Janeiro de 2006, Inglaterra
O amor não existe, digo isso por experiência própria. Toda essa baboseira que assistimos nos filmes, nas séries ou nos comerciais de dia dos namorados é a mais pura mentira já contada. O que existe na verdade é sofrimento, decepção e choros, ah, muitos choros. O amor é como aquele chiclete que você mastiga e quando está no auge do gosto, o açúcar acaba. E não foi diferente comigo.
Depois de uns meses que voltei para a Inglaterra, a pessoa com a qual eu sonhava, tinha planos e amava incondicionalmente, desistiu do nosso relacionamento. O amor não era para ser aquele sentimento de que não importa o que aconteça você vai sempre ter aquela pessoa com você? Pois é, como eu disse, baboseira. Vim para Inglaterra achando que podia enfrentar tudo, inclusive a distância para ficar com Patrick. Mas acho que ele não pensou o mesmo, pelo menos é o que parece pelas fotos junto de sua nova namorada.
Sentia cada lágrima caindo do meu rosto enquanto lia para Lydia, minha melhor amiga, a mensagem que ele mandara para mim semana passada.
— Ele acabou de terminar com você e já está postando foto com outra garota? Val, acorda! Ele já devia estar com ela bem antes de terminar com você.
— Eu só não entendo porque ele fez isso, Lydia. Por que ele não terminou comigo quando fui embora então? — disse, enquanto tentava me recompor.
— Esse tipo de coisa acontece, ele pode não ter conseguido lidar com a distância. Ou ele é um idiota mesmo, o que é mais provável. Agora já chega de chorar, eu tive uma ideia. — disse abrindo um sorriso do tamanho do vazio o que estava sentindo — Hoje o pessoal da nossa antiga escola vai fazer uma festa, que tal? bebidas e caçoar da cara daquelas garotas soberbas, ia ser uma boa maneira de esquecer as coisas.
No colégio, Lydia e eu costumávamos passar as horas do intervalo reparando nas garotas e como elas se achavam melhores que todo mundo. Particularmente, minha família e a da Lydia sempre tiveram uma quantidade mais do que boa de dinheiro mas, diferente dessas garotas, nunca gostamos de nos gabar por isso. Afinal íamos nos gabar de quê? O dinheiro é dos nossos pais, não nosso. Lembrar delas me dá ânsia de vômito e não sei se é uma boa ideia dar de cara com elas num dia ruim como esse.
— Não sei, não. — disse, encolhendo os ombros.
— Valentina, chega! Você é uma garota linda e agora solteira, você vai sim e sem discussão. Agora, eu tava pensando... Que tal uma mudança de visual? — Lydia acreditava que em todas as fases novas de nossas vidas, devemos ter visuais novos e a quantidade de vezes que ela já pintou o cabelo não cabem em duas mãos — Vou te levar no meu cabeleireiro, vamos.
Por um segundo eu pensei em dizer não, mandar a Lydia ir embora e me trancar no meu quarto. Mas, foi ai, nesse exato momento em que eu não me reconheci mais. Eu não era mais a Valentina, eu era a garota abandonada pelo Patrick e eu não quero ser essa garota.
— Vamos, só preciso trocar de roupa. — disse, tentando abrir um sorriso.
Abri meu guarda roupa, peguei uma calça jeans preta e uma blusa cinza meio surrada. Terminando de me vestir me olhei no espelho para prender meu cabelo em uma tentativa fracassada de fazer um coque e, lá estavam elas quase se misturando com minhas sardas, ou melhor dizendo quase tomando conta do meus rosto: as olheiras. Olheiras estas de ficar até tarde com Patrick no Skype. Enquanto tentava prender o cabelo de novo, me lembrava o quanto Patrick gostava dele. Ele dizia que amava meus cabelos por serem longos e por nunca saber se são castanhos claros ou escuros.
— Quero cortar chanel — disse, enquanto saia do banheiro.
— Oi? — Lydia fez uma feição de espanto e animação ao mesmo tempo — Você se recusa a cortar esse cabelo desde a quarta série.
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Valentina
RomansaEstar com Chuck fazia eu me sentir em uma corda bamba. Era como se cada segundo com ele fosse uma passo mais próximo de um precipício e, indo contra todos os meus conceitos de sanidade, tudo que eu mais quero é pular com ele.