Chapter 14B L U E
Aqui é tudo lindo, não sei onde estou, mas aqui é lindo! Não sei o que aconteceu, ou o que está a acontecer, somente estou impressionada com o lugar que estou.
Oiço ao longe uma buzina forte e do nada uma dor aguda entre as minhas pernas, sinto algo quente a escorrer entre elas, decido olhar e vejo sangue, muito sangue, mas não me importo porque rapidamente ele para.
Consigo ouvir um som que já conheço, mas ele está tão distante... Parece um choro, mas não posso fazer nada para o parar, está cada vez mais longe, e eu não sei o porque já não consigo mover-me mais...
Do nada sinto um forte choque a percorrer o meu pequeno e frágil corpo, penso que talvez seja mais um carro, mas é somente uma abelha que picou-me no braço e foi-se. Logo em seguida mais um choque percorre o meu corpo e eu caio num vazio, negro é silencioso, já não oiço o choro, os pássaros que antes ouvia, já não ouço nada, somente a batida do meu coração cada vez mais calma e branda.
H A R R Y
15 cafés, 4 horas, nenhuma notícia!
4 horas sem nenhuma notícia, não sei nada da minha mulher e nem do meu filho, não sei o que está a acontecer neste momento. Rose está abraçada a James inconsolada. Alex, está sentado no chão com a cabeça entre as pernas, e eu, eu estou aqui, a olhar para uma parede branca, sem expressão, à espera que surja alguma médico que venha dar alguma notícia sobre os meus amores.
Sentado num banco nem um pouco confortável, avisto um doutor a vir em nossa direção, não gosto da cara que faz, não gosto do seu semblante, aparenta estar cansado, Alex levanta-se do chão e senta-se ao meu lado, Rose recompõe a postura e junta-se a nós.
_Harry -diz o doutor, prefiro não responder. Não sei se conseguirei manter a calma se abri a boca.
_Theodore está ótimo, apesar de ter nascido prematuro -disse e conseguiu acalmar uma parte do meu coração. O meu menino está bem, com saúde, agora quero saber como está a mulher da minha vida, a dona do meu coração. - quem me dera poder dizer o mesmo de Blue - disse e o meu coração começou a bater freneticamente
_Blue perdeu muito sangue Harry -começou- e para ela se recuperar tivemos que induzir o coma -disse e todo o meu sangue parece que fugiu do meu corpo, oxigênio já não entrava e nem saia de mim.
(. . .)
Abro os olhos e vejo um teto branco. Onde estou? Rapidamente levanto a cabeça e tudo roda.
_vai devagar campeão -diz com a voz baixa
Ignoro e saio de dentro do quarto e vou atrás do médico eu quero ver a minha mulher! Mal saio ao corredor o vejo.
_creio que queres ver a tua mulher -disse
_sim, mas antes quero ver Theodore -falo
_então vamos -disse e revolta a andar, faço calmamente o mesmo caminho que ele, até entramos na área dos berçários. Vários berços, vários bebes.
Através de um vidro vejo o meu lindo filho, cabelos loiros como os da mãe, uma cara parecida com a minha, e tem covinhas.
Fiquei mais um pouco a admirar o meu pequeno ser, queria estar a fazer isto com Blue, tal como fizemos com Rose.
Voltamos a fazer o nosso caminho para a área de cuidados intensivos. Andamos mais um pouco e paramos em frente a um quarto. O mesmo deu-me sinal para poder entrar, e deixou-me sozinho naquele momento.
Abri a porta e a vi deitada com uma cara calma e pacífica, coisa que não era dela, parada e quieta, a respirar com ajuda dos aparelhos. Não consegui conter-me e deixei as lágrimas descerem pelo meu rosto, andei até ela e agarrei-lhe a mão.
_meu amor -falei, mas a resposta não veio.- sei que podes ouvir-me, eu amo-te -falei e chorei mais um pouco -nosso filho é lindo, loiro como tu, porém com a minha cara, e ele tem covinhas o que o faz mais fofo ainda, ele neste momento está num berço especial para continuar o seu desenvolvimento, dói não o poder apanhar ao colo, te-lo em meus braços, mas dói mais ainda não poder ouvir a tua voz, sentir a tua presença.
Fiquei ao lado dela sozinho durante um pouco, até rose bater à porta e entrar. Rose simplesmente falou pouco, chorou mais, deitou-se ao lado de Blue e ficou a fazer carinho na barriga dela, tal como faziam quando estavam em casa. Aquilo tocou-me e decidi sair do quarto e deixar elas a sós.
Quando sai do quarto vi todos ali, desde dos amigos a familiares. Ninguém estava para sorrisos, ninguém está com semblante alegre, como nas reuniões de família, todos estavam mal, todos estavam sentidos pela ausência da alegria da família. Andei até um banco, sentei-me e voltei para a mesma posição de antes, fixo e atento a uma parede branca.
(. . . )
Já são altas horas da noite, Rose só conseguiu adormecer a bocado, depois de muito chorar, eu já sei que não vou conseguir dormir. Comecei a vaguear pelos corredores do hospital e fui dar ao berçário, andei até o vidro que dava para ver o meu lindo filho.
_quer entrar? -perguntou uma enfermeira que não tinha reparado que estava ali
_posso? -perguntei
_sim, acompanhe-me -disse. Andei atrás dela, vesti uma roupa especial e entrei dentro da sala. Ela levou-me até ele para poder vê-lo.
O meu bebe, o meu filho!
_nao podemos tirá-lo, ainda está muito novinho -disse
_compreendo -falei e fiquei ali a olha-lo julgo que durante horas... Vi ele a mexer-se, a respirar, e voltei a ter uma esperança que Blue irá voltar para mim, eu sei que sim!