Cartas de Amor aos Mortos - Ava Dellaira

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— O universo é maior do que qualquer coisa que cabe na sua cabeça.E então fico dando voltas. E ainda não sei como dar sentido ao mundo. E tudo bem ele ser maior do que o que podemos abarcar. Porque, quando você fala em beleza, não está falando de algo bonito, está falando de algo que nos torna humanos. A urna, você diz, é “amiga”. Ela vai viver para além de sua geração e das seguintes. E seu poema também é assim. Você morreu quase duzentos anos atrás, quando tinha só vinte e cinco. Mas as palavras que deixou ainda estão vivas.

A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
No começo, fiquei nervosa. Mas, conforme eu ia lendo, fui prestando atenção e entendendo. Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero, a chave perdida, a hora gasta bestamente.

— Você ama Hannah, não é?
Natalie meio que assentiu e começou a chorar. Chorar de verdade. E eu a abracei.
Ela disse:
— Sabe quando você acha que conhece alguém? Mais do que qualquer um no mundo? Você sabe que entende a pessoa, porque a enxerga de verdade. E então você tenta se aproximar, e ela… desaparece. Você achava que pertenciam uma à outra. Achava que ela era sua, mas não é. Você quer protegê-la, mas não pode.

Tem sido difícil ser eu mesma, porque não sei exatamente quem sou. Mas, agora que
estou no ensino médio, preciso descobrir rápido. Ou então vou me dar muito mal.

Na vida, podemos ser mais que
passageiros. Pensei em você planando no céu.

Nós não nos beijamos nem nada. Só ficamos deitados juntos, respirando.
Senti que algo entre nós mudou de posição, como as placas tectônicas da Terra. Você acha que conhece alguém, mas essa pessoa sempre muda, e você também está em transformação. De repente entendi que estar vivo é isso. Nossas próprias placas invisíveis se movem em nosso corpo, e se
alinham à pessoa que vamos nos tornar.

Todos nós queremos ser alguém,
mas temos medo de descobrir que não somos tão bons quanto todo mundo
imagina que somos.

— Por que algumas coisas são mais difíceis de perder que outras?
Natalie respondeu com um tom de “não acredito que você perguntou isso”:
— Por causa do amor, claro. Quanto mais se ama alguma coisa, mais difícil é perder.

Queria fechar os olhos e fazer com que todas as vozes se dissipassem.

Notinha: Acho que é só isso. Esse livro, na minha opinião se parece muito com "As vantagens de ser invisível"  e os dois são maravilhosos. 😻💚

Próximo livro será Carina Rossi (uma das minhas autoras favoritas) 💕

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