five

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acordei com barulho de algo derrubando algumas coisinhas na mesa da janela. dei um pulo da cama mas logo estranhei ter um urso jogado no chão junto com as coisas da mesa. me aproximei e peguei o urso, arqueei a sobrancelha estranhando mas logo me liguei que foi arremessado por cameron, a janela dele é a única que dá para a minha.

fui até a janela e o vi sorrindo, arqueei a sobrancelha. não é porque demos uma volta ontem que já somos amigos o suficiente para ele me acordar vinte minutos antes do meu despertador tocar. isso não foi rude.

"eu liguei pro shawn"ele começou.

droga.

"sabia que você ia fazer isso" bufei jogando pela janela seu urso de volta. "ah, e esse urso é bem feminino"

ele rolou os olhos.

"ele disse que vocês foram melhores amigos mas se afastaram por um problema" ele fez cara de desespero "e não quis falar o porque. sabe eu só quero ajudar"

"você parece uma velha fofoqueira, cameron" bufei me apoiando na janela. ele havia me acordado para isso? "cuida da sua vida, isso já vai me ajudar, mas que droga"

ele ficou em silêncio. eu fiquei em silêncio. ele estava se metendo demais onde não devia. se ele souber a verdade, também vai querer se afastar de mim mesmo não sendo próximos.

"me desculpa, eu sei que tenho que respeitar sua escolha." ele suspirou

exatamente e além do mais não somos nem amigos. shawn ter se afastado só me fez sentir-me mais culpada ainda. mas que droga.

"e-eu tenho que ir" eu disse fechando a janela e a cortina rapidamente sem esperar cameron falar algo.

eu tinha ficado com raiva. raiva de mim por ser assim. raiva por ser culpada. raiva por não ter feito nada. raiva por afastá-lo. raiva por tudo.

eu tentava afastar, tentava seguir a ideia do noah e abrir a minha cabeça para que eu entendesse que a culpa não fosse minha mas esse sentimento de culpa e angústia sempre voltava. cameron havia trazido de volta fazendo-me lembrar dos problemas. é um peso nas minhas costas que nunca sairá. urgh!

eu soltei um grito jogando um enfeite de vidro que eu tinha na prateleira no chão. eu chorava. eu sou fraca e me odeio por isso. mamãe e papai entraram no quarto correndo e assustados. papai veio correndo até mim e me abraçou. eu tremia. vi mamãe parada atrás dele boquiaberta, assustada, com pena e chorando por ter uma filha problemática. eu me odeio por fazê-la sentir-se assim. eu chorava.

"desculpa pai" murmurei entre o choro

"você não tem culpa" ele sussurrou fazendo carinho no meu cabelo.

"OLIVIA" do lado de fora, melhor, da janela à frente a minha cameron me gritava. ele tinha ouvido, é claro que tinha.

meus pais me olharam como se tivesse perguntando se podia abrir. neguei. eu me odiava por ser fraca.

+++

idiota, idiota, idiota, idiota mil vezes idiota. eu sou uma idiota. por que tinha que ser assim? eu queria voltar no tempo e tentar impedir tudo aquilo ou então eu queria ter amnésia para esquecer tudo.

papai e mamãe foram trabalhar depois de eu ter insistido para eles irem e jurado que não faria algo louco. e eu estava aqui, no jardim dos fundos dando as últimas tragadas no meu resto de cigarro.

noah havia me ligado várias vezes mas eu até só uma e pedi para que me deixasse sozinha só naquele dia e ele entendeu.

joguei o resto de cigarro no lixo e subi para meu quarto. eu não abrir a janela desde mais cedo mas ouvi cameron me chamar algumas vezes e o ignorei todas as vezes.

eu estava pior que nos outros dias. parecia uma mendiga. tomei banho e vesti algo confortável como uma calça moletom e uma camiseta. tomei dois comprimidos em seguida, um para dor de cabeça e outro acalmante e não, não estava tentando uma overdose ou algo do tipo era só necessário mesmo, até porque eu não teria uma overdose com dois comprimidos.

penteei meu cabelo e o deixei solto para secar. a campainha tocou, estranhei já que não estava esperando ninguém e meus pais têm a chave. desci e abrir a porta receosa.

ah não.

"não não não" balancei a cabeça fechando a porta mas fui impedida quando ele pôs o pé.

"olivia me desculpa"

"cameron, por favor me deixa em paz" encostei a cabeça na porta.

"eu eu não queria te causar tudo isso, por favor me desculpa olivia" ele parecia está nervoso.

mordi o lábio inferior sem saber o que fazer. suspirei.

"por favor, me desculpa" insistiu "eu quero ser seu amigo"

"eu tenho problemas, cameron"

"e eu também, olivia" ele se aproximou de mim, apoiou-se na porta e com a outra mão livre segurou meu queixo fazendo-me encara-lo. a proximidade em que estávamos fez os pelinhos do meu corpo ficarem em pé. "me desculpa"

suspirei.

"tudo bem, hã, eu te desculpo"

ele sorriu

"isso quer dizer que agora somos amigos?"

"cameron, amizade também se cativa" soltei um riso abafado "isso quer dizer que eu vou parar de te ignorar algumas vezes."

"algumas vezes?" arregalou os olhos

"sim, porque da próxima vez que você me acordar cedo igual à hoje eu vou te ignorar"

ele riu.

"tudo bem então" ele suspirou "eu até me oferecia para entrar mas combinei de sair com os meninos hoje"

gargalhei. era estranho, afinal, eu chorei há algumas horas atrás e agora estou rindo. que tipo de macumba ele faz? me senti uma completa idiota novamente.

"oferecido"

"tchau olivia rae" ele se aproximou e deu um beijo na minha bochecha

posso jurar que o lugar que ele beijou começou a queimar. juro.

"tchau cameron dallas"

the cure  ❁ cameron dallasOnde histórias criam vida. Descubra agora