"Con tal que las costumbres de un autor", diz Don Tomás De Las Torres, no prefácio de seu
livro, Poemas de um amador, "sean puras y castas, importo muy poco que no sean igualmente
severas sus obras." Isto significa, em português bem simples, que, desde que as atitudes morais
de um autor sejam puras em sua vida diária, a moral expressada por ele através de seus livros
não tem a menor importância. Presumimos que Don Tomás esteja agora pagando no Purgatório
por esta afirmação. Seria uma coisa muito interessante, também, para fazer justiça poética,
mantê-lo nesse lugar desagradável até que seus Poemas de um amador tenham sido
completamente esquecidos ou pelo menos deixados na prateleira em caráter definitivo por
absoluta falta de leitores. Toda obra de ficção deve ter uma moral; a propósito, a crítica literária
descobriu que toda obra de ficção de fato tem. Philip Melancthon, alguns anos atrás, escreveu um
comentário sobre a Batrachomyomachia[1] e provou que a intenção do poeta era fazer os leitores
detestarem revoluções. Pierre La Seine foi um pouco mais longe e mostrou que a intenção da
obra era a de recomendar aos jovens temperança na comida e na bebida. Estudando a mesma
obra, Jacobus Hugo[2] concluiu que Homero pretendia insinuar o nome de João Calvino através
de Euenis; que Antinous era Martinho Lutero; que os Lotófagos eram os protestantes em geral; e
que as Hárpias eram os holandeses. Nossos eruditos mais modernos são igualmente argutos. Estas
sumidades demonstraram a existência de um significado oculto em Os antediluvianos; uma
parábola em Powhatan; uma nova visão do mundo em Cock Robin e transcendentalismo em Hop
O' My Thumb.[3] Para resumir, já foi demonstrado que nenhum homem pode se assentar a
escrever sem que tenha um desígnio muito profundo. Muitos problemas são assim poupados para
os autores em geral. Um novelista, por exemplo, não precisa se preocupar nem um pouco com a
moral. Ela já se encontra em seus escritos – quer dizer, deve estar em alguma parte –, assim a
moral e os críticos podem tomar conta de si mesmos. Quando chegar a ocasião apropriada, tudo
o que o cavalheiro pretendia, e até mesmo o que ele não pretendia será trazido à luz no Dial ou no
Down-Easter,[4] juntamente com tudo o que ele deveria ter pretendido e mais o resto que ele
claramente tencionava pretender mais tarde – e assim tudo vai dar certo no fim.
Não há razão, portanto, para a acusação que me foi feita por alguns ignorantes, de que eu
nunca escrevi um conto com cunho moral, ou, para usar uma terminologia mais precisa, uma
história com uma moral. Não são estes críticos que vão me corrigir e desenvolver minha moral –
este é o segredo. Eventualmente algum exemplar do North American Quarterly Humdrum[5] fará
com que se envergonhem de sua estupidez. Enquanto isso, para adiar minha execução, para
mitigar as acusações levantadas contra mim, ofereço a triste história publicada abaixo, sobre
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Assassinatos Na Rua Morgue
Short StorySinopse: A clássica história de mistério escrita por Edgar Allan Poe no século XIX chega agora em uma adaptação para os quadrinhos. A busca de um homem para solucionar um misterioso assassinato é retratada em ilustrações de arrepiar. Dupin foi o pri...