Capítulo 2

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 "O amor é a compensação da morte."
           Arthur Schopenhauer

   
  Março de 2006, Inglaterra     

 Cada parte do meu corpo tremia como se estivesse acontecendo 10 terremotos dentro de mim ao mesmo tempo. Já não sabia mais o que estava acontecendo. Entrei naquele estado de choque quando você entra em desespero por querer chorar e não cai mais uma lágrima do seu olho, talvez eu estivesse delirando, ou talvez eu apenas tivesse me contentado com aquilo tudo. Sentada na cadeira do hospital eu observava as pessoas passando, um casal confortando um ao outro e me perguntando se eles sabem que amanhã pode ser tudo diferente. Uma pessoa que está com você hoje, amanhã pode simplesmente não estar mais.

 Eu tinha acabado de receber a carta dizendo que fui aceita na faculdade depois de ter ficado dias esperando na lista de espera e eu estava uma mistura de euforia, felicidade, alegria e todos os adjetivos positivos existentes quando resolvi ir até a cafeteria que havia a uns quarteirões da minha casa, porque só cafeína para tirar esse nervosismo de mim. Ao abrir a porta do café notei uma voz familiar, uma voz que talvez eu nunca vá esquecer. Era ele, Chuck. Nunca mais o vi depois que ele me levou para casa naquele dia de chuva e no meu aniversário ele me mandou mensagens assim como Lydia mas não consegui responder, por falta de estômago. Para falar a verdade eu nunca mais vi ninguém, desde aquele dia só o que tenho feito é trabalhar e estudar. 

 Assim que olhei para ele, ele olhou para mim e levantou da cadeira. Continuava o mesmo, o sorriso que parece que nunca sai do canto da boca e um jeito aconchegante que me faz querer morar nos braços dele. Eu passei meses pensando no que falaria quando encontrasse com ele de novo, pediria desculpas, nem ele e nem Lydia tinham culpa de nada que aconteceu e eu estava agindo como uma criança de 10 anos que não quer emprestar o brinquedo. Mas antes de ele chegar até mim, meu celular tocou, era minha mãe.

  — Mãe, péssima hora.

  — Valentina... 

  — Mãe eu fui aceita na faculdade, ok?  Pode ficar relaxada que a sua filha não vai ficar mais um ano sem estudar

  — Filha, você precisa vir para o Hospital. Seu pai teve um infarto.

  — O que? Mãe, o que está acontecendo? Infarto?

  — Valentina, vem para o hospital que eu te explico. — disse com a voz embriagada de choro — apenas venha, o mais rápido que você puder.

  Eu comecei a suar frio quando deixei meu celular cair no chão e fiquei paralisada tentando entender o que estava acontecendo. Infarto ? meu pai é a pessoa mais saudável que eu conheço. Não, isso não está acontecendo.

  — V? ta tudo bem?

 Fiquei tão nervosa que esqueci que Charles estava vindo na minha direção

— Chuck, eu não posso falar agora.

— Valentina, eu sei que você ficou magoada com aquela história toda com a Lydia mas já fazem meses e você sumiu, não respondeu as minhas mensagens. Acho que já passou da hora de a gente superar isso.

— Não respondi suas mensagens? Uau. E você não sabe onde eu moro?! Charles, eu não tenho tempo para isso. Eu não to nem ai para quem você beija ou deixa de beijar. A vida é sua, e eu fui embora. Você tem o direito de fazer o que quiser, inclusive beijar a minha melhor amiga e você já deixou isso bem claro. Agora se a sessão de fazer as pazes acabou, eu tenho que ir. — disse, sem perceber as lágrimas caindo dos meus olhos enquanto caminhava até o carro.

— O que está havendo com você ? Quando você se tornou essa pessoa?

— Quando você beijou a única pessoa do mundo que você não poderia ter beijado — respondi, enquanto bati a porta do carro.

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⏰ Última atualização: Jun 04, 2016 ⏰

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