cap 4. experiências.

194 21 7
                                    


Ariel.

Assim que eu o toco, tudo muda.

Era como se eu estivesse lendo um livro sobre sua vida, e tudo oque ele havia demonstrado fizesse sentido pra mim. A moça na foto não havia o deixado, ela havia morrido, e ele se sentia culpado por isso.
Eu podia ver todas as suas lembranças com ela, a maioria felizes e sempre sorrindo.
Mas ele não estava feliz. Seu coração era transparente para mim nessa hora, e eu via sua dor. Ele jamais amou alguém depois de perde-la. Daniel estava sofrendo por dentro, e eu não entendia essa dor.

Eu nunca tinha lido um coração antes, e nunca tinha visto um amor tão grande assim. Fiquei ali só por um instante, mas nesse instante eu pude ver quanta dor ele ja havia vivido na ausência dela. Seu nome era Grace, e estava gravado em seu peito como se fosse uma estaca, o fazendo sangrar toda vez que ele pensava nela.
Agora eu sabia sua cor favorita de verdade, era azul, a cor mais linda nela. Daniel disse que preferia se isolar, mas na verdade eu pude ver em seu coração, que a sua família o rejeitava. Eles não compreendiam sua dor, e se compreendiam, faziam pouco dele por o achar merecedor. Eu estava lendo tudo isso, quando Daniel me interrompeu e disse:

— oque você esta fazendo? -ele me olhava com uma sobrancelha erguida.

Observei seu rosto confuso e respondi:

— Grace.

E então seu rosto se contorceu com oque ouviu e ele retirou minha mão de sobre o peito dele, me dando um olhar gelado e dizendo:

— hora de ir pra cama, boa noite.

Depois de sair da cozinha ele se tranca no quarto, sem dizer mais nada sobre oque houve.

Fiquei pensando nos sentimentos dele sem entender oque ele sentia. Eu finalmente tive a oportunidade de descobrir oque tal sentimento significava apenas lendo seu coração, Mas mesmo após tantos anos de estudo, eu estava longe de descobrir do que se tratava.

.................................................


Daniel.


Não preguei os olhos a noite toda, fiquei pensando em Grace e no que houve.
Ariel tinha descoberto o nome dela, e me provocado lembranças que eu evitava a muito tempo.
Eu fui rude com ela, e me arrependi.
Ela não merecia esse tratamento, só estava querendo ser gentil, e mesmo assim eu agi feito um babaca como sempre.

Me levantei e fui ate a cozinha, achei ela tentando fazer o café da manhã de novo.
Ela me viu e sorriu animada.
Estava fazendo mais das suas panquecas carbonizadas.

— bom dia.- a cumprimentei.

— bom dia. - respondeu animada.

Legal, ela não esta chateada.

— dormiu bem?- a pergunta dela me leva novamente a noite passada, onde rolei de um lado para o outro na cama tentando evitar o fantasma da minha ex namorada.

— sim.- menti.- e você?

— bem.

Ela me empurrou um prato com uma pilha de suas panquecas pretas, e me fitou com um sorriso nos lábios.
Se apoiou no balcão da cozinha, e pôs os cotovelhos apoiados segurando o rosto.
Evitei olhar pra ela.
Olhar pra ela me deixava nervoso.
Só não entendia porque.

Preciso tirar ela daqui.
Isso não vai prestar.- pensei.

Um Anjo caiu do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora