Quando você não vai com a cara de alguém não tem quem te faça gostar daquela pessoa. Com a minha mãe foi assim, assim que ela botou os olhos na Renata, mãe do Leo, já soube que não iam se dar bem.
As duas se conheceram por causa de um evento da minha escola. Elas foram as mães escolhidas pra organizar o tal evento, uma vez que seriam escolhidas as mães das duas crianças que tivessem as melhores notas, é claro que eu fui uma dessas crianças, mas se você pensou que a outra foi o Leo, se enganou, até porque ele é 2 anos mais velho e não é lá muito inteligente. A outra criança foi a Gabriela, irmã do Leo, a garota mais chata e 'popularzinha' da quarta série.
Mesmo não gostando da Renata, dona Camila foi obrigada a vê-la todas as quartas e sextas durante 2 meses. Renata falava e fazia tudo para tirar minha mãe do sério, era impressionante. Ainda com toda a ira envolvida, o evento foi um sucesso, elas foram muito elogiadas por todos e foram obrigadas a posar juntas para as fotos do jornal da escola, mas depois disso minha mãe evitou ao máximo ir à escola pra não correr o risco de esbarrar com a mãe da mini megera que estudava comigo. Mamãe não queria nem que eu e meus irmãos chegássemos perto dos filhos dela.
Nunca fui amiga da Gabriela, mesmo tendo estudado com ela dos 2 aos 13 anos. Ela sempre teve algo meio Regina George desde pequena. No segundo ano, ela ia para a aula com uma mini coroa e tudo seu era rosa, era hilário. Porém, minha história com seu irmão já foi um tanto diferente, o Leo sempre teve um ar mais despreocupado, ele sempre foi aquele garoto que não se importa com as aparências, que faz amizade com todo mundo, ótimo atleta, o que o fez sempre ter corpo e rosto impecáveis, seu único problema era ir atrás do que queria, se bem que isso só foi um problema quando.. deixa, depois eu conto tudo pra vocês.
Eu sempre fui uma garota mais moleque, talvez por ter sido criada com quatro homens dentro de casa e uma mãe muito ocupada.
Ser um menina com três irmãos mais velhos me fez crescer com um olhar diferente para as coisas que estão à minha volta. Diferentemente das minhas amigas, eu sei jogar futebol, sei jogar cartas, não ligo muito para roupas ou maquiagem, amo ficção científica, não me importo com o que as pessoas vão pensar se eu sair de casa com o cabelo fora do lugar ou qualquer coisa do gênero e, por causa disso, até eu ter por volta de 14 anos, não tinha beijado ninguém. Tá, nos filmes a gente vê garotas de 30 anos que nunca beijaram, mas é tudo ficção. Eu era a única da sala que nunca tinha beijado e isso fazia com que algumas garotas tirassem onda comigo. Algumas delas nem eram mais virgens.
Eu nunca me importei com nada que falavam sobre mim, porque eu sempre tive pessoas muito importantes ao meu lado independente da situação ou fase pela qual eu estivesse passando, essas pessoas eram meus irmãos, Kauã, Pedro e Renan, e meus melhores amigos, Iago e Daniel. Eu sempre tive uma relação muito boa com meus irmãos, sempre fomos muito unidos e falávamos tudo uns para os outros, eles foram os primeiros a saber quando eu finalmente fiquei com um garoto.
Esse garoto foi meu melhor amigo, Iago. Nós também sempre fomos muito próximos. Nos conhecemos ainda bebês, porque nossas mães eram amigas desde a infância e nunca nos separamos. O tão esperado primeiro beijo aconteceu na casa dele, numa noite em que eu e Daniel fomos dormir lá nas férias do meio do ano do 8º ano. "Por que foi com ele, Lice, vocês não eram melhores amigos?" Ótima pergunta. Bem.. era a coisa mais sensata a se fazer, afinal, fora meus irmãos, ele era quem mais me conhecia na face da Terra. Ele estava ao meu lado quando meu primeiro dente foi arrancado, aliás, foi ele quem puxou-o; ele foi o primeiro a ler as histórias de super-heróis que eu escrevia; foi a pessoa que mais me apoiou quando minha cadelinha Lola morreu; foi ele quem me apresentou minha série preferida, Supernatural; ele quem me ajudou a esconder minha primeira nota baixa; ele quem disse que estava tudo bem se eu não quisesse aprender a andar de bicicleta, porque eu não precisava fazer algo só pra agradar minha família; ele quem foi comigo furar meu primeiro piercing; enfim, ele era quem estava lá em todos os momentos da minha vida, sem contar que ele era a pessoa que eu mais confiava em todo o mundo. O beijo em si foi bom, mas todo o resto foi estranho. Nós tínhamos combinado que ia ser só um beijo, nada de romance. Combinamos tudo. Planejamos uma festa do pijama na casa dele e esperamos o Dani dormir para ir ao banheiro e executar nosso plano. Na hora ele não soube onde colocar as mãos e eu menos ainda, então ficamos parados o tempo todo, nem a cabeça mexemos, foi bizarro, mas pelo menos, depois daquilo eu pude dizer que já tinha encostado meus lábios nos de outra pessoa. O mais estranho foi na hora de dormir. Sempre que fazíamos festas do pijama, dormíamos os três na sala da casa do anfitrião da noite, todos juntos, no mesmo colchão de ar. Sempre dormíamos na mesma disposição, Daniel numa extremidade, Iago no meio e eu na outra extremidade. E, por isso, foi estranho. Eu não achei confortável dormir ao lado dele logo após termos beijado, me sentia uma prostituta, coisa da minha cabeça, eu sei. Enfim, acabou que tive que acordar o Dani para pedir pra ele ficar entre nós dois com a desculpa de que Iago ia precisar ficar na ponta porque durante a madrugada ia ter que levantar para tomar um remédio, uma das piores desculpas que eu já inventei na minha vida, e olhe que não foram poucas.
Eu sempre gostei de me meter em confusões e, ficar com o Iago foi uma das grandes. Algum tempo depois sentimos a necessidade de repetir o beijo, com a desculpa de que podíamos fazer melhor, enganamos a nós mesmos. Começamos a repetir e repetir, quando demos conta já havia dois meses que nos beijávamos frequentemente, meus irmãos disseram que aquilo já estava virando namoro, mas eu sempre neguei. Nunca pensei no Iago como mais que amigo, ele era quase um irmão e achava que ele sentia o mesmo por mim, até que, certo dia, quando estávamos estudando para as provas trimestrais no meu quarto, ele segurou minha mão e veio com a seguinte pergunta:
"Ali, eu sei que sempre fomos melhores amigos, mas eu também sei que agora não somos mais só isso. Qual é, que tipo de amigos se beija todos os dias?! Enfim, eu queria saber...o que você acha de ser mais que minha amiga?"
"Você tá me pedindo em namoro?"
"Claro que sim. Olha, posso não ser o cara mais inteligente do mundo, ou o mais engraçado, mas eu sou o que mais te ama, você pode ter certeza disso. E aí? Você quer namorar comigo de verdade?"
Ele disse aquilo de uma forma muito carinhosa, tão carinhosa que eu fui contra todos os meus pensamentos e princípios e disse: "Sim, claro que eu quero namorar com você. De todas as pessoas do mundo, você é a única com quem eu namoraria".
Depois dessa minha fala de adolescente retardada, ele me deu um beijo e voltamos a estudar como se nada tivesse acontecido, como eu já disse antes.. foi tudo muito estranho..
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[O]POSIÇÃO
RomansaAlice é uma típica garota de 16 anos. Acostumada com sua vida no Rio de Janeiro, nunca imaginou que pudesse ser 'enviada' à Bélgica, mas essa foi a forma encontrada por seus pais para deixá-la longe de problemas. Alice sempre gostou de se meter em...