meu ombro direito, me assustei e virei bruscamente.
Era um homem branco, segurava um taco de Baseball em uma das mãos, sua calça era branca, caída mostrando parte da sua cueca, usava um coturno, seus olhos verdes me encaravam firmemente.
Não estava sozinho, tinha outros quatros com ele, parecia ser uma gangue ou algo semelhante.
Então ele me perguntou: - Você é novo na cidade né? O que carrega em sua bolsa? - Enquanto me olhava dos pés à cabeça, como se estivesse prestando atenção em todos os detalhes.
- É o seguinte, não quero confusão e você não vai querer pagar para ver né? - Falou ironicamente o desconhecido que de certa forma parecia querer algo.
- Olha, eu só quero chegar na escola, estou muito atrasado - Justifiquei com uma voz trêmula
Nesse momento comecei a caminhar novamente e imediatamente sou cercado pelo os outros quatros que estavam com ele.
Era de se esperar, não entendo porque tentei fugir, se era inútil – Penso, enquanto encarava o chão, sem saber o que fazer.
De longe escuto uma voz rouca gritar
- Ei, deixa o garoto em paz
Era um homem negro, lábios carnudos, olhos castanhos escuros que combinavam com seu tom de pele, estava de camisa regata preta, naquela manhã fazia um calor insuportável, entendi muito bem a sua escolha, estava de shorts na altura dos seu joelhos e calçados típico daqueles usado por esqueitistas, embora seu estilo fosse um tanto diferente, usava toca e tinha diversas tatuagens em seu braço direito.
Me perguntava quem era ele? E por que me ajudaria.

Estranho amorOnde histórias criam vida. Descubra agora