Medo Infantil

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Da cozinha ela escutou a voz do seu filho. "Mamãe!", gritava o pequeno lá de cima, em seu quarto. Já sabia do que se tratava, pois nas ultimas semanas ele tivera muitos pesadelos. Questionava-se quando essa fase iria passar, o medo do escuro, das sombras e monstros dentro dos armários e debaixo da cama. Ao subir as escadas lembrou-se de quando era pequena, e das tantas vezes que se viu sozinha no seu quarto à noite, com sede ou mesmo querendo ir ao banheiro, e os poucos tomando coragem e enfrentando seus medos. "Isso passa", penso consigo mesma. "Quando menos esperar esse medo bobo passa."No quarto seu pequeno estava debaixo do cobertor, ela então acendeu a luz. "Filho? Mamãe tá aqui.". Então aquela pequena carinha redonda e assutada surge, seus olhinhos arregalados, como se realmente tivesse visto algo.
"O que foi dessa vez, filho? Outro sonho ruim?", sentou-se na beira da cama.
"Sim.. ", respondeu o pequeno. Ela então pegou-o no colo e abraçou.
"Filho, são apenas sonhos ruins, isso não pode te afetar". Ele se acalmou um pouco sentido o calor dos braços protetores da mãe. Isso era o que ele precisava. Um pouco de atenção até cair no sono de novo.
"O que você sonhou dessa vez?", perguntou a mãe. O pequeno arrepiou-se.
"O bicho, mamãe", descreveu o menino. "O bicho está debaixo da cama."
Ela sorri levemente para ele, "Filho, essas coisas não existem. É apenas sua imaginação". O ainda parecia tenso, seus pequenos olhinhos varriam o quarto a procura de algo, mas não encontrava. Foi até o ouvido da mãe e sussurrou.
"Ele está aqui, mamãe."
"Ele quem querido?". Ela agora ficou um pouco incomodada. Achou que seria sua imaginação pregando uma peça novamente. Mas estava ali para ajudar. Pois nada havia ali.
"O que ele é?", perguntou a mãe curiosa.
"É o bicho mamãe... Ele me dá medo... Ele é mau..."
Ela sorri. Abraça-o mais forte.
"Não há nada aqui filho. Agora dorme, tá? Só a mamãe tá aqui."
Aos poucos o garoto foi se acalmando. E, logo em seguida dormiu. Agora, tudo estava em paz. Seu bebê dormia como um anjo, ajeitou-o na cama e beijou sua testa, como sempre fazia. Então por uma boba curiosidade, nada muito esclarecedor, talvez instintivo ou algo de força maior, abaixou-se e olhou embaixo da cama de seu pequeno. Logo em seguida, não houve mais tempo. Pegou seu filho no colo, e correu porta a fora sem olhar para trás.

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