Capítulo 11 - "Doutor Gangster"

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ERA POR VOLTA DAS OITO horas da manhã quando cheguei ao hospital, nem mesmo tinha trocado de roupa quando ouvi um barulho vindo da recepção. Ao ouvir de longe, parecia ser choro de uma criança, mas só tive a certeza que era uma quando fui ver pessoalmente o que estava acontecendo. Havia um garotinho muito humilde — pela a aparência — sozinho e aos prantos na recepção clamando por ajuda, para o quê eu não pude ouvir direito. Quando me aproximei para perguntar o que estava acontecendo, Michael, o diretor, surgiu na recepção, passando em minha frente, também estranhando aquele barulho.

— O que está acontecendo? — Perguntou ele, dirigindo-se as enfermeiras. Naquele mesmo instante, o garotinho agarrou as penas de Michael e pediu ajuda. Olhando para a cara do diretor, ele parecia ter ficado surpreso e ao mesmo tempo confuso com o que o garotinho fez, pois se de longe eu fiquei, imaginem ele.

— Por favor, senhor, ajude a minha mãe! — Era o que o garotinho pedia repetidamente desesperado. — Por favor, senhor, ajude a minha mãe!

Michael o desgrudou das suas pernas e se abaixou para ficar da altura dele.

— Ei, o que aconteceu com a sua mãe? — Michael perguntou.

— Senhor, a minha mãe está grávida e muito doente. Ajude ela, por favor! — Respondeu o garotinho ainda chorando.

— E onde está a sua mãe?

— Está em casa. Ajude ela, por favor!

— Ok! Ok! Ok! Se acalme que já vamos ajudá-la. — Tentou acalmá-lo. — Vou mandar uma ambulância buscá-la, sim? Por favor, fique calmo e espere só um minuto. — Quando Michael se levantou para chamar a ambulância, o garotinho segurou a sua mão e começou a balançar a cabeça em negação, fazendo-o parar. Michael olhou para a mão do garoto na sua e franziu o cenho, sem entender nada, pelo o que pareceu.

— Não quer ajuda para a sua mãe? — Perguntou confuso ao garoto.

— Por favor, não mande a ambulância na minha casa. Você é um médico, não é? Por favor, venha na minha casa e salve ela...

O garotinho queria que Michael o ajudasse, mas não queria que ele mandasse uma ambulância. Foi isso mesmo? Franzi o cenho, estranhando. O que realmente estava acontecendo era o que eu me perguntava. Michael abaixou-se novamente e começou a conversar com o garotinho em voz baixa, e quando o garotinho disse-lhe algo, ele ficou pensativo. Havia um problema ali, constatei. Aquela criança continuava chorando que agora soluçava, e só parou um pouco quando Michael lhe disse algo que o fez ficar calmo.

Michael se pôs de pé e olhou para todos que estavam por perto, e quando seus olhos me encontraram, brilharam como se tivesse achado a solução de um problema.

— Espere aqui. — Disse para o garotinho. — Doutora Hale, você vem comigo. — Disse ele quando passou por mim, rumando em direção do corredor.

— O quê? Para onde, doutor? — Perguntei. Ele parou, me olhou, arregalou um pouco os olhos e comprimiu os lábios em um aviso interno. Não me atrevi a contestar mais, então decidi obedecer. — Sim, doutor Green. — E entrei no corredor com ele.

Ele estava andando tão rápido que foi quase impossível acompanhá-lo. Pelo visto, era algo muito sério, e eu estava louca para saber o que era. Pegamos o elevador e entramos no andar cirúrgico. Michael apressou-se e entrou na sala onde guardava os instrumentos cirúrgicos.

— Ok. Você já fez um parto antes, estou certo? — Ele perguntou a mim.

— Co-como? — Balbuciei por causa da pergunta repentina.

Resistindo às Tentações - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora