Uma Palavra Depois Da Outra

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RECOLHO-ME NUM CANTO
do meu quarto, teclando letras
que acredito serem
as mais adequadas,
mas não sei exatamente
o que estou prestes
a escrever.
Sinto que me preparo
para isto há muito tempo,
mesmo antes de nascer.
Algo que me foi sendo
passado de geração
por geração, página por página.

Escrever é o meu intento secreto.

E por isso mesmo o meu maior pesadelo.

Diante de mim, o vazio...

Não: um vazio.

Sei que com o avanço
das horas fluirão palavras
dentro da minha mente
como as aguas barrentas
do mais caudaloso dos rios.
E nas entranhas, algo
a ser explorado, para ser
dividido, apreciado,
e certamente criticado,
aquilo que guardo
dentro da cabeça se tornará
uma bela pintura, moderna,
e todos apreciarão
minha mente sem mistérios...
principalmente
por que é o que desejam
os que me criticam
sem saberem a verdade.

— Será que serei compreendido?

Claro que ninguém compreende nada.

Mas, no caso, isso não faz diferença.

Algumas PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora