O cárcere

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O Fábio estava realmente maluco, me sequestrar pra dizer que me ama. Será que ele não entende que a cada dia eu me apaixono mais e mais pelo Felipe? Será que ele não vê que o quanto mais ele me persegue menos eu gosto dele? E que a única coisa que eu vou sentir por ele agora é raiva e ódio mortal? O lugar à qual eu ficaria era no interior de SP como ele mesmo me disse, era uma casa de campo, bonita por fora, por que dentro, era como um cenário de terror, havia teias de aranha em todo o lugar a poeira era um morador marcante naquela casa, havia móveis cobertos com panos brancos dando um ar ainda pior. O Fábio estava me segurando pelo braço com muita força, estava doendo muito, ele não ia se importar mesmo. Me levou até o porão que era aterrorizante, havia caixas espalhadas era frio e o mofo tomava conta daquele espaço, eu estava com muito medo de ficar ali. E eu sentia dentro de mim que o pior estaria por vir.
-Docinho, espero que tenha uma boa estadia. E não se preocupe, alguém muito especial virá cuidar de você quando eu não estiver ok?
Ele sentia prazer. Podia sentir o ar de vencedor exalar de suas narinas.
-Fábio, por favor, eu te peço, me deixa sair. Você sabe o que vai te acontecer, se continuar me manter aqui não sab- ele me interrompeu pondo um dedo na minha boca.
-Shiuu, calada. Para uma sequestrada você anda falando de mais.
-Eu te odeio.
Aiii. Foi meu grito de dor, pois ele me bateu fortemente no rosto deixando-o avermelhado. Eu desejei a morte a ele naquele momento.
-Não diga isso novamente, meu amor, ou terei que machuca-la sim?
Lágrimas quentes molhavam meu rosto que ardia por conta da dor. Como eu me livraria dele, e quem seria essa pessoa especial? E como o Fábio um rapaz de vinte e um anos pôde se transformar nesse montro? Eram perguntas que ecoavam em minha mente o tempo todo. Eu me deitei numa "cama" e adormeci.

Dia seguinte...

Acordei, acho que bem tarde pois o sol brilhava intensamente, um cheiro bom de comida invadia aquele lugar asqueroso. Tinha o mesmo cheiro da comida preparada pela Maria, segui aquele cheiro, me deparei com uma bandeja com meu café da manhã. Tomei meu café intrigada pelo fato do sabor ser o mesmo preparado pela Maria. Isso devia ser meu psicológico e a saudade do meu aconchego. Fiquei lá naquele quarto escuro e sombrio o dia todo, eu só chorava, até que escutei passos era o Fábio.
-Docinho, quero que conheça a sua digamos "dama de companhia" ela vai ficar aqui com você cuidar de você e se você tentar fugir ela vai te machucar, entendeu?
-Fábio, pelo amor de Deus, você não está bem. Você só pode ser maluco- bradei com espanto presente na voz.
-Quieta. Pode entrar-ele autorizou, quando vi uma mulher de mais ou menos a idade de minha mãe corpo roliço e rosto encoberto pelo capuz que usava, adentrar com passos firmes dentro do "quarto" meu coração quase saiu pela boca ao ouvir aquela voz.
-Julieta!
Isso não pode ser verdade. Justo ela. Fazendo o quê? Eu devo ser muito inocente em perguntar isso, é claro que ela estava envolvida com isso tudo. Mas porque ela o ajudou com isso?
-Maria? É você? Como você pôde fazer isso comigo?
-Shiu não faça perguntas menina. Você não sabe o que eu passei pra fazer isso.
-Mas Maria você sempre foi tão boa comigo, meus pais sempre foram tão bons com você porque você está fazendo isso Maria, porque?
-Primeiro eu vou te contar uma história. Quando eu cheguei em São Paulo, eu era muito nova, tinha meus 17 anos. Comecei a trabalhar com seus avós maternos, quando conheci sua mãe a Júlia, mesmo eu sendo a empregada ficamos muito amigas, até que ela conheceu a Marta então formamos o nosso trio de amigas até que cada uma se casou. Menos eu, só que eu engravidei de um cara que conheci, logo após o casamento da Marta, eu não iria assumir essa criança sozinha, o pai não acreditou em mim e me abandonou, então eu resolvi abortar. Só que a sua mãe não me perdoaria se eu matasse aquela pequena vida dentro de mim e nem eu me perdoaria. A Marta disse que queria ter filhos e o marido dela não poderia dar a ela este bebê então fizemos um pacto eu a Júlia e a Marta claro que os homens sabiam disso. Então eu dei a criança para a Marta a criança era o Fábio, ele foi a alegria daquela casa e a preocupação de todos nós até que quatro anos mais tarde você nasceu.- Maria mãe do Fábio? Como assim? Que história mais maluca e complicada, mas a minha pergunta ainda não tinha sido respondida.
-Ok Brasil. Mas você não me respondeu o porque de ter ajudado esse monstro com o meu sequestro.
-Pois é menina. O que houve
pra tudo isso acontecer foi o ódio que cresceu quando vi seus pais tratarem o meu filho daquela forma como se ele fosse um bicho, meu filho te ama mais que aquele sujeitinho o tal do Felipe.
-Não fala do Felipe assim- gritei com a Maria, que me deu um tapa tão forte no rosto que me fez recuar a cabeça com tamanha força que bati a cabeça na quina da cama.
-Ai.- gemi- eu odeio vocês.
-Cala a boca Julieta.
Escuro. Eles haviam saído e me trancaram naquele quarto. Eu ainda processava a notícia da Maria ser mãe do Fábio, e o pior do tapa não foi a dor no rosto mas a dor no coração, a Maria não era quem eu havia pensado ser ela tinha me enganado e meus pais como eles puderam mentir para mim sobre algo tão importante como eles puderam me esconder algo assim? Como?

Maria narrando...

Sim, o Fábio é meu filho. E você deve está se perguntando o porquê desse sequestro, fácil, eu queria que a Ju ficasse com o Fábio nada contra o Felipe mas porque não o meu filho? A Ju sempre foi firme em suas desiçoes.

O Amor De JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora